quinta-feira, 29 de março de 2012

Devil's Drink - 1# Shot

 A perseguição era implacável, eu não conseguia afastá-lo de mim. Corríamos feito loucos, ensandecidos... Confesso, estava me divertindo!
 O caçador era daqueles que nunca perdem uma única presa, deveria ser isso mesmo para trabalhar para a seita. Não tenho nada contra eles, mas eles só pegam no meu pé! Me deixem em paz!
 Enfim, depois de tanto correr, chegamos a uma clareira no meio da floresta da neblina, onde ele havia me preparado uma armadilha. Um pouco óbvia até, ele deve ter pensado que eu estaria cansado. Eu sorri, eu nunca me canso por correr, não mais.

 Agora sou En’hain, um draconiano que superou as expectativas da raça ao adquirir poderes superiores e desconhecidos quando recebeu o sangue místico dos dragões.
  A rede em que ele me prendera era de lasers, contanto que eu destruísse o projetor eu me livraria fácil. Joguei a minha faca, não estava difícil de acertar, não fosse a minha surpresa, o troço explodiu e me levou alto no céu, acima das grandes árvores. Caí pesado no chão e o caçador se aproximou:

-Heheh. Te peguei gracinha...
-Pegou o cacete! – O caçador olhou para trás.
-Mas, argh! Eu te pego desgraçado!!!
-Mas nem fudendo! Não sou urso pra você me fazer de carpete!

 O caçador tirou o charuto da boca e jogou a bituca no chão. Encheu bem os pulmões, inflando como um balão e deu uma grande baforada, empesteando a clareira com a fumaça:

-Nossa! Não sabia que você era uma chaminé! Aceita uma balinha de hortelã pro mau hálito? – Não dava pra ver mais nada.

 De repente, ele vem pra cima de mim transformado numa fera com músculos estourando de grandes e veias saltando. Fiquei sério. Ele era grande, mas era um só. Saltei e alcancei o topo de sua cabeça, conseguindo passar para o outro lado:

-Que foi? Bichinho tá com raiva é? – Falei com desdém. – Se é para se transformar, então vou deixar você ver minha verdadeira forma... Isto é, se você sobreviver!

 O monstro deu um urro medonho, e partiu pra cima de mim novamente, dessa vez mostrando as garras. Meus sentidos estavam ficando aguçados, sentia me tremer por dentro como se fúria e alegria se misturassem. Estava agitado. Da minha pele brotavam escamas prateadas que rasgavam minha carne e deixavam meu sangue pingar. Aquilo nunca deixou de doer. Aumentei meu punho e dei um soco no caçador, jogando ele de lado. Para minha surpresa, atrás dele vieram três granadas que explodiram em mim, depois que eu o tirei da frente. Minha roupa ficou em chamas:

-Droga, o safado é mais esperto do que aparenta. – Eu ficara meio zonzo com o zumbido.

 Em sequência, mais granadas vieram e por fim suas garras chegam ao meu pescoço:

-Te peguei sua peste miserável! Quais são suas últimas palavras?
-...
-Ah, é mesmo, não consegue falar. Se é assim... – Creck, ouve se o barulho dos ossos se que quebrando.
-Hihih...
-Ahn?
-I LIKED... – A pele do meu rosto começou a cair. Meu rosto queimava, não como fogo, mas como ferro derretido que brilhava. Meus olhos estavam fundos e vermelhos, não havia lábios para cobrir os dentes serrilhados e algo como vapor saía da minha boca enquanto eu falava. Meus braços se esticaram em torno do braço do caçador que me segurava; espinhos cresceram e perfuraram o caçador que me jogou longe por causa da dor.
-Seu miserável! – Para o caçador só restava uma última bomba, a mais forte que ele tinha. – Tome isso!

 Ele jogou a granada na direção em que tinha me jogado. A explosão foi tão grande que até o próprio caçador foi jogado pra trás.

-Isso deve ter dado um jeito nesse desgraçado!
-Eu estou bem aqui! – O caçador olha pra trás, o sangue lhe sobe a boca e ele cai.

...

 De repente, ele desperta num lugar desconhecido:

-Onde estou?! – Ele se assusta.
-Na minha casa. – Falei bocejando, enquanto acordava por ter esperado por tanto tempo ele acordar.
-... - Ele olha pra janela e tenta escapar.
-Onde você pensa que vai?! – Seguro ele pelo braço.

-Me larga!
-Você está mal! As suas feridas ainda não cicatrizaram!
-O que você quer de mim! Me largue!
-Que você melhore, oras!

 Ele para por um instante:

-Me faça um favor, fique e se recupere.
-Você é meu inimigo, eu te cacei... Como você quer que eu fique? Se eu tiver a chance EU VOU te matar.
-Não me interessa! – Eu gritei. – Não te considero uma ameaça, muito menos um inimigo. Só quero que fique bem.

 Ele voltou à cama, meio a contra gosto e se deitou.

-Vou trazer uma sopa, descanse.


Saí e fechei a porta.

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