sábado, 28 de abril de 2012

Realidade dos Nekos

Este texto é uma copilação do texto de um amigo - aquele que é homenageado em um dos Drink Shots, ele deu sinal de vida. Como é um texto de onde tirei inspiração para fazer as histórias dos meus queridos gatinhos, achei que seria interessante se você, caro leitor, também pudesse lê-lo. Divirta-se! ^^



Realidade dos Nekos
Por Walter S. Reis

Olá! Não devo falar, nem escrever, mas aqui, nesta carta, escreverei...

            Nós, os nekos ficamos presos dentro de uma caixinha escura e vazia, onde não conseguimos ver nada alem de nosso próprio corpo encolhido, esperando sermos comprados, enquanto todos os dias apertamos a cauda para saber se estamos vivos ou mortos...
            Até que num determinado momento a caixa se abre e um olhar estranho nos olha e nos causa medo de congelar a espinha e no momento que somos pegos no colo tentamos conter nossos olhos da luz, pois dentro da caixinha não há luz. Aquela sensação de ser pego por alguém é muito boa e nos faz sentir vivos, enquanto a nossa calda fica totalmente abanando, mas nosso futuro é incerto, pois muitos passam por maus e bons momentos.
            Somos como mascotes sendo usados em varias ocasiões e sempre temos que mostrar um sorriso no rosto ou uma lágrima de luxuria e excitação. Nunca podemos reclamar, nem dizer nossas vontades e desejos, nem falar se não mandarem. A única coisa que podemos fazer é nos tocar a nós mesmos. Com pensamentos obscenos do quê?
            A nossa ideologia esta marcada em nossos olhos e só um neko entende o outro. Mas é restritamente proibida a união de ambos. No entanto, não conheci mais nenhum da minha espécie depois que me tiraram de minha família de sete irmãs, um pai neko aku e uma mãe neko mibu, pois nossa família é de sangue puro. Porém aqui nós somos os seres mais desprezados pela humanidade, visto apenas por um rostinho ou corpinho bonito. No fim somos vendidos, às vezes maltratados, o que torna a eternidade desgastante... mas sempre que pensamos estar onde merecemos estar, algo cai e atrapalha ou então simplesmente somos esquecidos e não podemos demonstrar uma lágrima que não seja de desejo. Porque, por traz de um rostinho e de duas orelhinhas de gato, tem uma cabeça pensativa que só pensa no porque de tudo e no porque de ser usado, amarrado e sem saber o porquê de estar apanhando.
            Os anos se passam e pessoas entram e saem das nossas vidas como nuvens sem água, levadas pelo vento de uma parte a outra. Sem notar passei duzentos e vinte e dois anos pensando em alguma mudança. Mas acho que agora nada mais importa, porque serei vendido novamente e comprado novamente até que se complete meu ciclo de leito e que a mortalha vença. Pois tudo é incerto, sabemos que é inevitável... “Vida aos apreciadores da morte e morte aos tolos sonhadores”, o que mais eu poderia expressar se minha boca se abrisse para pelo menos gritar? Que assim seja! Se meu corpo junto ao meu coração serve para ser vendido, que minhas emoções sejam queimadas, que o sorriso meigo, as lágrimas de luxuria e o êxtase invadam meu corpo, inundando minha alma na lama de Vênus, que o uivo dos pecadores soe como melodia, que a dor se torne apenas mais um motivo para se sentir bem e que a mentira da ilusão seja posta como verdade, assim como meus olhos enganam a todos os seres vivos. Sem mais.
            Apenas viva como me disseram: “Quem tem sentimento de ódio ou simplesmente amor, continue fingindo que está tudo bem, porque tudo piora e tudo melhora; a morte não espera você pensar e repensar”.



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