Senhora de Castelo,
Laryssa de Agabier,
é atacada por Caçador!
Informe do Multiverso
Começando transmissão...
–Sim, foi
confirmado que a Senhora de Castelo Laryssa do reino de Agas’B e seu fiel amigo
e autômato Azio relatam terem sido abordados enquanto se encaminhavam para a
ilha de Ev’ve para dar suporte na caçada aos caçadores. Estamos aqui com ela, a
famosa mulher que foi admitida na Academia da Ordem dos Senhores de Castelo
especialmente para que ela mesma nos fale sobre o ocorrido. Conte-nos Laryssa,
como foi, o que realmente aconteceu? – Iniciou Fentáziz, o repórter.
–Eh, bem...
– Laryssa se sentiu um pouco constrangida em estar falando paras as câmeras,
coisa da vaidade, talvez. – Acho que não foi um ataque muito bem sucedido...
–Por favor,
não pare, todos querem saber o que aconteceu! – Disse Fentáziz empolgado.
–Aconteceu
um imprevisto e...
–E?
–Bem, foi
assim. Eu estava no reino de Agas’B, onde sou princesa, retornando de uma
missão que tive no deserto da Solidão, no meu planeta natal, quando recebi uma
carta mágica mandada pela Ordem. Na carta dizia: “Querida Laryssa, venho lhe pedir
que compareça com urgência ao Conselho de Nopporn, para se juntar ao grupo de
repressão aos Caçadores Sombrios. Thagir não está lidando muito bem com a
pressão de lidar com tamanha responsabilidade. A presença de uma amiga poderia
ajudar muito agora...”
–E quem
mandou a carta? – Disse Fentáziz tentando tirar mais informações da moça.
–...! –
Laryssa ficou vermelha. – Isso não vem ao caso...
–Por favor,
continue...
–Onde eu
estava? Ah! Sim... Prontamente me pus a caminho da ilha de Ev’ve no primeiro
navio boreal que partia para cá. Ele tinha uma parada antes de chegar, mas
fiquei muito feliz que aquilo tenha ocorrido...
–O que
aconteceu?
–Para minha
surpresa, meu querido amigo Azio embarcou no navio durante aquela parada.
–Algum
motivo em especial?
–Ele também
havia recebido a mesma mensagem. – Laryssa olhava para baixo tentando esconder
o olhar. – Depois de recepcioná-lo corretamente... – O autômato, que estava atrás
das câmeras, piscava os olhos vermelhos, pensando em algo diferente. – Nos
retiramos para nossos aposentos e passaríamos a noite assim, para chegarmos
aqui pelo amanhecer da ilha de Nopporn.
–Foi
durante a noite que ocorreu o ataque?
–Sim... Eu
estava sem sono, ansiosa para chegar e reencontrar este lugar tão maravilhoso.
Resolvi ir para o convés do navio e observar as estrelas para passar o tempo e
encontrei alguém muito estranho.
–Era um
Caçador?
–Não sei ao
certo. Ele era alto, bonito, jovem, vestia roupas de bardo, com um chapéu com pena
e tocando uma bela canção em sua lira. – Laryssa tinha ar de desprezo. – Eu não
iria falar com ele, mas ele insistiu em falar...
–O que ele
lhe disse?
–Ele disse
o seguinte: “Boa noite, bela donzela”, eu achei estranho, mas já que estava
escuro mesmo, não falei nada. E continuou: “Meu nome é Singo, o bardo do luar,
um encantador de feras. Gostaria de ouvir uma de minhas músicas? Acabei de
compor esta quando vi sua grande beleza atravessar aquela porta”. Eu pensei: “O
que esse homem quer comigo? Tentando uma cantada?”, não falei nada, não queria
ser indelicada. E ele começou a tocar. A melodia era linda, parecia me fazer
ver os melhores sonhos da minha vida, me fazendo suspirar...
–Era um
encantamento?
–Possivelmente.
Havia alguns animais logo abaixo de onde estávamos e eles, antes ouriçados com
o estresse da viagem, pararam do nada. Até o brilho das estrelas havia
diminuído com aquelas notas, como se adormecessem na mais bela das canções.
Aquilo era mágico...
–E como
saiu do transe hipnótico?
–Que
transe?
–A Senhora
de Castelo não caiu no transe do encantamento?
–Hun...
Não. – Laryssa estava pensativa. – A música era bonita e tal... No entanto,
creio que não caí no feitiço.
–Você sabe
como?
–Não sei ao
certo, acho que sou imune a ele. Minha aura natural que me possibilita falar
com os animais tem atrativos poderosos que herdei de minha mãe...
–... –
Fentáziz fez um momento de silêncio, pensando na próxima pergunta. – E o que
aconteceu com o bardo?
–Eu fiquei
parada, ouvindo. Do nada ele se virou para mim, segurou levemente o meu queixo
e tentou me beijar...
–Ele
conseguiu beijá-la?
–Ah! Nem me
fale nisso! Dei lhe um chute bem dado e voltei aos meus aposentos.
–E o que
aconteceu a ele?
–Lembro-me
de deixá-lo gemendo. Quando perguntei ao Capitão do navio se o bardo que estava
abordo estava bem, ele disse-me que não havia bardo algum como passageiro ou
tripulante.
–Foi daí
que lhe veio a suspeita?
–Não... Foi
quando fui ao encontro de Azio para lhe contar sobre o ocorrido. – Os olhos de
Azio piscaram. – Quando entrei no corredor, as máquinas que haviam no lugar
ficaram loucas. Procurei por Azio e o vi abraçado à...
–O quê? –
Fentáziz aproximou o corpo, demonstrando interesse.
–Outro
autômato!
–Sério?!
–Sério...
–Não
acredito! Ainda existem outros autômatos além de Azio?
–Eu não sei
dizer... O multiverso é grande, ainda temos muito que explorar.
–E como
saber se o autômato não era uma simples máquina? – Indagou o repórter.
–De acordo
com o Azio... – Ela acenou para ele, que correspondeu ao sinal levantando a
palma da mão, sem erguer o braço. – ...ela se apresentou formalmente a ele,
como faziam os binalianos.
–Ela?
Existe autômato fêmea? – Perguntou o repórter mais surpreso ainda.
–Como disse,
eu não sei ao certo, não entendo de robótica ou automação. Ele me disse que ela
o escaneou a laser transmitindo lhe todas as informações. Seu nome era Elatra.
– Azio piscou novamente os olhos, abaixando levemente a cabeça para frente, em
sinal de consentimento. – Suas formas eram delgadas como de uma mulher, o corpo
metálico era prateado, tinha uma faixa metálica na altura dos olhos e duas
antenas no lugar das orelhas. Acho que era isso...
–E o que os
dois estavam fazendo ali?
–Pelo que
percebi, ela estava emitindo um sinal supersônico que reagiu aos controles
internos de Azio que estava parado, completamente estático contra a parede e
seus olhos não paravam de piscar. Além disso, algumas faíscas estavam saltando
de suas ligações internas, sugerindo um curto-circuito.
–Aconteceu
tudo isso?!
–Foi o que
ele me disse depois que eu gritei o nome dele... Elatra se assustou comigo e
desapareceu, como um fantasma, o que sugeriu interação direta de poderes
espectrais. O resto é história...
–Muito
bem... Obrigado por essa participação extraordinária Senhora de Castelo
Laryssa, seus fãs do multiverso vão adorar revê-la!
–Que é
isso! – Laryssa sorriu com a lisonja. – Obrigado você por manter todas as sedes
da Ordem a par de todos os acontecimentos no multiverso!
–Estivemos
aqui com esta fantástica mulher, guerreira, Senhora de Castelo e acreditem ou
não, ela ainda é princesa! Esperamos que logo, logo possamos anunciar com
exclusividade o seu casamento! – Laryssa voltou a ficar vermelha. – Até o
próximo Informe do Multiverso!
...
Gravação continua...
...
–Gravou
tudo diretinho? – Perguntou Fentáziz ao cameraman.
–Sim,
senhor.
–A
entrevista ficou perfeita. – Voltou se para Laryssa. – Você deveria pensar em
apresentar um programa para o quarto quadrante, sua simpatia ilumina o lugar!
–Obrigada...
– Laryssa foi em direção de Azio, para segurar lhe a mão.
Nesse
momento, alguém de branco chama a atenção de Laryssa, que vai alegre ao seu
encontro. Aparentemente a moça foi surpreendida com uma bronca:
–O que você
está fazendo?! – Disse baixinho.
–Mas eu
só... – Tentou responder.
–Não fique
andando por aí falando com qualquer um... Temos suspeitas de que alguém pode
estar traindo a Ordem!
...
Transmissão encerrada...
Elatra: Até entendo porque o Azio caiu na armadilha...
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