Kullat contra Alvora,
a Musa da Guerra – 1ª parte
Informe do Multiverso
“Os
Caçadores Sombrios atacaram novamente. Os líderes do grupo de repressão Kullat
e Thagir partiram para seus planetas natais para averiguar os códices antigos
que podem conter mais informações sobre o que os Caçadores querem. O que eles
encontraram não os deixou nada felizes. Kullat e seu amigo Azio, o autômato,
partiram para Oririn e Thagir e Laryssa partiram para Curanaã, ambos seguidos
de três duplas de Senhores de Castelo experientes. Esta é a transmissão do
encontro de Kullat e Alvora, a terrível musa da guerra. Aqui foi Fentáziz, do Informe
do Multiverso.”
...
Começando transmissão...
Kullat
estava no deque do navio boreal, observando o passar do tempo, sentindo a brisa
leve provocada pela travessia. Azio vinha a seu encontro verificar o que se
passava, estava viajando por novos mundos quando recebeu a mensagem de convite para
a luta contra os Caçadores Sombrios. Ele ainda não havia entendido o que se
passava:
–Estamos
numa guerra, creio eu. – Disse Kullat, ainda indeciso sobre o que estava
acontecendo.
–Porque os
Caçadores têm como alvos os Senhores de Castelo? – Perguntou Azio com sua voz
robótica.
–Pelo que
Thagir e os anciões especulam, é pelo motivo óbvio... – Kullat se interrompeu.
–E qual
seria? – O autômato piscou os olhos tentando processar a questão, sem sucesso
aparente.
–Porque,
além da Ordem dos Senhores de Castelo ser uma grande potência no multiverso,
cada um que é admito na academia se torna o melhor daquele planeta, é uma
seleção natural dos melhores. Eles estão experimentando, tentando saber quais
são os mais fortes. O motivo real ainda é desconhecido, Thagir espera que
reunindo os códices místicos de Curanaã e Oririn, a questão se torne mais
lúcida.
–E o que
são esses códices?
–São
relíquias de culturas muito primitivas que absorveram o conhecimento
transmitido pelo poder de um artefato antigo que geraram os dois planetas... –
A informação deixava o processador de Azio um pouco lento para entender.
–Estamos
indo atrás dos códices para saber o que há neles?
–Sim,
latinha. Thagir espera ir além do jogo doentio dos Caçadores e virar ele
completamente.
Nesse
momento o capitão do navio avisou que Oririn já estava visível e que logo
chegariam à entrada dos mares naturais do planeta. Kullat estava um pouco
apreensivo, já fazia algum tempo que não voltava ao seu planeta de origem. Ele
e Azio ficaram observando a chegada impassíveis, esperando que aquela fosse
mais uma chegada qualquer. O que exatamente não ocorrera:
–Este é seu
planeta? – Azio fez uma observação.
–... –
Kullat estava abismado, a figura de seu planeta que lhe era mostrada estava
completamente diferente.
Ele foi falar com o capitão:
–Tem
certeza que este é o planeta Oririn? – Ele estava preocupado, mas seu tom era
sério e decido.
–Pelos
registros... Sim. – O capitão observava os computadores que estavam disponíveis
na cabine. – Esta são fotos dele há 24 horas e as horas seguintes...
Na tela, o
computador mostrava fotos conseguintes de um planeta normal se deformando. De
um lado do planeta as matas verdes e os mares vivos iam dando lugar a tórridos
desertos e a lugares poluídos e mortos. Do outro a situação era pior, era como
se alguém tivesse ascendido um lança-chamas e queimado metade do planeta, que
se mostrava incandescente ainda em algumas partes. Kullat apertava as mãos e
cerrava os dentes, tentava se concentrar e pensar normalmente. Em uma batalha,
o que o inimigo mais quer é que você se renda aos seus esforços para te abalar,
conseguindo assim uma vitória fácil. Ele tomou uma decisão e foi em frente:
–Vamos
direto para o castelo sede da Ordem... – Isso significava que usariam naves voadoras
para chegar mais rápido e não perderiam tempo aportando em algum porto.
Kullat e
Azio partiram numa nave onde só cabiam os dois, como também as outras duplas de
Senhores de Castelo que os acompanhavam. As naves eram leves e extremamente
rápidas, se tivessem rodas poderiam ser consideradas como motos. Aquele era um
método incomum para Kullat viajar, mas o tempo urgia, não havia tempo para vôos
livres. Eles se dirigiram diretamente para a sede no centro da maior da capital
de Oririn, do lado do planeta que parecia morto. A capital antes viva tinha
ares de desgraça, a paz que os Senhores de Castelo haviam trazido àquele simples
planeta havia dado lugar a um cenário por onde a guerra com certeza teria
passado. Nos belos rios de água límpida e potável, havia um tom muito peculiar,
o de que havia sido derramado sangue inocente naquelas águas. Porém foi quando
eles chegaram à sede da Ordem que souberam que quem fizera aquilo havia passado
dos limites. O lugar estava repleto de empalações, os cadáveres do povo de
Oririn jaziam ao redor do castelo atravessados por agudas estacas que os
erguiam em pleno ar. O mais inexplicável daquela cena horrorosa era o fato dos
mortos já estarem putrefatos, quando os registros afirmam que há um dia tudo
estava completamente normal. Com a permissão de N’quamor, eles já sabiam onde
os códices estavam e seguiriam direto para lá.
Já dentro
do castelo, no torreão principal, os Senhores de Castelo e o autômato se viram
de frente com o inimigo. Naquele lugar aberto, havia uma mulher pairando no ar.
Ela tinha a aparência de uma moça delicada, cabelos fartos, pele sedosa e
roupas esvoaçantes em tons de vermelho. Suas mãos estavam vermelhas, sujas de
sangue, levando-as frequentemente a boca. Tinha emanações de maru carregada,
detectada com tons rubros, uma rara maru sombria notada apenas nos deuses da
chacina. Pela experiência do multibiólogo do grupo, aquela deveria ser a mais
bela deusa do panteão da chacina: Alvora, a musa da guerra. Seus poderes são
catastróficos, não obstante, fora ela que causara a degradação do planeta em
tão pouco tempo. No momento não havia perigo, comentou o especialista, poderiam
perguntar qualquer coisa que ela responderia, pois ela estava em estado de êxtase,
devorando as energias de desespero que ela mesma criara. Por isso os constantes
gemidos:
–Quatro de
vocês procurem pelo códice e saiam por onde der, não tentem voltar por aqui. –
Ordenou Kullat. – O multibiólogo e seu parceiro fiquem comigo. Vamos tentar
obter informações. Todos os comunicadores funcionando?
–Sim. –
Disseram os outros que imediatamente partiram para os andares superiores.
–Azio,
desculpe ter que envolver você nisso... – Kullat estava preocupado com o
autômato.
–Compartilho
de sua dor, amigo. Eu também vi meu planeta morrer em pouco tempo. Vamos
conseguir reverter a situação. – Azio pensava mecanicamente e entrou em modo de
batalha.
Todos
estavam prontos para o quer der e vier...
Continua...
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