quinta-feira, 3 de maio de 2012

Devil's Drink - 9# Shot

            O coração batia forte, a adrenalina corria pelas veias. As espadas de En’hain e de Gunshin faiscavam no ar. O treinamento era árduo e cansativo, mas era preciso. O domínio dos poderes de En’hain estava longe de ser perfeito. Se ele quisesse enfrentar os reis do mundo subterrâneo e conquistar as jóias elementais para se tornar o novo guardião do plano transversal, ele teria que treinar muito. Gurei veio interromper os dois:
            –Ei, vocês dois! Já esta na hora do almoço! Lady Neko mandou chamar vocês... – Gurei sentiu um vento forte. – ...para irem tomar banho! Sério, esses dois deveriam ter menos medo dessa mulher peituda!
            Não era por menos, Lady Neko, a gata do grupo, tinha temperamento forte, além de ser folgado com todos os homens – exceto Gurei, que acha ela ridícula e peituda demais:
            –Tenho certeza, aquilo é silicone! – Disse para si enquanto voltava para o bar.
            Lady Neko é muito pretensiosa, chegou ao bar querendo por querer ser a cantora estrela do Bar Toca dos Gatos...
...

            –Mas, é o maior sonho da minha vida. – Dizia Lady Neko apertando En’hain num forte abraço.
            –(En’hain não conseguia falar direito por causa do abraço).
            –O que disse amore? Não entendi! – Ela o tirou do meio do abraço.
            –(En’hain tomava fôlego) Eu disse que isso não é comigo, é com o dono do bar...
            –Miau! E quando eu falo com ele? – Disse animada.
            –Não tenho a menor ideia... Ele sempre desaparece antes do bar abrir.
            –Nyaaa! – Lady Neko estava decepcionada. – Como eu faço então moço?
            En’hain não sabia o que fazer, seu bom coração dizia para ajudar a moça de grande... entusiasmo:
            –Você pode se apresentar hoje à noite, se quiser...
            –Ai, obrigada! OBRIGADA moço. – Novamente En’hain estava preso no abraço forte daquele mulherão.
            –Eu preciso de ajuda...
            –Como?
            –Você poderia me ajudar a arrumar o bar para hoje à noite?
            –Mas eu sou ‘A’ estrela, eu não posso ficar fazendo trabalhos pesados, moço.
            –Lady Neko... Meu nome é En’hain... O bar está sempre cheio a noite. Akai ainda é muito atrapalhado e Gurei parece que demora de propósito para entregar os pedidos dos clientes. Preciso de alguém que me ajude... Seria uma troca de favores, entende?
            –Esse é o único jeito, moço? – Disse se abraçando e mexendo de um lado pro outro.
            –Pelo menos por essa noite, eu acho...
            –Está bem... – Ela se levantou e começou a ir para a porta.
            –Aonde você pensa que vai?!
            –Miau?! – Lady Neko se fazia de desentendida.
            –Dai-me paciência... – En’hain bateu na testa. – O bar abre daqui a pouco!
            –Mas ainda nem me troquei... Não posso ser vista desse jeito e...
            –Chega... – En’hain fechou a cara. – Você quer a oportunidade ou não?
            –Está bem... Por onde eu começo? – Lady Neko abaixou as orelhas
            –Com o esfregão, por exemplo... Quando o bar abrir, vou precisar que você traga os petiscos que estiverem na cozinha e os traga para o balcão. Juro que não vai ser difícil.
            –Miau... – Lady Neko fazia beicinho e estava com os olhos brilhando, quase chorando.
            En’hain fechou a cara e fumaça estava saindo de sua cabeça. Saiu andando e entrou na cozinha.
            Quando o bar abriu, várias criaturas do mundo transversal estavam lá para curtir um pouco, longe do trabalho repetitivo que os Devas lhe mandam fazer durante o dia. O bar era animado e muita música divertida tocava nas caixas de som. En’hain, Akai e Gurei estavam vestidos a caráter, com seus uniformes, e Lady Neko vestia uma roupa de garçonete lolita, com muito babado:
            –Onde foi que você achou essa... gata! – Perguntavam os clientes. – É, nos apresente ela, cara. Faz esse favorzinho.
            “Onde foi que essa mulher encontrou esse vestido?”, se perguntava En’hain atrás do balcão, “Isso não está me cheirando bem”.
            –En’hain, que cheiro é esse? – Perguntou Gurei.
            –Ahn?
            –Que cheiro é esse?! Parece estar vindo da cozinha!
            –FUDEU...
            En’hain correu para a cozinha e encontrou Lady Neko desesperada tentando apagar o fogo da comida que estava tentando esquentar:
            –Mas será o Benedito?! – En’hain tentou ajudar a moça.
            –Era encrenca, desde o começo era encrenca. Eu disse pra você nem deixar essa peituda entrar, mas não! Você tinha que conversar com ela, não é?
            –Cala a boca Gurei!
            –...!
            –Me desculpem, é que um cliente pediu pra dar uma esquentadinha na comida e não sei bem o que aconteceu, tentei ligar no fogo baixo...
            –Ufa! Apagou... Da próxima vez, tente usar o microondas!
            –Miau! – Lady Neko fazia beicinho e choramingava.
            –...! – Fizeram os dois fechando a cara.
            –Sua apresentação é daqui a pouco. – Disse En’hain. – Vá se arrumar.
            –Miau! – Fez ela contente.
            Depois que tudo estava arrumado, os ânimos dos clientes estavam acalmados, En’hain subiu ao palco e anunciou Lady Neko, que descia as escadas num vestido vermelho com um decote que ressaltava ainda mais os seus... atributos. Gurei controlava a luz do palco e diminuiu a luz do bar, colocando um holofote sobre a descida de Lady Neko, fazendo seu vestido brilhar, assim como seu cabelo loiro. Isso a fez sorrir, estava sentindo seu sonho se realizar. Subiu ao palco como uma verdadeira corista e sua doce voz se fez, encantando os cliente do bar. Ela não cantava música alguma, apenas fazia sons agradáveis e melodiosos e de vez em quando soltava um miado musical:
            –Sabia que tinha me esquecido de alguma coisa! – Concluiu En’hain.
            –Você é um tapado, sabia? – Completou Gurei.
            –Nyaaa! – Fazia Akai curtindo a música.
            Quando o bar fechou na madrugada, faltava pouco tempo para o sol amanhecer. Toda sujeira já estava nos sacos de lixo e precisavam que alguém os levasse para fora:
            –Gurei, leve-os sacos lá fora. – Mandou En’hain.
            –Tudo bem... – Quando En’hain virou as costas e foi para a cozinha, Gurei olhou para a novata. – En’hain mandou você levar o lixo para fora.
            –Nossa! Ainda tem mais?!
            –Vá logo, é só colocar na lixeira que fica ao lado do bar.
            –Esta bem... miau. – Ela abaixou as orelhas. – Não importa o frio que está lá fora, nessa grande escuridão medonha...
            –Pare de fazer a dramática e vai logo, sim... – Gurei emburrava Lady Neko para ela sair de uma vez.
            Não deu muito tempo, ouviu se gritos e pancadaria do lado de fora. Até En’hain ouviu e saiu para ver o que estava acontecendo:
            –O que foi Lady Neko?! O que está acontecendo?! – Perguntou levando uma lanterna e iluminando a mulher gato no meio do escuro.
            –Este tarado tentou mexer comigo! – Todos se espantaram, Lady Neko estava em cima do meliante.
            –Já pode sair de cima dele... – Disse Gurei, enquanto En’hain a ajudava a se levantar.
            –Vamos ver quem é ele... FUDEU!!! – En’hain viu que o tal meliante era na verdade o senhor Gunshin. – Esse é o dono do bar!!!
            –Miau?! Será que eu matei ele?! – Disse a moça.
            –Corre cambada! – Gritou Gurei que saiu correndo. Os outros dois também foram para dentro do bar.
            O dono do bar se levantou, meio tonto com o que aconteceu:
            –Nossa, desde quando temos trem na vila dos gatos?! Aliás, o que aconteceu com a moça? Eu ia perguntar pra ela o que ela estava fazendo na rua uma hora dessas... É melhor eu entrar, ainda estou muito tonto...

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