Extra! Estrela Escura
Encontrada! – Parte 2
Informe do Multiverso
Começando transmissão...
A nave Linx, com seus poderosos
motores, aproximou-se da torre mais abaixo, abrindo-lhe um buraco para se
conectar. O Capitão ordenou a um grupo de tripulantes que saíssem, utilizando
suits de sobrevivência, e ativassem um aparato desenvolvido especialmente para
rastrear maru:
–Essa
engenhoca ainda é experimental, mas é o melhor a fazer no momento... – Disse
ele ao mapeador, ainda pensativo.
A máquina
de formato cúbico com algumas antenas, uma finas e outras parabólicas, foi
ligada a energia do atravessador liberando pulsos constantes de energia através
de uma jóia de maru branca. Segundo os computadores, a energia irradiada era
insuficiente. O Capitão, demonstrando impaciência com a máquina, estava com uma
veia saltada na testa, o Mapeador continuava despreocupado:
–Qual o
ajuste de intensidade? – Perguntou apertando o botão do rádio.
–Segundo os
dados, nem que tivéssemos a energia de uma estrela de nêutrons conseguiríamos
algum resultado... – O que o pesquisador dissera assustara aos Senhores de
Castelo.
–Por quê?
Esse rastreador de maru foi eficientemente testado na ilha de Ev’ve...
–Não é o
rastreador, é a Estrela. O material da qual ela é feita é supercondutor de maru.
Em outras palavras, qualquer radiação será absorvida por sua estrutura.
–Droga! –
Berrou o Capitão. – Vamos ter de entrar as cegas!
...
Toda a
estrutura da Estrela Escura era complicada, por dentro dos andares havia um
pouco de luz iluminando de maneira fraca e piscante, eles pareciam se conectar
somente por um elevador que poderia suportar uma grande carga. Não havia nada
dentro dos andares, apenas chão, paredes, tetos, janelas e o elevador, nada
mais. A cor do material de que fora feita era escuro, metálico e frio, rangendo
muito com o movimento orbital.
Conectando um cabo de força no
painel, o elevador foi chamado. Por sorte, funcionou e abriu a porta. Por azar,
só haviam cabos estourados pendendo pra lá e pra cá... de baixo pra cima! O
painel superaqueceu e estourou, travando qualquer possibilidade de acesso aos
arquivos do colosso. O que irritou deveras o Capitão:
–Essa
Estrela... Até parece que sabe que estamos tentando entrar! – O Capitão voltou
se para um armário ali mesmo na cabine de comando e apertou um botão para
abri-la, revelando uma supersuit e um capacete com visor transparente e filtros
de ar. – Terei de ir.
–Eu também
vou. – Disse o Mapeador, ativando uma jóia que carregava no pulso em um
bracelete, que magicamente o envolveu numa luz amarela, deixando o
completamente vestido de sua própria suit de sobrevivência.
O Capitão
olhou para o Mapeador, com um pouco de ciúmes daquela roupa mais bem cuidada, e
tocou uma jóia em sua supersuit, que também o envolveu. Ambos estavam vestidos
e prontos. Abrindo o capacete, o Capitão foi até o rádio:
–Centro de
Inteligência? Capitão, chamando...
–Na escuta
Capitão...
–Vamos
subir...
–Todos os
sensores prontos aqui, assim que chegarem liguem sua câmeras e comunicadores. Boa
sorte...
...
Algo comum
entre qualquer marujo é se sentir estranho em terra firme. Para um navegador
experiente nas turbulência boreais, a experiência de estar num lugar
completamente desconhecido não era confortável. O Capitão não queria demonstrar
que um de seus maiores medos era justamente estar ali, naquele ‘objeto’ que lhe
atormentava em terríveis pesadelos. Sentia que, a partir do momento em que
entrasse ali, não haveria mais volta. Encontraria seu pesadelo frente a frente.
A subida
estava sendo realmente difícil, apesar de usarem propulsão a gravidade
artificial realmente puxava para baixo, ou seria para cima? O grupo de resgate
estava confuso. Mas não importava, estavam finalmente na camada da esfera,
depois de abrir um rombo na porta. A gravidade artificial ali estava
relativamente melhor:
–2.1
segundo os registros, Capitão. – Como se não bastasse, a sensação de gravidade
era o dobro da natural; desperdício de energia poderia ser crucial na operação.
–Vamos
seguir com o plano, duas duplas para cada lado. Quem encontrar o Senhor de
Castelo perdido ou um mapa dessa... dessa coisa! Avise pelo comunicador.
–Certo
Capitão! – Disseram os seis que eram seus subordinados e que se separaram logo
em seguida, em ritmo igual.
–Bem,
sobraram somente nós dois, o que vamos fazer? Os corredores se estendem em três
vias e não há previsão do fim delas. – Perguntou o Mapeador.
–Vamos pra
cima... – O Capitão apontou para uma grade acima dele, talvez um duto de ar,
olhando para cima logo depois do Mapeador.
...
O labirinto
era estreito, confuso, sem nexo algum. Qualquer ser não acostumado com a
pressão da sobrevivência, já teria ficado claustrofóbico. Determinados a
encontrar o Senhor de Castelo perdido, as quatro duplas seguiam seus caminhos,
sem nem ao menos ter noção do que faziam. A bravura sempre foi o primeiro
requisito para se tornar um Castelar, não se pode ter medo, pois é preciso agir
quando ninguém mais age.
O Mapeador
começou a notar algo incomum:
–Será
possível? – Indagou para si mesmo, enquanto ainda espreitava pelo túnel
apertado.
–O que disse?
–Todas
estas curvas... Elas me lembram... Elas me lembram um fractal!
–O quê? –
Perguntou o Capitão que não entendia muito dessas coisas, de padrões
repetitivos.
–Espere...
– O Mapeador ligou o computador do braço da suit e começou a fazer cálculos
freneticamente.
–...?
–Eureca!
–Ora! Diga
logo! – Disse o Capitão acima dele, perdendo a paciência por não poder olhar
para trás com o capacete grande demais.
–De acordo
com meus cálculos... – O Mapeador pegou um cortador a laser e fez uma abertura
ali mesmo, saindo do duto. – Venha!
O Capitão
desceu e saiu pelo buraco:
–Pelos
deuses! – O Capitão estava boquiaberto.
–Incrível o
que a engenharia temporal pode fazer, não é?
Do lado de
fora, o Capitão e o Mapeador contemplavam a maquina de distorção funcionando –
os túneis, todos eles, estavam ligados ao infinito. O Capitão não entendeu como
isso era possível:
–É simples,
cada seção do túnel está interligado ao outra que pode estar ligada ao começo,
fazendo uma grande repetição. – Explicou o Mapeador.
–Como você
sabe disso? – O Capitão estranhou o conhecimento do companheiro.
–Sou perito
na Ciência Boreal, se você não imaginar o infinito e torná-lo algo possível,
você nunca fará um bom mapa do fluxo em toda sua capacidade. Veja, o buraco que
fiz já sumiu...
...
Apressando
a missão, todos foram avisados pelo rádio do ocorrido e prosseguiram fora do
campo de distorção. Finalmente dentro da verdadeira estrela, puderam observar o
gigantesco centro de energia, pulsando, como se estivesse vivo. Ligado a ele
haviam ligações que imitavam cabos, mas que na verdade eram uma espécie de
colônia tubular que se estendia das bases até próximo ao centro. Dentro haviam ecossistemas
naturais, com florestas, rochas, mares e vestígios de civilização de um lado e
um céu com sol e nuvens artificiais do outro, em perfeito equilíbrio. Nem em um
milhão de guerras espectrais se pensou na possibilidade de um sistema de
sobrevivência tão avançado:
–Tudo isto
é... – Ia dizer o Capitão.
–...uma
imensa arca! – Completou o Mapeador tão maravilhado quanto ele.
Porém,
ainda havia trabalho a fazer:
–Chega... – Interrompeu o Capitão.
– Temos de encontrar nosso companheiro castelar nesses... nesses...
–O termo continente tubular pode
ser apropriado... – Disse o Mapeador ainda apreciando o milagre de engenharia
colossal.
–Ou isso!
Repentinamente, ouviu se algum
tumulto muito abafado dentro de uma das colônias, onde rochas e árvores estavam
se deslocando de maneira estranha, sendo arrancadas de maneira tão violenta que
era visível do lugar em que o grupo de resgate estava:
–É pra lá que nós vamos! – Disse
o Capitão com determinação!
...
Transmissão interina encerrada...
–Aqui é Fentáziz, de volta a
transmissão do encontro com a Estrela Escura. Temos boas notícias, o Castelar
fora resgatado, um pouco debilitado, mas ainda com vida. Assim que haviam
conseguido entrar no continente tubular, a transmissão de imagens foi cortada,
sendo recuperadas apenas as que estavam sendo gravadas pelas suits. Assim que
elas estiverem prontas, serão transmitidas para todas as Ordens dos Senhores de
Castelo. Aqui foi o Informe do Multiverso, sentindo grande peso em nossos
corações...
UFA! Fiquei sem fôlego...
ResponderExcluirArca ??? OMG... agora quero saber o que esta Arca é!!!
Muito boa esta Fanzine!