quinta-feira, 17 de maio de 2012

Fanzine Crônicas dos Senhores de Castelo: Os Caçadores Sombrios


Extra! Estrela Escura Encontrada! – Parte 2
Informe do Multiverso



Começando transmissão...

A nave Linx, com seus poderosos motores, aproximou-se da torre mais abaixo, abrindo-lhe um buraco para se conectar. O Capitão ordenou a um grupo de tripulantes que saíssem, utilizando suits de sobrevivência, e ativassem um aparato desenvolvido especialmente para rastrear maru:
            –Essa engenhoca ainda é experimental, mas é o melhor a fazer no momento... – Disse ele ao mapeador, ainda pensativo.
            A máquina de formato cúbico com algumas antenas, uma finas e outras parabólicas, foi ligada a energia do atravessador liberando pulsos constantes de energia através de uma jóia de maru branca. Segundo os computadores, a energia irradiada era insuficiente. O Capitão, demonstrando impaciência com a máquina, estava com uma veia saltada na testa, o Mapeador continuava despreocupado:
            –Qual o ajuste de intensidade? – Perguntou apertando o botão do rádio.
            –Segundo os dados, nem que tivéssemos a energia de uma estrela de nêutrons conseguiríamos algum resultado... – O que o pesquisador dissera assustara aos Senhores de Castelo.
            –Por quê? Esse rastreador de maru foi eficientemente testado na ilha de Ev’ve...
            –Não é o rastreador, é a Estrela. O material da qual ela é feita é supercondutor de maru. Em outras palavras, qualquer radiação será absorvida por sua estrutura.
            –Droga! – Berrou o Capitão. – Vamos ter de entrar as cegas!
...

            Toda a estrutura da Estrela Escura era complicada, por dentro dos andares havia um pouco de luz iluminando de maneira fraca e piscante, eles pareciam se conectar somente por um elevador que poderia suportar uma grande carga. Não havia nada dentro dos andares, apenas chão, paredes, tetos, janelas e o elevador, nada mais. A cor do material de que fora feita era escuro, metálico e frio, rangendo muito com o movimento orbital.
Conectando um cabo de força no painel, o elevador foi chamado. Por sorte, funcionou e abriu a porta. Por azar, só haviam cabos estourados pendendo pra lá e pra cá... de baixo pra cima! O painel superaqueceu e estourou, travando qualquer possibilidade de acesso aos arquivos do colosso. O que irritou deveras o Capitão:
            –Essa Estrela... Até parece que sabe que estamos tentando entrar! – O Capitão voltou se para um armário ali mesmo na cabine de comando e apertou um botão para abri-la, revelando uma supersuit e um capacete com visor transparente e filtros de ar. – Terei de ir.
            –Eu também vou. – Disse o Mapeador, ativando uma jóia que carregava no pulso em um bracelete, que magicamente o envolveu numa luz amarela, deixando o completamente vestido de sua própria suit de sobrevivência.
            O Capitão olhou para o Mapeador, com um pouco de ciúmes daquela roupa mais bem cuidada, e tocou uma jóia em sua supersuit, que também o envolveu. Ambos estavam vestidos e prontos. Abrindo o capacete, o Capitão foi até o rádio:
            –Centro de Inteligência? Capitão, chamando...
            –Na escuta Capitão...
            –Vamos subir...
            –Todos os sensores prontos aqui, assim que chegarem liguem sua câmeras e comunicadores. Boa sorte...
...

            Algo comum entre qualquer marujo é se sentir estranho em terra firme. Para um navegador experiente nas turbulência boreais, a experiência de estar num lugar completamente desconhecido não era confortável. O Capitão não queria demonstrar que um de seus maiores medos era justamente estar ali, naquele ‘objeto’ que lhe atormentava em terríveis pesadelos. Sentia que, a partir do momento em que entrasse ali, não haveria mais volta. Encontraria seu pesadelo frente a frente.
            A subida estava sendo realmente difícil, apesar de usarem propulsão a gravidade artificial realmente puxava para baixo, ou seria para cima? O grupo de resgate estava confuso. Mas não importava, estavam finalmente na camada da esfera, depois de abrir um rombo na porta. A gravidade artificial ali estava relativamente melhor:
            –2.1 segundo os registros, Capitão. – Como se não bastasse, a sensação de gravidade era o dobro da natural; desperdício de energia poderia ser crucial na operação.
            –Vamos seguir com o plano, duas duplas para cada lado. Quem encontrar o Senhor de Castelo perdido ou um mapa dessa... dessa coisa! Avise pelo comunicador.
            –Certo Capitão! – Disseram os seis que eram seus subordinados e que se separaram logo em seguida, em ritmo igual.
            –Bem, sobraram somente nós dois, o que vamos fazer? Os corredores se estendem em três vias e não há previsão do fim delas. – Perguntou o Mapeador.
            –Vamos pra cima... – O Capitão apontou para uma grade acima dele, talvez um duto de ar, olhando para cima logo depois do Mapeador.

...

            O labirinto era estreito, confuso, sem nexo algum. Qualquer ser não acostumado com a pressão da sobrevivência, já teria ficado claustrofóbico. Determinados a encontrar o Senhor de Castelo perdido, as quatro duplas seguiam seus caminhos, sem nem ao menos ter noção do que faziam. A bravura sempre foi o primeiro requisito para se tornar um Castelar, não se pode ter medo, pois é preciso agir quando ninguém mais age.
            O Mapeador começou a notar algo incomum:
            –Será possível? – Indagou para si mesmo, enquanto ainda espreitava pelo túnel apertado.
            –O que disse?
            –Todas estas curvas... Elas me lembram... Elas me lembram um fractal!
            –O quê? – Perguntou o Capitão que não entendia muito dessas coisas, de padrões repetitivos.
            –Espere... – O Mapeador ligou o computador do braço da suit e começou a fazer cálculos freneticamente.
            –...?
            –Eureca!
            –Ora! Diga logo! – Disse o Capitão acima dele, perdendo a paciência por não poder olhar para trás com o capacete grande demais.
            –De acordo com meus cálculos... – O Mapeador pegou um cortador a laser e fez uma abertura ali mesmo, saindo do duto. – Venha!
            O Capitão desceu e saiu pelo buraco:
            –Pelos deuses! – O Capitão estava boquiaberto.
            –Incrível o que a engenharia temporal pode fazer, não é?
            Do lado de fora, o Capitão e o Mapeador contemplavam a maquina de distorção funcionando – os túneis, todos eles, estavam ligados ao infinito. O Capitão não entendeu como isso era possível:
            –É simples, cada seção do túnel está interligado ao outra que pode estar ligada ao começo, fazendo uma grande repetição. – Explicou o Mapeador.
            –Como você sabe disso? – O Capitão estranhou o conhecimento do companheiro.
            –Sou perito na Ciência Boreal, se você não imaginar o infinito e torná-lo algo possível, você nunca fará um bom mapa do fluxo em toda sua capacidade. Veja, o buraco que fiz já sumiu...

...

            Apressando a missão, todos foram avisados pelo rádio do ocorrido e prosseguiram fora do campo de distorção. Finalmente dentro da verdadeira estrela, puderam observar o gigantesco centro de energia, pulsando, como se estivesse vivo. Ligado a ele haviam ligações que imitavam cabos, mas que na verdade eram uma espécie de colônia tubular que se estendia das bases até próximo ao centro. Dentro haviam ecossistemas naturais, com florestas, rochas, mares e vestígios de civilização de um lado e um céu com sol e nuvens artificiais do outro, em perfeito equilíbrio. Nem em um milhão de guerras espectrais se pensou na possibilidade de um sistema de sobrevivência tão avançado:
            –Tudo isto é... – Ia dizer o Capitão.
            –...uma imensa arca! – Completou o Mapeador tão maravilhado quanto ele.
            Porém, ainda havia trabalho a fazer:
–Chega... – Interrompeu o Capitão. – Temos de encontrar nosso companheiro castelar nesses... nesses...
–O termo continente tubular pode ser apropriado... – Disse o Mapeador ainda apreciando o milagre de engenharia colossal.
–Ou isso!
Repentinamente, ouviu se algum tumulto muito abafado dentro de uma das colônias, onde rochas e árvores estavam se deslocando de maneira estranha, sendo arrancadas de maneira tão violenta que era visível do lugar em que o grupo de resgate estava:
–É pra lá que nós vamos! – Disse o Capitão com determinação!

...

Transmissão interina encerrada...

–Aqui é Fentáziz, de volta a transmissão do encontro com a Estrela Escura. Temos boas notícias, o Castelar fora resgatado, um pouco debilitado, mas ainda com vida. Assim que haviam conseguido entrar no continente tubular, a transmissão de imagens foi cortada, sendo recuperadas apenas as que estavam sendo gravadas pelas suits. Assim que elas estiverem prontas, serão transmitidas para todas as Ordens dos Senhores de Castelo. Aqui foi o Informe do Multiverso, sentindo grande peso em nossos corações...

Um comentário:

  1. UFA! Fiquei sem fôlego...
    Arca ??? OMG... agora quero saber o que esta Arca é!!!

    Muito boa esta Fanzine!

    ResponderExcluir