Luta e Sobrevivência
Rigaht
havia ficado louco, invocou um dos mais terríveis monstros já conhecidos: o
Gaiagon. Apesar de aquela ser uma forma infante e incompleta, seu tremendo
poder danificou seriamente as estruturas da árvore de aço, abrindo um rombo na
construção. Lutar contra aquele devorador estava fora de questão...
As duplas
se separaram durante a fuga, caminhando por caminhos diferentes rumo ao topo.
Thagir havia conseguido atirar no Nogaiag, o que surtiu grande efeito,
fazendo-o cair, deixando-a ferida e raivosa na base da árvore. Descer não era
mais opcional...
Kullat pode
proteger o amigo com seu poder de maru mágica que os envolveu, protegendo-os do
ataque iminente. Infelizmente, o castelar branco fora seriamente ferido,
perdendo muito sangue. O pistoleiro conseguiu estancar o sangramento com alguma
erva mágica que lhe restava e pôs se a levar o amigo nas costas, subindo pela
árvore, mesmo estando num estado tão pior quanto aquele – devia ter alguma
costela quebrada, várias escoriações, os ouvidos não ouviam bem. Era como se
ele fosse apenas uma máquina agora, agindo por impulso, andando apenas para
tentar garantir a sobrevivência daqueles que amava. Não havia como pensar no
futuro, no passado, ou no presente, sua única necessidade era para com a espada
do infinito.
A mais de três mil metros de
altura, a vibração da espada do infinito já podia ser sentida, um alento para
um guerreiro cansado. Subindo o próximo lance de escadas, Thagir viu uma porta,
disparou contra ela sua última munição e atravessou-a. Diante dele, o último
andar, o topo da árvore de aço, um imenso chão de mais de um milhão de metros
quadrados. Atrás dele um parapeito que dava para uma queda de morte certa,
diante dele, no alto, uma esfera de energia quente e suave que brilhava como
uma estrela e do lado oposto a porta por onde saíra havia outra porta. Não
tinha certeza se conseguia ver direito, mas era o que parecia, ela estava
aberta e, fraco como estava, poderia ser alvo fácil para os Caçadores. Thagir
sorriu um pouco, lembrou-se do que o inimigo havia dito: “Ordem dos Caçadores
Sombrios, imagine isso, uma ordem que não a dos Senhores de Castelo!”, pensava
ele consigo. Ele olhou para Kullat que continuava dormindo, inconsciente
daquela visão de um céu estrelado – ou que imitasse um – com uma estrela tão
perto deles. Thagir levantou outra vez o amigo nos ombros e continuou andando,
ainda havia um longo pedaço de chão para chegar ao centro do lugar.
Subitamente ele sentiu o chão
tremer, estava atento para qualquer coisa que acontecesse e sentiu se levemente
estranho quando o tremor parou. Olhou para cima e percebeu o que tinha
acontecido, mais um andar tinha sido integrado à árvore de aço, deixando a
espada do infinito mais próxima. Dando mais um passo, finalmente os adversários
apareceram:
–Hunhun...
– Fez Rigaht caminhando uns poucos passos na direção dos Senhores de Castelo. –
Vocês não têm uma proteção tão eficiente contra o Nogaiag... Provavelmente do
seu lado do multiverso, vocês nem sabem onde eles estão!
Os olhos do
caçador estavam diferentes, muito mais distorcidos e loucos que antes. Thagir
também havia notado outra coisa, que o caçador havia se apresentado sozinho e
indagou:
–Onde está
o seu companheiro? Porque ele não aparece? Estou desarmado... – E pôs Kullat no
chão para mostrar o consentimento.
–Você
realmente quer saber? – Seu sorriso malicioso se completava com o olhar
demente. – Ele está bem aqui!
O caçador
se virou e Thagir pode ver que aquilo estava passando dos limites:
–Isso é
impossível!!! Como?!
–Muito
simples... Este é o efeito daquela droga! Hahaha... – A sanidade o abandonara
completamente.
Aquela cena
era difícil de entender:
–Por que vocês fariam uma coisa
dessas, juntar os dois corpos num só? – Perguntou Thagir.
–Somos mais poderosos assim... Veja!
– O novo ser usava as manoplas de Droj, os braceletes das jóias de Rakardnal, o
olho de Rudaht e trouxe para si o centro gravitacional de Droj que o orbitava,
arremessando-o por cima dos outros prédios do labirinto.
A força era descomunal, nenhum
dos enormes prédios resistia a toda aquela força combinada. Thagir não sabia o
que fazer, deveria esperar pelo pior? Morrer com honra? Perder tudo contra uma
aberração daquelas? Ele ficou parado, sem fazer nada, buscando em si alguma
força que pudesse fazer sentido:
–Não está surpreso?! Espere para
ver o que vou fazer com vocês! – O monstro caçador começou a caminhar na
direção dos dois, rachando o chão ao seu redor, retorcendo os metais.
Naquele momento, Thagir só
conseguia se lembrar do pai, daquele momento em que fora salvo do monstro do
armário, vendo aquela imagem com perfeição. Sentia-se como se o rei Primir
estivesse lhe dando algo como presente. A jóia de Landrakar reagiu a esse
sentimento e liberou algo que estava travado nela há muito tempo:
–Este é... O canhão de potência!
– Thagir estava maravilhado com a imagem daquela bela arma se materializando em
seu braço que tinha uma pequena inscrição: Para meu filho. – Obrigado pai...
Com lágrimas nos olhos o
pistoleiro levantou o canhão pesado e ativou a mira automática que logo que
estava com carga máxima disparou contra o monstro. Seus poderes psíquicos
desviaram o raio, evitando o choque, no entanto, ele foi arrastado uns dez
metros. O monstro caçador bufava e transpirava indignação, estourando todo o
chão ao seu redor que logo seria arremessado contra o Senhor de Castelo:
–Sabe o que eu mais adoro nessa
belezinha? Ela recarrega muito rápido! – E disparou o segundo tiro que
ultrapassou os pedaços de metal e novamente repelido pelo mutante que foi
jogado para trás mais vinte metros.
–Otidlam!!! – O centro de gravidade
parou no meio do ar e caiu no chão, o poder do caçador sobre ele havia cessado.
– Argh!!! Ah!!! Hugh!!!
O caçador estava se contorcendo
em dor, depois de ter usado tanto poder a mutação que unia os dois caçadores
estava se tornando instável. Como Rigaht era a consciência dominante, era ele
quem sofria mais, os circuitos internos que faziam parte das próteses
eletrônicas de Talluk estavam sendo rejeitadas. A criatura vomitava os próprio
órgãos. Thagir se preparou e disparou o terceiro tiro que fez a criatura voar
uns duzentos metros para trás:
–Você não vai conseguir me
derrotar... – O rosto do caçador se contorcia de diversas formas. –
Oãrecelaverp serodaçac so!!!
–Você perdeu a luta quando quis tomar
aquela droga... – E Thagir disparou o tiro final.
A criatura conseguiu se defender mais
uma vez, sendo arrastada até a beirada da árvore, ficando dependurada. Ela
tentava se segurando aqui e ali, porém, seus braços perdiam a rigidez e
escorregavam. Lá em baixo, tremores repercutiam por toda a árvore, fazendo
Thagir sorrir pelo canto da boca:
–Acho que o seu bichinho está com
fome...
Mais um tremor e a criatura
disforme despencou os mais de três quilômetros de altura direto na boca do
faminto Nogaiag. Thagir relaxou, ajoelhando-se sobre as pernas e olhou para a
jóia de Landrakar:
–Então era por isso que o limite
dessa jóia era tão inferior a minha... – Kullat começou a acordar. – Kullat,
você está bem?
–Acho que sim... – O castelar
branco se levantava com a mão na cabeça.
–Meu amigo, nós conseguimos... –
Thagir sorria aliviado.
Com os dois guerreiros de Curanaã
e Oririn juntos, a espada do infinito reconheceu a sua vitória e desceu para
perto deles. Ela mantinha grande intensidade luminosa e vibrações revigorantes
que trouxeram de volta a força e o vigor dos Senhores de Castelo. Sua forma
eram dois longos filetes de metal prateado puro e polido, refletindo a imagem
ao seu redor como um espelho, e se entrelaçavam em espirais na empunhadura:
–Agora só nos falta encontrar o
verdadeiro Mestre Caçador...
...
Transmissão continua...
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