Ninguém no
bar sabia, mas Lady Neko tinha um segredo. Não era um grande segredo, era apenas que a nossa linda e poderosa gata era casada! O anel que ela
carrega no pescoço é o sinal de matrimônio dela com o neko mais importante da
vila, Liori, prefeito eleito da vila. A história caiu como uma pedra para os
empregados da Toca dos Gatos. Literalmente...
...
– Caralho!
Como assim você é casada?! – Gurei parecia o mais impressionado.
– Nossa!
Você realmente já se casou? – En’hain ficou menos perplexo como bom amigo.
– A
matriusca já estar casada? – Disse o jovem russo, que naqueles dias estava com cara de cachorro e apelidara Lady Neko daquele jeito desde o dia em que beberam
juntos por parecer com a sua mãe.
Akai, nas
costas de En’hain, não ligou muito para o que estava acontecendo e ficou
dormindo ali – provavelmente por já saber o que Lady Neko escondia. Ela tentou se explicar mais calmamente e, vendo que seria muito importunada, procurou ser delicada:
– Saco! Já
casei sim! O que é que vocês têm haver com isso?! – A moça bateu na mesa, fazendo-a.
Os três ficaram quietos até En'hain tentar conversar:
– Ahn... Com quem você se casou, creio que não seja com o
vovô neko, não é?
– Claro que
não! Aquele velho tarado! Imagina se eu ia casar com ele!!! – Lady Neko
continuava exaltada.
– Então quem
é o cara, dona peitud... – antes mesmo de terminar a pergunta, Gurei levou uma mesada na cabeça de Lady Neko que
estava soltando fogo pelas ventas.
– Aff...
Gato infeliz... – a gata se sentou na cadeira tentando se acalmar.
– Gurei,
você está bem? – Perguntou En’hain, preocupado.
– Au?! – Fez
Sasha, sentindo um calafrio lhe percorrer a espinha.
O
espírito de Gurei estava quase escapando pela boca:
– Eu... tô... legal!
– Eu... tô... legal!
– Ele está
certo... – En’hain sabia que Gurei ficaria bem e o deixou de lado. – Com que
você se casou, afinal?
– Com
Liori... – Lady Neko desviou o olhar, não conseguia encará-lo de frente.
– Aquele
famoso herói da vila? – En’hain pensou mais um pouco. – Aliás, eu ainda não o
conheço, onde ele está?
Mais compassiva, a gata confidenciou:
Mais compassiva, a gata confidenciou:
– É
justamente por isso que não quero falar sobre ele, amore. Ele viaja pelo mundo
procurando por nekos perdidos. Ele deveria estar cuidando da prefeitura no
lugar daquele ratinho que ele elegeu como secretário. Mas está por aí, sem nem
mandar notícia pra mim que sou sua esposa! Aquele gato miserável!!! – A raiva
de Lady Neko era de dar medo.
En’hain sorria, contudo, por trás da expressão calma, havia alguém que estava morrendo de
medo. O
draconiano ainda era muito novo na Vila dos Gatos e não conhecia todos da vila. Conhecia
somente os nekos que conhecia do mercado, da quitanda, da loja de doces, que
trabalhavam na praça e os que durante a noite apareciam no bar. Enfim, ele não
tinha ideia de que ratinho sua amiga estava falando.
Lady Neko fez menção de dizer algo, mas preferiu ficar calada. En’hain observou o gesto, notando o mal estar da moça:
Lady Neko fez menção de dizer algo, mas preferiu ficar calada. En’hain observou o gesto, notando o mal estar da moça:
– Ele está
voltando? – Sugeriu En’hain.
– Sim... Ele deve chegar hoje... – Lady Neko demonstrava preocupação.
– Entendo...
Ele é muito ciumento... – En’hain olhou ao redor e percebeu o verdadeiro problema de Lady
Neko. – Ele não vai gostar de te ver aqui...
Algumas
lágrimas rolaram pelo seu belo rosto.
...
Pouco depois, do lado de
fora, alguém que não estava na vila há um bom tempo acabava de chegar:
– Gunshin!!! – Gritou ele. – Eu tô chegando! E vou entrar no bar!!! – Liori estava na entrada do
bar, sujo de uma longa viagem, gargalhando com um grupo de cinco nekos. – Pra quem que eu tô avisando? Aquele sumido nunca está lá! Hahaha!
Os outros
cinco também riram muito. Eles estavam mal arrumados, sujos, eram mal educados
e indiscretos, aparentando serem arruaceiros.
En’hain
pensou com firmeza, precisava tomar uma atitude frente aquela algazarra, deixou
Akai dormindo numa cadeira e foi para a frente do bar:
– Sinto
muito, só abrimos a noite. – falou En'hain passivamente diante do grande leão duas vezes mais alto e truculento a sua frente.
– Mas o que
é isso?! – olhou desconfiado, medindo En'hain de cima a baixo. – Quem é você?!
– Sou
En’hain, barman da Toca dos Gatos e o mais novo draconiano da Terra – "Talvez o título resolva", pensou ele.
– Hahaha...
– Liori riu dele, apontando o dedo enquanto olhava para os novos nekos.
– Eu sou o dono desta vila e queremos beber até cair! Se você não sair da minha frente vai sentir o peso
da minha patada!
Liori rugiu com tanto impeto na cara de En’hain que ele ficou todo melecado e meio entorpecido pelo bafo fétido. Mantendo-se firme, ele insistiu para que o
leão voltasse mais tarde, porém, o felino gigante ignorou seu pedido e tentou passar pelo
draconiano que reagiu instintivamente atiçando os espinhos pontudos de sua longa cauda metálica:
– Hoh! Está
com raiva baixinho?! – Liori encarava En’hain com um olhar fulminante, até sentir um cheiro doce que
conhecia muito bem. – Este cheiro... Lady Neko, você está aí?!
A gatinha
se arrepiou toda, como se já não bastasse toda a sua apreensão por ser o motivo
da discussão. Vendo a amiga acuada, Sasha percebeu que era o único que podia fazer alguma coisa além de En’hain e
decidiu enfrentar o Leão também:
– Que cheiro
de cachorro molhado! – antes mesmo de se revelar, Liori sentiu o cheiro do lobisomem. – Não vai me dizer
que você ousou trazer um maldito cachorro para a Vila dos Gatos!
Liori estava
mais exaltado ainda e Lady Neko tremia dentro do bar. En’hain permanecia no
mesmo lugar e Sasha rosnou mostrando os caninos para o bando do lado de fora.
– Devo
insistir para que volte no nosso horário de serviço. – En’hain continuava impassível
em sua decisão.
–Como
ousa!!! – rugindo forte, Liori deu um golpe certeiro na boca do estômago de En’hain com seu grande
punho fazendo-o com voar para dentro do bar.
Sasha não
se conteve e tentou morder o grande leão, que reagiu mais rápido que ele, agarrando-o pelo pescoço. Liori
apertou bem forte, quase quebrando os ossos:
– Cão
maldito, se eu estivesse aqui você nunca teria entrado!
Sasha buscou alguma palavra, mas não conseguia falar direito.
Lady Neko
sentiu que a luta apertara e tomou a frente para falar gentilmente com Liori para que soltasse
seu querido amigo:
– SOLTA ELE GATO MIRRADO!!! – Lady Neko meteu a cabeça de Liori bem fundo no chão.
– Oi
amorzinho... – Mesmo com a cabeça enterrada, Liori sabia que encontrara Lady Neko.
O lobisomem ficou assustado:
O lobisomem ficou assustado:
– Matriusca...
Ele já me soltar... – Sasha passava a mão no pescoço para aliviar a dor.
– Ah... Sim,
é mesmo. – Lady Neko tirou a mão do buraco.
En’hain, no fundo do bar, se levantava lentamente. Estava meio tonto por causa do golpe, mas sua resistência de draconiano
era forte e estava bem:
– Lady
Neko?! – En’hain estava surpreso com o que a gata havia feito quando saiu. –
Ahn... Acho melhor você levar o seu marido para casa. Eu cuido dos novos nekos
da vila por enquanto. Venham, podem entrar.
– Eba!
Urru!!! – Fizeram os novos gatinhos que estavam animados por finalmente
entrarem no bar.
– SILÊNCIO!!!
– En’hain parecia Liori rugindo. – Akai está dormindo...
O bando de
gatos percebeu o pequenino após terem entrado.
– Este neko
está ligado a você? – Perguntou um deles.
Akai
acordou, saiu da cadeira e subiu nas costas de En’hain, voltando a dormir calmamente.
– Ai! – O
barman sentiu um puxão na cauda, despontando uma pequena lágrima no canto dos
olhos. – Infelizmente, sim...
Foi isso...
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