Desembarque
A nave
boreal atravessou o portão dos mares boreais e chegou a um planeta que os
Senhores de Castelo que estavam a bordo não conheciam. O céu era azulado, as
matas eram verdes e os ecossistemas estavam todos harmônicos. Depois de meia
hora, todos já estavam do lado de fora. Ferus descarregou sua bagagem, alguns
suprimentos e ração de emergência que colocou num cinto de utilidades, e um
tubo telescópico cheio de bugigangas que saiam por todos os lados quando ele
apertava seus botões. O bárbaro Westem achou o aparato engraçado e foi
conversar com o jovem castelar que apertou um botão para retrair os
dispositivos e recolher a parte estendida do cilindro:
– O que é
isso garoto? – o sorriso do velho continuava amigável.
– É um
cilindro de armeiro. Um laboratório portátil que me possibilita fazer
pesquisas, me conectar com outras máquinas e, é claro, produzir armas.
– Legal o
seu brinquedinho... – Ferus ficou um pouco envergonhado. Como ele poderia
pensar que aquilo era um brinquedo?
– Heh, fui
eu que montei... Não tem muita tecnologia em Newho e como eu adoro esses
apetrechos, os novos laboratórios da Ordem vieram a calhar perfeitamente. –
Ferus retribuiu a atenção sorrindo de volta, o que deixou Westem muito feliz.
– Quando a
gente terminar esta missão, eu vou te levar pra conhecer um bar muito
interessante no universo sessenta e nove... – Westem começou a cochichar. – Não
conta pro Iksio, ele não gosta de promiscuidades ou seja lá como ele fala sobre
sair com garotas bonitas e... Bem, aproveitar! Sabe do que eu estou falando,
não?
–... –
Ferus ficou enrubescido com a proposta. – Cl... Claro!
– Ótimo,
você paga!
– O quê?! –
Ferus se assustou com a barganha repentina.
– Você não
espera que eu te mostre um lugar proibido no multiverso e ainda tenha que
pagar, não é? – Westem cutucava o jovem castelar com o cotovelo.
– Certo...
Eu acho... – o armeiro ficou confuso. – Hun... Quem vai ler os objetivos da
missão? De acordo com o regulamento das missões em grupo, alguém deve liderar e
passar as informações para o resto do pessoal, estou certo?
– É o
Capitão que está com os pergaminhos secretos... Veja! Ele está vindo.
Descendo a
comporta, um Capitão baixinho curvado de pele verde com sinais de velhice
avançada vinha acompanhado de sua comissária, a mapeadora boreal Elítia – uma
moça humanóide de corpo muito esguio, pernas e braços muito longos, pele
leitosa, rosto pouco expressivo de olhos miúdos, que andava lentamente ao seu
lado, quase flutuando. O velho senhor tossia e resmungava muito, provavelmente
por estar com alguma doença crônica. Elítia se abaixou e entregou ao Capitão um
pergaminho que trazia numa caixa de vidro que se desmaterializou com o toque,
liberando o conteúdo. Ele olhou o papel de um lado, olhou de outro, revirou e
tresvirou. Com um pouco de impaciência e cuidado, Elítia sugeriu ao velho
Capitão que usasse os óculos. O velho senhor recusou, não precisava deles:
– O que
está escrito, Capitão Sores? – Dimios, com seu ar de poucos amigos, se colocou
a frente de todos.
– Tome! –
ele estendeu o pergaminho para o Senhor de Castelo. – Você é o líder!
Ele
virou-se de volta para a nave e subiu. Os outros cinco estranharam a atitude
abrupta e queriam respostas:
– O que
está escrito? – indagou Nerítico, o ultraquímico.
– Vamos,
leia para nós! – exigiu Pilares, o assaltante.
– ...! –
Dimios olhou para eles com desprezo, o que aparentemente foi percebido por
todos, acalmando os ânimos. – Nada...
– Como
nada?! – o bárbaro já estava perdendo a paciência. – Fomos mandados aqui para
uma missão!
– Sigam-me,
ou voltem para a ilha... – Dimios enrolou o pergaminho e se pôs a correr,
entrando na floresta densa sem mais explicações.
– Esse daí
não foi com a nossa cara... – Westem reclamava da atitude de Dimios, até
reparar que Ferus estava se alongando. – O que você está fazendo?
– Vamos
apostar corrida? – o jovem estava animado.
– Não
sabemos aonde devemos ir... Ei! – Ferus não tardou em ir atrás de Dimios.
– Eu é que
não vou ficar aqui! – Pilares lançou uma bomba de fumaça no chão e desapareceu.
– Você não
vai ganhar de mim, seu canalha! – Nerítico apertou o bracelete que tinha no
braço e duas pílulas caíram na sua mão. Ele as molhou com um pouco de água e
uma substância amarela pastosa se expandiu. Ela foi colocada em suas botas e
permitiu ao ultraquímico sair pulando dez metros de altura floresta adentro.
– Só
ficamos nós... Dois?! – o bárbaro tentava encontrar o parceiro de pele azul, sem
encontrá-lo. – Que droga! Vocês não respeitam mais os mais velhos!
Westem
olhou para a floresta, tirou da cintura uma corda mágica que se expandiu e
laçou um árvore alta de madeira bem flexível, envergando-a completamente.
Saltou para cima dela e soltou a ponta que a prendia no chão, sendo lançado a
uma grande distância:
–Yahoo! Não
esperem por mim, eu esperarei por vocês!
...
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