Gabriel Kolbe, do blog de quadrinhos e ilustrações SINTONIA ALCALINA, atingiu recentemente em sua página no FACEBOOK a marca de mais de 400 seguidores. Para comemorar ele lançou um PROMOÇÃO RELÂMPAGO (pouquíssimos dias!) em que concederia 1 pedido de ilustração do seu personagem favorito para cada um dos possíveis 3 ganhadores. Muitos não entenderiam o significado disso pra mim, mas, ganhando ou não, isso reviveu o antigo sonho chamado Victório Anthony, minha criação e personagem favorito, além de que me seria uma honra ganhar uma ilustração do Gabriel, a qual sou fã e admiro de coração todo seu trabalho e esforço para ser ilustrador e quadrinista de sucesso. Em todo caso, a apreensão me obrigou a escrever um esquema, única forma de explicar como o desenho poderia ser, uma vez que nunca houve referência real ao meu personagem. Inevitavelmente também imaginei dezenas de outras coisas que eu poderia fazer em parceria com ele ou outros profissionais, infelizmente, apenas sonhos que talvez só vejam a luz do dia caso eu ganho um vultuoso prêmio na loteria. Esta ainda pode ser a última postagem deste blog por tempo indeterminado, mesmo assim, antes que eu me arrependa disso, ofereço a quem quiser tentar, o meu esquema escrito.
Eles foram
dormir em suas camas aquela noite, cada um num lugar distante do outro.
Adormeceram e no meio de seus sonhos eles viram uma luz muito forte com uma
força que lhes puxavam para sabe se lá onde. A brisa noturna soprou gélida e
insensível sobre eles, agora reunidos no mesmo lugar.
— Amor...
Fecha a janela, está frio... — disse o primeiro deles, um homem alto que vestia
um grande casaco verde.
— Ahn? Essa
voz... Ei! Onde estou! — gritou o segundo deles, despertando. Ele era robusto,
forte, usando uma longa manta branca com capuz.
— Ué?! —
disse o primeiro, já alerta. — Onde estamos?
— Não façam
barulho, eu quero dormir... — falou um terceiro.
Com o veredito do julgamento dos supremos, longos anos se passaram e diversos planetas foram tomados ou destruídos pela Irmandade Cósmica com a ajuda de suas grandes naves. Muitos destes planetas pertencem ao 1º quadrante e formam um caminho estratégico para chegar até Ev've. O 4º quadrante, por outro lado, tem se negado a prestar grandes ajudas com receio de que suas magias antigas e suas hypertecnologias caiam nas mãos erradas.
No meio da batalha, estão grandes dúvidas: pouco se conhece a respeito da Irmandade Cósmica e o único universo que ela guarda está completamente fechado pelos Mares boreais. Além disso, muitos Senhores de Castelo tem esperanças de que os filhos de Thagir e Kullat, Dantir e Kalliat, ajudem a terminar com o jogo doentio dos altarianos.
Confiram tudo isso e muito mais nesta nova empreitada das Crônicas dos Senhores de Castelo segundo Victório Anthony!
Após a
passagem pelo portal, a nave boreal atracou numa praia próxima. Os Senhores de
Castelo e o Caçador Sombrio desembarcaram, levando consigo a sua bagagem. O
casaco de Elians, absorvendo energia solar, tomou tons de bege para aliviar o
calor. A moça, por sua vez, tirou a jaqueta, evidenciando seu belos atributos.
Contudo, Nina e Elians ficaram boquiabertos com o que Lacroh trouxera:
— Isso é
seu? — perguntou Elians.
— Que
linda! — exclamou Nina.
Lacroh
acelerou sua belezinha, verificando se os motores estavam em ordem:
— Claro que
é minha. De quem mais seria? — respondeu, colocando os óculos de proteção que
trazia no alto da cabeça em seu devido lugar.
Na nave
boreal, os cinco Senhores de Castelo e o Caçador Sombrio estavam reunidos,
viajando para Teslar:
— Tem certeza que eles são os
melhores para nos acompanhar Dant...
— Elians! —
interrompeu Dantir, ríspido.
— Elians...
Certo, vou tentar não esquecer... Tem certeza que eles são os melhores para nos
acompanhar? — perguntou Lacroh.
— Tenho...
Mundergrand tem tamanho e força excepcionais... — Dantir apontava para o
primeiro na fila.
— Não era
aquele cara com sei lá quantos metros de altura que a Nina derrotou?
— É ele
sim... O tamanho dele é inadequado para o transporte em mares boreais, por
isso, com a ajuda do planeta Jigus, foi desenvolvido um aparato de megafísica
que encolhe ele nas proporções certas e o mantém assim.
— Não era
melhor uma poção de encolhimento? Era assim que os antigos faziam, não era?
— Era sim,
mas alguns problemas sempre ocorriam com dosagens erradas. Alguns magos
experientes encontravam a medida certa para cada giganto, infelizmente, este era
um trabalho custoso e a tecnologia de Jigus ajudou muito a poupar todo esse
trabalho. Praticidade é tudo!
— É o mesmo
com o pequenino ali? O Sêminus? — o pequeno humanóide virou a cabeça para traz,
ouvindo perfeitamente a conversa.
— O que querem
comigo?! — perguntou ele, irritado (ou seria impressão por sua voz ser tão
aguda?).
— Nada, só
estamos conversando... — respondeu Lacroh. — E então? — voltando-se novamente
para Elians.
— Eu não
quero saber! — o oririano estava ofegante. — Pensei que você fosse meu amigo! —
e saiu, deixando o príncipe de Newho caído no chão, cuspindo sangue e com o
nariz quebrado.
— Kalliat...
Dantir permaneceu ali, em
silêncio, por vários minutos. Sua cabeça estava cheia, ele assumia novos
compromissos, novas responsabilidades, um destino que talvez não quisesse para
si mesmo.
Ainda
sentindo-se culpado, levantou-se e viu o pacote com tinta vermelha para o
cabelo em cima de sua mesa de estudos. Entrou no banheiro e fez todos os
procedimentos. Seu cabelo, parecido com o do pai, agora assumia o tom vermelho
que só aparecia em manchas pelo cabelo. Enxugou a cabeça com uma toalha e se
olhou no espelho:
— Porque
somos tão parecidos? — perguntou-se, lembrando do irmão e das cenas em que o
altariano Rubber tomou o corpo dele para si e fugiu pelas portas do paraíso
para sabe se lá onde.
No canto do
espelho Dantir viu um vulto e virou-se para ver:
Pelos
corredores da república dos guerrins, dois vultos perseguem outro que corria à
frente deles durante as horas silenciosas do descanso:
— Droga! Eu
jurava que eles não conseguiriam vir atrás de mim depois que eu conseguisse
controlar a flutuação!
— Parado
aí, Príncipe Dantir! — disse um deles.
— Merda! Me
encontraram! — o jovem guerrin atravessava os corredores mais rápido e leve que
o vento.
A
perseguição acontecia num estado de flutuação, onde o flutuador toma um estado
corporal parecido com o gasoso.
— Me deixem
em paz! Eu quero sair daqui!
— Você não
pode príncipe Dantir, os altarianos temem somente a ti e estão prontos para matá-lo
assim que sair da ilha!
— Eu não
estou nem aí para eles! Eu quero ver o meu irmão!
— Novamente
esta história! Seus mestres já não conversaram isso com você?
— Eles
estão errados! — Dantir reparou em algo. — Oh! Porcaria, onde está o outro?
O segundo
homem apareceu a sua frente no momento de distração e bateu as palmas,
liberando uma onda suave e luminosa que afetou o príncipe rebelde.
—
Miserável! Você vai se ver comigo! — caído no chão, ele sentia o corpo
completamente dormente. — Feitiço de paralisia? Que golpe baixo!
— Garoto...
— ele tirou o capuz negro revelando sua pele escamosa e seus olhos
amarelo-esverdeados. — Se eu fosse te caçar de verdade, eu já teria arrancado a
sua pele só pra te ver sofrer com a carne completamente exposta!
— Hunf...
Um Caçador Sombrio! E desde quando vocês recebem trabalho de babá? — Dantir
observava o triângulo negro invertido que se formava sobre o dorso da mão do
reptiliano.
— Você vem
dando muitos problemas aos Senhores de Castelo e com a guerra pela qual o
multiverso está passando, seus superiores pediram ajuda aos Caçadores para te
vigiar noite e dia...
O segundo caçador, enquanto se
aproximava, tirou o capuz, revelando uma pele úmida e tentáculos com ventosas
que se agitavam para trás do topo da cabeça como se fossem cabelos amarrados.
— Há quanto
tempo? — perguntou Dantir.
— ... —
eles não responderam. Pegaram cada um em um dos braços do príncipe e o ergueram,
levando-o de volta ao quarto.
Os
caçadores, depois de colocarem Dantir em sua cama, saíram e puseram suas mãos
aos lados da porta, invocando um feitiço poderoso que impediria Dantir de sair
novamente de seus aposentos.
— Ei! Não
vão tirar a paralisia de mim? — não houve resposta novamente. — Droga... Outra
vez! Já perdi a conta de quantas vezes eu tentei e não me deixaram sair dessa
ilha!
— Zzzz... —
o companheiro de quarto de Dantir roncava sem nem suspeitar da tentativa de
fuga.
— Não sei
como você consegue dormir meu amigo... Se fosse a sua irmã que estivesse em
perigo, será que você conseguiria dormir? Tenho dormido tão mal, acho que estou
sonhando novamente com Vaik...
— Zzzz...
— Se pelo menos você não tivesse
um sono tão pesado, poderia me escutar de vez em quando... — ele parou de
olhá-lo e fitou o teto, as luzes se apagaram e pequenas imagens fosforescentes
que imitavam um mapa do multiverso se acenderam. — Irmão, por favor, esteja bem.
Eu vou te buscar, eu prometo!
No criado mudo ao lado da cama,
uma caixinha de música em forma de cubo começou a tocar. Sua melodia era triste
e melancólica. Uma lágrima escorreu pelo rosto do príncipe e ele finalmente
adormeceu.
Neste
primeiro dia do primeiro mês completam-se doze anos de guerra. As batalhas
contra a Irmandade Cósmica tem posto a eficiência plena de combate da Ordem dos
Senhores de Castelo em cheque. Os mapeamentos dos mares boreais e as entradas
restritas são vantajosos para a Ordem, porém, as portas do paraíso transportam
quantidades muito maiores de exércitos em muito menos tempo. A forma rápida,
precisa e violenta de ataques realizados em momentos delicados de cada planeta
atacado tem sido deveras devastadora. O total de universos pertencentes à
Irmandade é de apenas um, enquanto os mapeados e ligados pelos mares e oceanos
boreais a ilha de Ev’ve totalizam mais de cem, com cerca de uma dezena ainda a
ser explorado. No entanto, a capacidade da Irmandade de abusar desmedidamente
dos planetas que guarda está além do senso comum sobre limites. Nada está
impedindo a Irmandade de avançar ou mesmo retroceder um pouco e até o momento
as grandes potências dos quarto quadrante não se pronunciaram quanto ao
reforço. Os mestres da Ordem estão preocupados, quanto mais isso se prolongar,
mais vidas, planetas e histórias inestimáveis serão perdidas no tempo. De
acordo com as linhas de frente, conforme as vinte e duas cortes cósmicas
avançam, o misterioso exoplaneta Altar, base e lar da Irmandade, tem se movido
pelo multiverso e tenta forçar entrada pelas zonas de guerra e atacar a ilha de
Ev’ve diretamente. O multiverso explorado circunda e protege nossa ilha, assim
como as armas de defesa especiais bloqueiam as portas do paraíso e permitem
somente que navios com as bússolas espadas-escudos que se anunciem com as
carrancas fantasmas entrem. Os esforços da Irmandade mantêm-se constantes e
qualquer erro que permita o acesso aos altarianos de se aproximar da ilha serão
severamente punidos, correndo-se o risco de serem expulsos da Ordem. Que, por
Nopporn, não haja nenhum intruso entre nós...
Resguardamo-nos
o direito de confiar plenamente na Ordem e nos nossos Daimios e, com plena
certeza, venceremos independentemente dos Arquétipos, a força natural e
encarnada de cada planeta se manifestar a nosso favor. Estamos aqui para salvar
o multiverso mais uma vez de ser dominado e destruído por seres dominadores e
desacreditados da beleza e do valor da vida.
Nós
lutaremos até o fim, a Luz Cósmica não nos atingirá e destruiremos as malditas
naves cósmicas, arautos da morte e destruição. Os métodos nada antiquados e
inescrupulosos são nosso maior empecilho, porém, confiemos nos treze dias que
nos ensinaram os maiores valores que temos como Senhores de Castelo! Lembremos
de que não devemos confiar nos altarianos e nem dar as costas a eles, nenhum
deles é confiável. Mantenham a fé em nossa mestra e guia espiritual Nopporn,
sua sabedoria nos ajudará a fazer as melhores escolhas.
Tivermos
perdas inestimáveis e mesmo assim não iremos amolecer diante do inimigo!
Eu não poderia começar este post sem mostrar o motivo pelo qual o estou dedicando ao Luiz Teodosio...
Eu, como escritor, com a mesma faixa etária que ele, não poderia ficar insensível a uma resposta tão bem feita. A situação literária no Brasil está melhorando, mas, apesar disso, ainda é difícil ser escritor e fazer sucesso com isso. Olhando para essa resposta, só me resta dizer que o Luiz Fernando se tornou uma inspiração para mim e quanto mais procuro saber sobre ele para escrever este post, mais fico admirado...
Bem, chega de puxação de saco e vamos ao que interessa, o Gole Nerd!
Criado em Dezembro de 2012, o blog, dentre os outros do Luiz, é o mais recente e melhor organizado. Definido por seus gostos pessoais de nerd que mesclam games, cultura oriental (especialmente a otaku), literatura e a já mencionada paixão por escrever; o Gole Nerd nos convida a entrar no mundo dele e a vislumbrar o mundo como ele vê, embalados por um ótimo conteúdo muito bem escrito. Como eu, ele também valoriza o cenário literário nacional e já dedicou várias resenhas aos livros de autores brasileiros como Raphael Draccon, Leandro Reis e Eduardo Spohr, sem deixar de mencionar o conteúdo estrangeiro, os filmes, animes, mangás, e tudo mais que será devidamente comentado por este homem de conteúdo nos próximos meses – afinal, o blog ainda é novo e eu sei como é dura a vida de blogueiro versus postagens. Mas percebo que sempre que surgir um assunto que merecer ser comentado, ele o fará da melhor forma possível!
As postagens que mais me interessaram no Gole Nerd são a série sobre uma história escrita por ele e que está recebendo um novo capítulo a cada semana, a Doppelgänger - Primeiro Dia. Ainda não há muito o que dizer, apenas torço para que a história seja finaliza e que o final seja surpreendente - ele teima em fazer tudo devagarinho, me deixando ansioso!
Tudo ia bem com a Ordem dos Senhores de Castelo após a derrota de Volgo, até que vários casos de ataques diretos aos castelares foram relatados e em pouco tempo não havia dúvida: os Senhores de Castelo estavam sendo caçados! O que poderia haver por trás disso? Confira esta singela homenagem aos autores dos livros de "Crônicas dos Senhores de Castelo"!
A música que mais me inspirou a escrever esta história por se tornar um símbolo para ela é a música "A Arte de Fazer Inimigos" da banda de rock, Glória. Confira clip e letra abaixo:
A ARTE DE FAZER INIMIGOS - Glória
Raiou
Um dia a mais, pra tentar não morrer
Mas sempre há alguém que quer te derrubar
Querem foder você, só querem te ver mal
Luxo é ter fé no pais do carnaval!
Poeira! Pra atrapalhar.
Poeira! Não! Não!
Poeira! Pra sufocar.
Mas não ha nada que me faça parar!
Eu sempre acordo pra brigar,
E não desisto de sonhar;
Que existe algo que é só meu!
(Vou encontrar a saída)
Eu sempre acordo pra brigar,
E sei aonde vou chegar;
A gente sabe o que viveu!
(Vou encontrar a saída)
A arte de fazer inimigos
Eu sou muito bom em fazer inimigos
A arte de fazer inimigos
Eu sou muito bom em fazer inimigos
A arte de fazer inimigos
Eu sou muito bom em fazer inimigos
Eu sempre acordo pra brigar
E não desisto de sonhar
Que existe algo que é só meu
(Vou encontrar a saída)
Eu sempre acordo pra brigar
E não desisto de sonhar
Que existe algo que é só meu
(Vou encontrar a saída)
Eu sempre acordo pra brigar
(A arte de fazer inimigos,
eu sou muito bom em fazer inimigos)
Eu sei aonde vou chegar
(A arte de fazer inimigos,
eu sou muito bom em fazer inimigos)
A gente sabe o que viveu
(A arte de fazer inimigos,
eu sou muito bom em fazer inimigos)
Eu não aguento mais
Não queira me tirar do sério
Eu não aguento mais
Não queira me tirar do sério
Rhu’ia!
Saudações Senhores de Castelo! É com muito prazer e satisfação que o seu
informante da Academia de Senhores de Castelo anuncia que os líderes do grupo
de repressão aos Caçadores Sombrios já chegaram! Sim, sim! Kullat, mestre das
faixas mágicas de Jord e Senhor de Castelo de Oririn e o exímio pistoleiro e
portador da jóia mágica de Landrakar e do coração de Thandur, Senhor de Castelo
do planeta Curanaã, Thagir!
Já havia
algum tempo que nossos veteranos não voltavam a Academia, será que eles ainda
passariam pelos 13 dias? Heheh... É claro que sim! Eles já atravessaram
diversos mundos provando que a paz pode sim chegar a qualquer lugar do
multiverso, em especial aquele dia memorável em que eles, a atualmente Senhora
de Castelo de Agabier, Laryssa, do reino de Agas’B, e o autômato Azio salvaram
aquele reino das mãos do terrível Kendal... Calma pessoal, eles tem mais
histórias para contar, deixem eles se acomodarem primeiro!
A comitiva
de estudantes que os recebeu estava realmente muito animada, completamente em
polvorosa! Diversas naves boreais faziam acrobacias mirabolantes e uns poucos
domadores tornaram a visão ainda mais significativa, voando com suas feras
aladas ou flutuadoras por todos os lados, sem contar nos estudantes que já
possuem asas. Os diversos magos e aprendizes de magia liberavam diversas
rajadas coloridas e entusiasmadas; os espadachins levantavam suas espadas, que
possuíam diversas formas e tamanhos diferentes; e os pistoleiros davam tiros de
festim para o alto – se fossem de verdade era capaz de alguém ficar embaixo de
um dragão ou de uma nave... Os que possuíam habilidades mais corporais, a
maioria na verdade, batiam os pés no chão e o braço direito no peito com entusiasmo,
reverberando forte e harmoniosamente como numa canção de guerra, quando os
exércitos partem para enfrentar o inimigo num combate direto. Pelo percurso do
acesso aos mares boreais até a entrada para dentro dos grandes muros,
estandartes maravilhosamente bem-feitos com as diversas bandeiras das sub-sedes
da Ordem dos Senhores de Castelo enfeitavam alegremente a chegada dos grandes
castelares. Provavelmente Thagir e Kullat não imaginavam que o número de
estudantes que entrariam para a academia simplesmente dobraria por causa de sua
fama pelos quatro quadrantes...
Lembrando a
todos os Senhores de Castelo que nos ouvem por aí, a ilha flutuante de Ev’ve
contínua belíssima, suas torres brancas e brilhantes continuam com o mesmo
vigor de quando foi oficialmente inaugurada como uma cidade-estado após a
terrível guerra espectral. O fluxo boreal que rodeia nossa querida e eterna
morada continua perfeito para surfar durante as ressacas... Guerrins! Nem pensem em
fazer o que estão pensando, hein? Continuando... As múltiplas defesas de maru, como os anéis de
inversão, continuam eficientes contra as marus sombrias, o último comedor de
éter que passou por aqui perdido por sei lá que motivo foi completamente
torrado! Alguém quer um churrasquinho? Como maior novidade temos aumentado
vertiginosamente a quantidade de nossos laboratórios de pesquisa e requisitado
os melhores do multiverso para solucionar diversos problemas que temos
encontrado para a expansão da paz e da ordem além dos limites conhecidos.
Estamos desenvolvendo tipos avançados de naves boreais mais potentes para irmos
contra os refluxos boreais, suits de sobrevivência mais capacitadas para
qualquer ambiente hostil; intensificamos a quantidade de pesquisas sobre a multibiologia,
os diversos usos da maru e a eficiência da neutralização dos inimigos... Enfim,
essa cidadezinha nunca esteve tão abarrotada meu povo!
Por fim,
esperamos pacientemente que seja encontrada uma solução viável contra os Caçadores
Sombrios, eu não quero ter que esperar duas horas na fila do cafezinho da manhã
à toa, não! Sério gente... Se chegar mais um aqui eu vou acabar fazendo minhas
transmissões do lado de fora da barreira! Bem que eles podiam fazer uma
reforminha... Passar milhares de anos com o mesmo tamanho? Poxa vida! Vocês
acham que o multiverso tem que tamanho mesmo?
Bem, logo
mais teremos o pronunciamento do líder do conselho N’quamor, originário de
Oririn, que tem regido com perfeição a Ordem dos Senhores Castelo e a
Academia... De vez em quando ele ainda divide a sobremesa com os alunos, valeu
por aquele rango mestre! Voltando ao assunto, após a reunião e o almoço que
será dado ao meio dia, quando a estrela de Ev’ve estiver no meio do céu,
finalmente poderemos ouvir a voz de nossos estimados heróis Kullat e Thagir.
Esperamos ansiosamente que vocês ainda consigam comer o troço saudável que eles
dão na academia... Somos os mais fortes do multiverso por sobreviver àquilo!
Sinto como se fosse ontem que eu senti meu estômago se revirando, pedindo
clemência... Espere aí! Foi ontem!
Encerramos
esta transmissão especial com um aviso aos Caçadores Sombrios:
Velho, na boa,
Naveeh teria uma opção melhor pra vocês!
Todo escritor, em algum momento de sua vida, escreveu algo e guardou, sem nem ao menos mostrar para alguém. Esta é uma dessas histórias, criada em 2006, inspirada na minha época de colegial e nas influências que tive na época. Uma delas foi um amigo que, mesmo não nos vendo durante anos, fez questão de visitar a minha casa (e de ser o primeiro a fazê-lo) e me dar um presente muito especial, literalmente sagrado! Em agradecimento e também pelo seu aniversário, editei e trouxe de volta a vida esta história, a única que ficou completa. Ela pode não fazer muito sentido, uma vez que muito do conteúdo é baseado nas minhas outras histórias em que participo e explicar tudo poderia carregar o texto que já é por demasiado longo, mas espero que gostem e aproveitem com prazer. Tenham uma ótima leitura!
Cyber Angel é a marca registrada
dos softwares da empresa Impérios criados para coordenar os terminais pessoais,
seu principal aparelho eletrônico portátil de uso cotidiano. Mas, quem criou
estes complicados programas que, de tão complexos, não conseguem ser lidos por
computadores comuns com processamento considerado super eficiente? Descubra a
seguir como o “imperador” descobriu o Cyber Angel, o anjo cibernético.
...
Capítulo 01 – O Caso
Já sou
formado em mestrado e doutorado em magia e como rei-general coroado preciso
resolver os problemas insurgentes do meu povo. No meio de um deles, entre
vários papéis, havia um que me interessou: o caso dos rebeldes em Goldland, a
terra do ouro e da supremacia da tecnologia. O caso era simples, poderia ser
investigado pelas autoridades locais, mas resolvi investigar eu mesmo, antes
que se prolongasse mais e acabasse numa grande rebelião, atingindo a população.
Para
começar, utilizei a minha carta 11, a Força, transmutada no manto de
transformação para alterar o meu rosto e seguir para a torre principal do
pequeno continente, a cidade-estado Torre de Cristal com suas centenas de andares,
investigar o caso mais a fundo. O que descobri no começo era realmente bem
simples: ninguém viu ou conheceu pessoalmente o líder dos rebeldes.
Desapontado por não conseguir
mais pistas, estava retornando ao hotel quando passei por um beco no andar central,
estranhamente limpo, devo dizer; e vi dois garotos, possivelmente colegiais,
pichando de preto as paredes do local.
Diante
daquilo, tomei uma atitude. Como pichar é crime, tratei de capturar os
criminosos. Ao me aproximar, notei que eles já haviam terminado a pichação que
parecia um desenho estilizado de asas com uma auréola. Teria aquilo algo haver
com um anjo?
Assim que
os entreguei a delegacia mais próxima, pedi para que entregassem suas fichas de
informações no meu quarto de hotel e saí para pesquisar na melhor biblioteca
pública da cidade de cristal, que compartilha de grandes conhecimentos da mesma
forma que as bibliotecas da escola militar e da universidade máxima de
tecnologia, o significado daquela imagem. Se bem que não é uma simples biblioteca,
aliás, o local é conhecido como centro de informações da matriz, uma instalação
gigantesca por onde o fluxo de informações do NEXUS – rede informações de cabos
condutores que conectam diversos aparelhos – passa.
Ainda
inexperiente com os hábitos do continente, não sabia como entrar no local ou
adquirir as informações e me informei devidamente sobre o assunto. Como todos
os seres naturais de Goldland são ciborgues, todos eles, num determinado
momento de suas vidas até então orgânicas, recebem uma entrada de informações
chamada PRAGA, ligadas diretamente ao córtex cerebral e que, por meio de um
indutor de informações – uma agulha bem afiada – tem suas mentes ligadas ao
NEXUS. Seres normais como eu poderiam receber o conector também e logo marquei
a cirurgia, em poucas horas a abertura circular metálica foi instalada na minha
nuca, pronta para uso. Era tarde, retornei ao hotel para descansar, indo à
biblioteca no dia seguinte.
Voltando ao
Centro de Informações, fui encaminhado para um terminal – uma cadeira
acolchoada em que se pode relaxar. O indutor da NEXUS foi introduzido e senti a
injeção de informações preenchendo a minha mente que parecia deixar o meu
corpo. Navegando pela NEXUS, agora sim a biblioteca parecia comum, cheia de livros
e estantes. A noção de realidade era meio dúbia, sendo possível perceber que
tudo era virtual.
Procurei pela seção de símbolos e
uma enorme estante se posicionou a minha frente, como um trem que chega
repentinamente a estação. Lendo a minha mente, um programa reconheceu a imagem
que eu havia visto e abriu um dos livros que veio voando até a minha mão.
Folheando a informação virtual, encontrei o significado do símbolo que se
tratava ser a marca de um anjo do Senhor, o Arcangelus. Somente um mensageiro
do senhor poderia ter esta marca revelada e somente aqueles que se corromperam
estão na terra com este símbolo, ou seja, o líder do revoltosos era, na verdade,
um anjo caído. Além disso, a quantidade de pontas que as asas apresentam indica
a classe hierárquica a qual o anjo pertence. A pichação tinha cinco pontas,
quinta classe angelical – Virtude.
Quando Draco me trouxe o vestido,
não imaginava que ficaria tão bonito. Ele parecia uma criança de tão ansioso
que estava com o baile:
– Luna, mandarei algumas pessoas
para te ajudar a se arrumar. Quero você linda e que seja o centro das atenções
e comentários do baile! – disse-me sorrindo.
– Precisa de tudo isso?
– Claro! Quero mostrar minha
companheira a todos! – ele saiu do quarto sem que me deixasse reclamar.
– O que ele está escondendo de
mim? – disse para mim mesma. – Sua companheira? Como assim?! O que ele quer de
mim nesse baile? Daria tudo para saber essas respostas...
Com o baile se aproximando, reparei
que além do vestido havia uma máscara feita com renda azul e algumas pérolas.
Com batidas repentinas na porta, tive de interromper aquele momento de reflexão.
– Senhorita Luna, queria informá-la
que o baile começará às 21 horas e neste momento são 19h30min.
– Obrigada por informar, vou
começar a me arrumar e tomarei um banho.
Já era tarde eu precisava correr.
Com a banheira pronta, mergulhei na água quente e sais de jasmim que me caíram
perfeitamente bem. Deitei-me e permaneci por lá cerca de trinta minutos, até
perceber a presença de Draco:
– Não queria te assustar – disse,
me admirando na água.
– Tudo bem. Passe me a esponja
vegetal, por favor? Esqueci de pegar... – agia carinhosamente, enquanto tentava
decifrar seu olhar.
– Quer que eu esfregue as suas
costas? – seu tom era provocativo, o que eu havia adorado.
AS HISTÓRIAS
PREFERIDAS DAS CRIANÇAS JAPONESAS – Editora JBC
Compilado por
Florence Sakade
Ilustrado por
Yoshisuke Kurosaki
Um livro
simples feito com muito cuidado e dedicação, este é o livro publicado pela
Editora JBC (Japan Brazil Comunication) que traz algumas das mais belas
histórias contadas às crianças no país do sol nascente. São dois volumes e tenho
somente o livro 1, mas é o suficiente para que eu, amante da cultura japonesa,
reconheça o valor agregado a estas histórias infantis. Elas são mágicas,
simples e que podem ser contadas a qualquer criança, especialmente na hora de
dormir. Se você é como eu, que valoriza outras culturas e que gostaria de poder
contá-las as crianças, não deixe de ter estes livros também! Para que
compreenda qual o conteúdo, reproduzo a seguir uma delas, Momotaro, o Menino do
Pêssego. Boa leitura.
...
Os textos reproduzidos integralmente a seguir têm como único
intuito a divulgação dos livros, e se possível, a sua compra. As únicas
alterações foram feitas em virtude do novo acordo ortográfico. Em caso de
requerimento sobre os direitos, favor enviar um e-mail ao contato. Grato.
Foi
confirmada a existência de mais dois caçadores de castelares! Cuidado com a
perícia destes seres, você não sabe onde serão suas próximas armadilhas!
...
Durante uma
investigação em área desconhecida do multiverso, um grupo de castelares
pesquisadores foi emboscado por dois seres não identificados. Um deles possui a
aparência de uma planta, verde-amarelado cheio de folhas, com cabeça em forma
de flor em botão e braços afiados e precisos que se alongam como os de um
louva-a-deus. Suas habilidades incluem camuflagem, perícia em emboscadas,
capacidade de se mesclar com vários tipos de materiais, inoculação de veneno e
dispersão de esporos que usa para criar criaturas semelhantes a ele que brotam
repentinamente do solo e engolem quem estiver por cima. Notou se também que sua
capacidade de regeneração é avançada, reconstituindo-se facilmente mesmo sendo
terrivelmente queimado. O outro Caçador aparenta ser um vampiro: pele azulada,
todos os dentes afiados, orelhas muito pontudas, cabelos negros e arrumados,
olhos escuros com fundo vermelho que transmitem ódio e repulsa, além de uma
ponta de tédio. Ele trajava roupas góticas de gala bem cuidadas e elegantes,
possivelmente feitas à mão, e levava um relógio de bolso dourado na cintura. Não
possui asas, mas possui grande velocidade. Seus poderes envolvem uma boneca de
porcelana de cachinhos dourados que emite maru de vibrações desconhecidas, ao
utilizá-la depois de encurralar um Castelar, a boneca começa a absorver a maru
vital de sua presa que perde a consciência e passa a ser controlada como sua
marionete. Esse poder foi cruelmente usado para enfeitiçar o líder do grupo,
que inevitavelmente atacou os outros integrantes e posteriormente faleceu por
exaustão. Pensou-se que pudessem ser seres hostis naturais do planeta, porém, o
sobrevivente do grupo que disfarçou sua morte tomando um preparado que
normalmente usaria para deixar um inimigo desacordado, afirmou veementemente: “Os
dois eram parceiros e partiram juntos numa nave boreal de última geração para
fora do planeta”! Estes seres foram classificados como de alta periculosidade
pelo Conselho de Nopporn e se estuda a possibilidade de se criar um grupo
especializado dentre os castelares para combater os misteriosos caçadores.
A Ordem dos
Senhores de Castelo aguarda mais informações para prosseguir com as
investigações. Não se tem ideia do porque dos ataques, mas isso pode trazer
desequilíbrio para a Ordem se isso continuar. Qualquer possibilidade de
encontrar tais caçadores serão consideradas e avaliadas pelos superiores da
Ordem. “Iqueróm wa puma, wa puma!”
...
Adendo:
Fica decidido, por força destas ameaças, convocar três
duplas de Senhores de Castelo para caçar os caçadores. Dentre estes, fica
recomendado por unanimidade, a presença de Thagir de Newho e Kullat de Oririn.
Deve-se ainda enviar um relatório para todas as bibliotecas
nos Conselhos da Ordem espalhados pelo Multiverso, detalhando os casos já
ocorridos e orientando que manifestem-se imediatamente em caso de suspeitas ou
informações.
REGISTRO DE UMA REUNIÃO DO CONSELHO DE NOPPORN
Transmitido ao Informe do Multiverso por G.Brasman (se dúvida, olha aí embaixo nos comentários).
OBS.(10/05/2012): Não deu outra! Um dos autores gostou do outro texto e... bem, fiz outro. Eu não pensei bem na possibilidade, talvez este blog se torne um Blog do multiverso afinal... Só o tempo dirá... Quem quiser curtir Senhores de Castelo no Facebook, segue o link aê! ^^
26/02/2013: Conforme a necessidade de compartilhar novidades com os fãs aumentou, os autores criaram um grupo no facebook para reunir ainda mais os amantes dos Senhores de Castelo. Segue o link:
Há séculos,
heróis de diversos planetas se juntaram para ajudar o multiverso a resistir a
um ataque que abalou a suas estruturas. Numa guerra de proporções nunca
imaginadas, estes heróis reunidos pela sábia Nopporn venceram seus maiores
inimigos, os espectros. Assim formou-se a Ordem dos Senhores de Castelo que
após estas lutas ferozes, decidiram permanecer unidos e se ajudar mutuamente,
como também a procurar e encontrar novos universos, planetas e sociedades que
queiram se juntar em nome da paz e prosperidade.
Com cerca
de três mil anos temporais – segundo o calendário dos Senhores de Castelo que
maximiza o tempo de todos os locais que possuem uma subsede da ordem como um
só, através de conversões apropriadas – uma das necessidades básicas que
precisava ser suprida entre tantos planetas era a comunicação. Com isso foi
criado o Informe do Multiverso, uma transmissora de rádio-visão que reuni uma
tecnologia única que só seria possível reunindo os conhecimentos de tantas
culturas diferentes. Esta rádio consiste basicamente da transmissão de ondas
específicas de maru que ressoa junto com os mares boreais e com as tatuagens
fantasmas, marca que designa um Senhor de Castelo oficial e que só pode ser
vista por outros castelares. Somente poucos seres podem ouvir ou ver o que é
transmitido, dependendo do aparelho alocado na subsede e do nível de tecnologia
do planeta, ou mesmo o nível de percepção sensorial que possibilita um ser vivo
de ouvir a transmissão diretamente em suas mentes.
Ao longo de
trezentos anos, a transmissora de rádio-visão se tornou popular entre os
planetas que aderiram a Ordem, por levar informações sobre as missões cumpridas
pelos castelares. Tornando-se um programa diário, a frequência específica foi
aberta a mais seres, alcançando ainda mais populações. Nesse meio se destacam
as aventuras de Kullat e Thagir, Senhores de Castelo honrados e reverenciados
pelos ouvintes do Informe do Multiverso, que combateram o terrível mago Volgo e
seus asseclas com a ajuda de seus amigos.
Infelizmente,
nem tudo são flores. O Informe do Multiverso vem tratando de assuntos sérios
nos últimos anos e eles não são nada favoráveis a Ordem dos Senhores de
Castelo. Ao invés de seres malignos se voltarem contra as sociedades de seus
planetas, eles estão atacando diretamente os Senhores de Castelo! Os castelares
não irão deixar isso barato e revidarão com todo empenho e vigor estes
atentados que põem a eficácia desta organização especial a prova. Acompanhem
comigo estas aventuras épicas, vocês não vão se arrepender!
“Dedicado ao meu
anjinho, queria ter sonhado contigo esta noite.”
En’hain
Eu me
lembro, no fundo eu me lembro, me lembro da primeira vez em que te tive nos
braços. Você estava tão cansado de tanto brincar depois de ter saído da sua
caixinha que adormeceu na cozinha, com um biscoito semi-comido na patinha.
Peguei-o nos braços, deveria estar com frio e eu não percebi, você se
aconchegou em mim e pela primeira vez eu tive uma certeza na vida: eu tinha que
cuidar de você.
Você era
especial pra mim e nunca me incomodou um momento sequer que dormisse na minha
cabeça ou nas minhas costas, eu adorava sentir o calor do seu corpo miúdo se
aquecendo com o meu e o seu pelo macio e vermelho roçar na minha pele. Aquilo
me acalmava e espantava a minha tristeza.
Você nunca
percebeu, eu sei que o bar precisa de doces e que você roubaria quantos pudesse,
mas eu sempre os comprava pra você. Eu sabia que se você gostasse ia se bom
para o bar e, mais do que isso, eu sabia que você ia sorrir com aquele
sorriso bobo tentando esconder que fez algo errado. Eu amava aquele sorriso e
me entristece muito saber que você me odeia.
Eu sou seu
mestre por ter aberto a caixa de onde vieste e não me sinto bem em ter que te
dar ordens se você as odeia tanto. Assustou-me saber naquele dia que você ia
embora se eu te desse uma gota do meu sangue e quebrasse a ligação que há entre
nós. Tomado pelo medo de te perder eu resisti, abri meu coração fechado de
dragão para que o levasse junto contigo. Só lhe daria o meu sangue na morte,
pois não haveria outra forma que não essa para me impedir de desfalecer no
momento em que partisse. Desculpe-me por isso, Santiago...
Todas as
noites eu dormia preocupado, tentando entender o que se passara naquele dia.
Meu pequeno garoto crescera e não me amava? Acho que foi isso que ocasionou a
minha mudança, quando fiquei mais parecido com um dragão, com garras e dentes
afiados de metal, cabelo de fios de prata e uma longa cauda que podia se abrir
em espinhos. Eu me sentia horrorizado com minha nova aparência, sentia vergonha
de mim mesmo. Então você veio, não deu a mínima para meu novo problema e se
acomodou nas minhas costas como se nada tivesse acontecido. Obrigado, Santiago.
Minha vida
não vale nada, cometi diversos erros e pus tudo a perder. Era inverno, ventava
e nevava forte naquela noite. Eu caminhei sem rumo esperando morrer congelado,
deixando tudo e todos pra trás. Eu não esperava encontrar uma floresta mágica
ou uma vila cheia de gatos meio humanos como os nekos, eu esperava unicamente
pela morte. Também não esperava encontrar você, meu anjinho... Não consegui
escrever essa carta sem borrá-la um pouco, desculpe. Eu te amo, Santiago, eu te
amo mais do que a mim mesmo, como um pai ama seu filho.
Sinto que algo ruim se aproxima,
eu não tenho me sentido bem, uma coisa ruim está me consumindo por dentro,
usurpando o meu lugar, tirando-me a vida. Talvez essa coisa já estivesse comigo
antes que eu me tornasse um dragão completo com a ajuda do Gunshin e temo por
ti, Akai, que isto lhe faça mal como fizera a minha família humana...
Guardo esta música comigo, porque
ela me lembra você. Era essa a música que tocava na primeira noite que te tive
em meus braços. Eu a levava comigo no celular que sem carregador ficou sem
bateria, mas pude usar o resto de energia da melhor forma possível. Você
começou a aperta o meu braço com força, devia estar tendo um pesadelo. Procurei
por uma forma de te acalmar e desesperado olhei para aquele aparelho eletrônico
que já não tinha mais utilidade para mim, me lembrando que uma música poderia
ser capaz de fazê-lo. Alguns dias antes, eu a ouvi num vídeo que me enterneceu.
No vídeo um pequeno bebê passava um tempo com o personagem principal da
história e vários momentos recortados foram colocados ao longo da música.
Pensei: “Por que não?” E de fato você, minha criança, se acalmou. Espero que ao
escutar essa música, se lembre de mim, pois esta é a sua canção de ninar...
...
Fim da carta.
...
Em algum lugar frio, no meio do inverno, o jovem neko que
usava um gorro para esconder as orelhas felinas parou no meio da rua e viu um
vendedor com diversos carregadores de celular numa lojinha com vitrines que
dividia espaço com a calçada. Ele mostrou o aparelho inerte e logo o vendedor
encontrou um carregador que servia nele, testando-o em seguida para demonstrar
que funcionava. Contente com o resultado, o neko pagou ao vendedor e foi para
sua nova casa, onde morava sozinho.
Chegando
lá, correu para a tomada e ligou o carregador ao celular. No plano de fundo
havia uma foto dele mais jovem nos braços do seu amigo e, procurando, encontrou
a tal música que se encontrava na carta. Não havia nome para descrevê-la em
nenhum parte da carta, mas ele sabia no momento em que a música começou a tocar
que aquela era sua música de ninar. Ele se encostou de costas na parede, não
conseguia ter forças para ficar em pé e escorregou até o chão, chorando:
– Eu queria
voltar...
...
Esta é a música:
Toda Vez
Me perceba
Pegue minha mão
Porque nós somos como...
estranhos quando...
o nosso amor é tão forte?
Porque continuar sem mim?
Toda vez que eu tento voar
Eu caio sem as minhas asas
Eu me sinto tão pequeno
Acho que preciso de você, baby
E toda vez eu te vejo nos meus sonhos
Eu vejo o seu rosto
Você está me assombrando
Eu acho que preciso de você, baby
Eu me faço acreditar
Que você está aqui
É a única maneira
Que eu vejo claramente
O que foi que eu fiz?
Você parece ter superado fácil
Toda vez que eu tento voar
Eu caio sem as minhas asas
Eu me sinto tão pequeno
Acho que preciso de você, baby
E toda vez eu te vejo nos meus sonhos
Eu vejo o seu rosto
Você está me assombrando
Eu acho que preciso de você, baby
Eu posso ter te feito chorar
Por favor, me perdoe
Minha fraqueza te fez sofrer
E essa música são as minhas desculpas
Ohhhh
De noite eu rezo
Para que em breve seu rosto
Desapareça
Toda vez que eu tento voar
Eu caio sem as minhas asas
Eu me sinto tão pequeno
Acho que preciso de você, baby
E toda vez eu te vejo nos meus sonhos
Eu vejo o seu rosto
Você está me assombrando
Eu acho que preciso de você, baby
Ouça a música original: Everytime - Britney Spears
En'hain fez uma foto parecida com essa abaixo por causa da montagem de vídeo com a música acima.