quarta-feira, 23 de maio de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Os Caçadores Sombrios


Exclusivo! Encontro com o Senhor de Castelo Thagir!
Informe do Multiverso



Começando transmissão...

            –Gente, vocês não vão acreditar! Lá estava eu, no meu horário de descanso, observando toda a imensidão da ilha de Ev’ve na torre da chama eterna, quando descubro que o mestre Thagir também tira um tempo pra relaxar e esticar as pernas no mesmo lugar que eu! E como ele me permitiu emitir para todas as Ordens de Senhores de Castelo do Multiverso a nossa conversa... Aqui vai!

...

            Fentáziz abre uma cartucheira, tira de dentro um cigarro e o acende com uma chama de maru laranja que faz surgir magicamente:
            –Você não deveria fumar nas dependências da ilha de Ev’ve... – Disse Thagir, subindo as escadas.
            –Ahn?! – Fentáziz procurou quem disse aquilo. – Ah, mestre Thagir! Se importa? Este é o único lugar em que eu consigo fumar sem ser interrompido pela guarda castelar.
            –Não... Mas este é um lugar sagrado, insisto que você não deveria fazer isso. – Fentáziz então dá uma grande tragada; a cena era muito melancólica, seu rosto não estava nada feliz.
            –Bem... O que o trás aqui? Há anos que sou o único que se lembra deste lugar numa hora como essa.
            –Venho aqui desde a época da Academia e as coisas não vão exatamente bem no serviço de repressão...
            –Sei. Tudo é bem feito, eles procuram sempre as melhores brechas... Afinal, sou eu quem está transmitindo tudo isso!
            –Me diga uma coisa Fentáziz, se você estivesse no meu lugar, o que você faria?
            –Depende. Todos os fatores devem ser...
            –...muito bem questionados. Aula de Estratégias e Estratagemas. Última aula daquele professor baixinho... Ele ainda dá aulas na Academia?
            –Sim e ainda continua rabugento como sempre!
            Os dois riram, pareciam dois colegas, dois aprendizes que se conheceram no primeiro dia e se tornaram amigos de infância.
            –Então, Fentáziz, muito se fala de você, mas ninguém sabe de nada... Porque isso? – Fentáziz deu outra tragada.
            –Sabe o que é ter mais de cem anos e ainda não ter sido aprovado na Academia?
            –Não brinca! Mas você parece mais jovem do que eu! – Thagir olhava incrédulo.
            –Heheh... Digamos que eu não tenha tanto orgulho de mim. Eu tive a sorte de me concederem à honra de fazer as primeiras transmissões do novo sistema de emissão específica de maru há alguns anos e tenho sustentado elas com todo o meu empenho. Sabe quantas pessoas trabalham no Informe do Multiverso?
            –Verdade... Nunca reparei nisso também. Quantas pessoas trabalham lá?
            –Duas... Eu e o cameraman. Ele também não deu muito certo na prova dos trezes dias e se juntou a mim para fazermos esse bico por aqui. O Informe do Multiverso não vai durar muito, não é? Estão desconfiados que eu ou que as transmissões estejam vazando informações importantes para os Caçadores Sombrios. Estou certo?
            –... – Thagir ficou calado por um instante, era como se Fentáziz adivinhasse que ele queria falar justamente sobre o fechamento do Informe do Multiverso.
            –Não tem problema... – Ele sorriu. – Não tem como haver mais lugar pra mim mesmo aqui.
            –Você tem certeza? Eu posso falar com os anciões...
            –Por favor, não insista. Mesmo que eu continue aqui por algum tempo, alguém por aí ainda vai encontrar um jeito de usar o Informe do Multiverso contra os Senhores de Castelo. Às vezes temos que saber a hora de desistir e encontrar algo novo para fazer... – Por algum tempo, o silêncio pairava no ar, incomodando aos dois, sendo quebrado apenas pela última e profunda tragada de Fentáziz que logo terminou de apagar a bituca e escondê-la na cartucheira.
            –E o que você pensa em fazer depois daqui? – Perguntou Thagir.
            –Bem, como eu sou um mago, vou continuar meus estudos em algum lugar, eu acho... Não tenho muita certeza do que fazer exatamente. Possibilidades demais para se fazer uma única escolha.
            –E o seu planeta natal? Você não disse de onde veio.
            –O planeta onde nasci não existe mais... Foi consumido por uma explosão solar que o desmanchou no espaço. Eu já havia sido mandado para cá alguns anos antes e por um acaso acabei sobrevivendo. Como era um planeta do primeiro quadrante que não tinha muitos recursos naturais, seu comércio com outros planetas era nulo. Apesar de haver um portal marcando a saída para os mares boreais, ninguém saía de lá. No entanto, diversos foragidos espaciais se escondiam e escravizavam a população. Foi o próprio N’quamor que liderou a derrota dos bandidos e libertou meu povo, antes de ser oficialmente eleito o próximo regente da Ordem de Nopporn. Chego a pensar que o que ele fizera fora em vão. De qualquer jeito o planeta seria expurgado do multiverso...
            –Você é o último de sua raça?
            –Acho que não preciso dizer... Bem, há algo que eu queria dizer, mas não consegui até agora.
            –Pode dizer, estou ouvindo
            –Você conhece a lenda dos planetas Curanaã e Oririn?
            –Que lenda? – Thagir tentava se lembrar, puxando pela sua boa memória, mas nunca tinha ouvido falar que o seu planeta e o planeta de Kullat tinham uma lenda em comum.
            –A lenda dos Deuses Gêmeos... Bem, a história é mais ou menos assim. Quando o multiverso ainda não existia, existiam apenas os seres de Ébano, os seres primordiais que habitavam o vazio e desenvolviam a existência a seu bel-prazer. Em seus devaneios eles brigavam constantemente uns com os outros para descobrir quem possuía a melhor ideia. Dentre essas criações surgiram os Comedores de Sonhos, seres titânicos e maldosos que consomem qualquer ideia. Para poder preservar a suas próprias ideias, a Grande Mãe deu a luz a deuses gêmeos iluminados, Brasman e Norris. Suas ideias eram novas e seu carinho pela criação era tremendo. Os Comedores de Sonhos, porém, são seres famintos e insaciáveis. Quando destroçaram seus próprios criadores, foram atrás das ideias dos jovens deuses que lutaram bravamente para preservar aquilo que a Grande Mãe e eles criaram. Foi então que nasceu a melhor ideia que eles poderiam ter: a Espada do Infinito, um instrumento divino que uniria suas forças opostas e expulsaria os comedores de sonhos de sua morada. Pelo que diz a lenda, a força emitida pela espada foi tão grande que se propaga eternamente formando os dois multiversos...
            –Como assim, dois? A teoria que emenda todos os universos no multiverso não se aplica a tudo? – Interrompeu Thagir, interessado na conversa.
            –Sim, o multiverso é um só... Só que ele é dividido em dois. Um lado positivo e outro negativo. Pelo que se entende ainda existem emissões do outro multiverso sendo propagadas, elas apenas não duram muito, se desintegram rapidamente. Digamos que desse lado, existe a maru em grande quantidade e do outro, a antimaru em grande quantidade. Se quantidades iguais dessas duas energias se juntarem, elas se desintegram. No meio de tudo isso, uma fina camada de vazio ainda continua, equilibrando os dois lados. Os Comedores de Sonhos estão presos lá e o que garante que tudo se mantenha do mesmo jeito são as Estrelas Escuras, as ideias mais bem arquitetadas para a sobrevivência das ideias da Grande Mãe.
            Thagir estava maravilhado com o achado, do lugar que menos se esperava, surgiam respostas para muitas perguntas:
            –E onde os planetas Curanaã e Oririn entram nisso?
            –Eles são os restos dos deuses Brasman e Norris... A Espada do Infinito consumiu toda a maru vital deles e se dividiu em duas, vagando pelo multiverso. Um lado gerou Curanaã e a outra Oririn quando encontraram orbitas de rochas e poeira em seus respectivos sistemas... Bem, é o que o culto a Grande Mãe prega. Ele quase não existe mais, os últimos que adoraram a Grande Mãe eram os espectros e, veja, eles quase foram extintos.
            –Como você sabe de tudo isso? Nem eu nunca ouvi falar disso e provavelmente Kullat também não.
            –Tudo está nos Códices de Oririn e Curanaã... Duas ideias que só são compreensíveis juntas. Quando se tem tempo de sobra pra ler e estudar culturas primitivas e mortas, às vezes você encontra algo quando alguém acidentalmente mistura tudo.
            –E onde estão os Códices agora?
            –Em seus respectivos planetas, guardados como relíquias nas sedes das ordens por Senhores de Castelo sob o comando direto de N’quamor e Lorde Grageon. Isso já faz mais de cinquenta anos...
            Thagir estava felicíssimo com as novidades, sabia que Fentáziz tinha seus motivos para guardar o segredo que somente ele descobriu por acaso e não teve dúvidas, apertou-lhe a mão em sinal de agradecimento:
            –Pode publicar isso, meu caro, quero que todas as sedes saibam da lenda dos Deuses Gêmeos!
            Nesse momento, Kullat, que procurava por Thagir, subia as escadas. Ele ia dizer algo, mas foi abruptamente interrompido por Thagir:
            –Velho amigo, vamos viajar!
            Os dois desceram e Thagir apenas acenou para Fentáziz, sem maiores despedidas.

...

            –Foi isso o que aconteceu... Acho que os dois vão viajar de volta para casa essa noite.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Gatos, gatos e mais gatos! Nekos, só pra variar...


            Este é um acumulado de imagens de gatinhos que eu compartilhei no facebook, como não poderia deixar de ser, os comentários sobre os meus próprios gatos ficaram super divertidos. Confira!
001 - Gurei... é você? O.O
002 - “Fique quietinho, tô tentando dormir...”


003 - Akai, seu bichinho bobo, onde você se escondeu meu filho! ^^
004 - Chiii... Gurei, para com isso... Tá me assustando... ._.
005 - Neko! \o/
006 - Fica não...
007 - Gurei?! O.O Gatinho mal, olha a liguinha pra você também! :P
008 - Akai, seu gatinho bobo... =3
009 - Gostei dessa Akai! ^^
010 - Akai! O que aconteceu com seu pelo! O.O
011 - Tá certo Gurei, mas precisava ser chato logo comigo?! -_-'
012 - Seus gatinhos maravilhosos! *¬*

013 - Nunca mais deixo o Gurei usar o pc... Até ele ficou viciado! ._.'

014 - Akai, Gurei... Parem com isso... ._.'



 
            Se você adora gatos e tem sugestões pra mim, pode mandar! Ficarei feliz - *sorriso de gato* - em fazer mais posts como este! =3


Devil's Drink 16# - Sasha

            Um dia como os outros, En’hain estava cuidando da Toca dos Gatos sozinho, Gurei havia levado Akai para passear pela vila e comprar alguns docinhos que, sem motivo aparente, haviam acabado. En’hain pensava na vida, lembrando de sua velha sina. Desconhecer o futuro, não entender o presente e não querer lembrar-se do passado sempre o atormentava. Mas tinha bom coração, era o que importava. Talvez sim, provavelmente não...
            Ao sair para limpar a entrada, En’hain se deparou com um inunin, um homem cão, um lobisomem se preferirem. Ele estava esfarrapado e parecia com fome. Qual não foi a surpresa de En’hain quando ele disse:
            –Se me der um prato de comida, passo varrer pra você. – O homem cão parecia meio constrangido em dizer aquelas palavras, qualquer um ficaria constrangido em falar algo parecido.
            –Entre... – Disse En’hain, lembrando que seu amigo Gurei um dia também havia chegado à Vila dos Gatos num estado parecido.
            Lá dentro, En’hain não se demorou na cozinha e serviu um prato de sopa bem quentinho que já estava preparando para o almoço. Um prato a mais servido não faria falta. En’hain ficou admirando o novo espécime que conhecera, tinha cara de cachorro, diferente dos nekos que geralmente tem uma forma mais humana e que podem se transformar em completamente em humanos ou completamente em gatos. O ‘cão sem dono’, como En’hain achava lhe parecer melhor o convidado, verteu a sopa com entusiasmo, chegando a pedir mais algumas vezes. Estando satisfeito, levantou se, pegou a vassoura e foi varrer a entrada do bar, como havia prometido. En’hain sorriu:
            –Meu nome é En’hain, qual é o seu? – Perguntou, percebendo o deslize.
            –Meu nome ser Sasha, eu vir do grande mãe Rússia. – O inu abriu as mãos tentando demonstrar o quão grande era o seu país.
            –Então é russo... Não deve conhecer esta região da Europa, eu presumo.
            –Dah! – En’hain não falava russo, mas sabia que aquilo significava sim.
            –E o que te trouxe a essas bandas?
            –Estar procurando amigo...
            En’hain sentiu certa nostalgia, estava achando aquela simples conversa algo incrível:
            –Hun, e sabe onde ele está? – Indagou En’hain.
            –Ele partiu pro Vila dos Gatos, saber onde é?
            –Meu amigo, você está nela! – En’hain pôs a mão no ombro do inu, que começou a abanar a longa cauda freneticamente.
            –Então você conhecer um gato de pelo cinza azul com um olho?
            –Isso até parece de javu! Então você conhecer Gurei? Quero dizer, ele trabalha aqui...
            –(Finalmente!) – O inu falava em russo, mas sua animação era compreensível, aparentemente ele deve ter feito a mesma loucura que Gurei. – Encontrei Alexander!
            –Heheh... – En’hain sorria, mas em seus pensamentos ele pensava algo como “Porque aquele desgraçado não me disse?”.
            Nesse momento Gurei, que trazia Akai nas costas, estava chegando ao bar:
            –En’hain! – Gritou ele sem perceber que Sasha estava ali. – Como é que você agüenta essa pirralho o tempo to... do... Mas que merda é essa?!
            –Me parece que um amigo seu da Rússia veio te visitar... – Disse En’hain, com um sorriso sarcástico no rosto enquanto pensava: “Heheh, se fudeu!”
            –Alexander... – O cara de cachorro estava atônito com a chegada de seu amigo. – Senta! – Disse de repente e entrou dentro do bar.
            –Ora seu! – Gurei xingou muito o inu, falando pela primeira vez em russo ao mesmo tempo em que deixou Akai no chão e ia sentando calmamente, do jeito dele, numa cadeira das mesas externas. – En’hain, seu desgraçado, onde foi que você achou o Sasha?!
            –Nyaaa?! – Akai estava confuso com aquilo.
            –Então ele é o seu dono?! Pensei que tivesse sido criado por humanos...
            –Argh! Eu fui... Pelos pais dele, ele era muito pequeno pra saber da minha existência... Aliás, eu não tinha a menor ideia de que ele era um lobisomem...
            –Heheh... – Akai subiu nas costas de En’hain enquanto isso.
            –Tire esse sorrisinho da cara, senão eu arranco o teu coro de dragão! – Gurei apontava as garras felinas com olhar assassino.
            –Relaxa! – En’hain olhava para Akai que estava com a cabeça em seu ombro.
            –Ahn? – Gurei estranhou, pensava que En’hain iria tirar sarro da cara dele.
            –Ele era diferente, não era? – En’hain deu um pirulito para Akai.
            –...?! – Gurei parou por um instante, desviando o olhar em seguida.
            –Me diga uma coisa, o que os pais dele faziam? – En’hain deu um pirulito pro Gurei também.
            –... – Gurei hesitou por um instante. – Eram da máfia russa...
            –Então tá explicado... Veja, ele está voltando.
            O dialogo estava se desenrolando em russo no começo, mas acabou por terminar na nossa língua:
            –Por que você fugir? – Perguntou Sasha.
            –Porque eu quis... – Gurei desviava o olhar.
            –Ele não aguentava mais os maus-tratos... – Se intrometeu o barman.
            –En’hain não se intrometa na nossa conversa! – Gritou Gurei.
            –Nem pensar... Você é meu amigo e ele precisa saber... – En’hain fazia cafuné em Akai.
            –Saber o quê? – Procurou saber o cão russo.
            –Droga! Ele não precisa saber... – Gurei estava muito exaltado.
            –Saber o quê?! – Insistiu Sasha.
            –Foram os seus pais que deixaram essa cicatriz no rosto dele...
            –Filho da puta! En’hain, você me paga!!! – Gurei estava mais violento que gato com medo com de água que sabe que vai tomar banho.
            –Eu já saber... – Falou Sasha.
            –Ahn?! – Gurei estava confuso.
            –Como é?! – En’hain pensava, “estragou tudo”!
            –Por isso vir atrás de você, você esquecer isso. – Sasha tirou de sua velha sacola o maior tesouro de Gurei.
            –Minha caixinha! – Uma lágrima despontava no canto do olho de Gurei.
            –Você não tinha perdido ela?! – Perguntou En’hain.
            –... – Gurei ficou olhando para ela por um momento. – Podem nos deixar a sós?
            –Claro... – O que En’hain pensava por trás do sorriso forçado era algo como: “Caralho, justo na melhor hora!
            En’hain se retirou com Akai e foram pra dentro do bar. O barman terminou de fazer a sopa – Sasha tinha tomado mais da metade. E ficou pensando no que os dois estavam falando lá fora:
            –Nyaaa?! Você não quer saber o que os dois estão fazendo? – Perguntou Akai.
            –Não, não quero Santiago... – En’hain estava perdido em seus pensamentos.
            –Nyaaa?! – Akai estranhou um pouco ser chamado pelo nome.
            –E você, bichinho levado, trate de escovar mais os dentes. Comendo tanto doce assim você vai acabar ficando com cárie.
            –Nyaaa... – Akai não gostava que mandassem nele, mas estava curioso. – Como você sabe?
            –Eu apenas sei, meu amigo.– E ficou olhando para na direção da porta, pensando no que acontecia do lado de fora. – Eu apenas sei...
            Foi assim que na Vila dos Gatos começou a ter também um cachorro...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Os Caçadores Sombrios


Senhora de Castelo, Laryssa de Agabier,
é atacada por Caçador!
Informe do Multiverso



Começando transmissão...

            –Sim, foi confirmado que a Senhora de Castelo Laryssa do reino de Agas’B e seu fiel amigo e autômato Azio relatam terem sido abordados enquanto se encaminhavam para a ilha de Ev’ve para dar suporte na caçada aos caçadores. Estamos aqui com ela, a famosa mulher que foi admitida na Academia da Ordem dos Senhores de Castelo especialmente para que ela mesma nos fale sobre o ocorrido. Conte-nos Laryssa, como foi, o que realmente aconteceu? – Iniciou Fentáziz, o repórter.
            –Eh, bem... – Laryssa se sentiu um pouco constrangida em estar falando paras as câmeras, coisa da vaidade, talvez. – Acho que não foi um ataque muito bem sucedido...
            –Por favor, não pare, todos querem saber o que aconteceu! – Disse Fentáziz empolgado.
            –Aconteceu um imprevisto e...
            –E?
            –Bem, foi assim. Eu estava no reino de Agas’B, onde sou princesa, retornando de uma missão que tive no deserto da Solidão, no meu planeta natal, quando recebi uma carta mágica mandada pela Ordem. Na carta dizia: “Querida Laryssa, venho lhe pedir que compareça com urgência ao Conselho de Nopporn, para se juntar ao grupo de repressão aos Caçadores Sombrios. Thagir não está lidando muito bem com a pressão de lidar com tamanha responsabilidade. A presença de uma amiga poderia ajudar muito agora...”
            –E quem mandou a carta? – Disse Fentáziz tentando tirar mais informações da moça.
            –...! – Laryssa ficou vermelha. – Isso não vem ao caso...
            –Por favor, continue...
            –Onde eu estava? Ah! Sim... Prontamente me pus a caminho da ilha de Ev’ve no primeiro navio boreal que partia para cá. Ele tinha uma parada antes de chegar, mas fiquei muito feliz que aquilo tenha ocorrido...
            –O que aconteceu?
            –Para minha surpresa, meu querido amigo Azio embarcou no navio durante aquela parada.
            –Algum motivo em especial?
            –Ele também havia recebido a mesma mensagem. – Laryssa olhava para baixo tentando esconder o olhar. – Depois de recepcioná-lo corretamente... – O autômato, que estava atrás das câmeras, piscava os olhos vermelhos, pensando em algo diferente. – Nos retiramos para nossos aposentos e passaríamos a noite assim, para chegarmos aqui pelo amanhecer da ilha de Nopporn.
            –Foi durante a noite que ocorreu o ataque?
            –Sim... Eu estava sem sono, ansiosa para chegar e reencontrar este lugar tão maravilhoso. Resolvi ir para o convés do navio e observar as estrelas para passar o tempo e encontrei alguém muito estranho.
            –Era um Caçador?
            –Não sei ao certo. Ele era alto, bonito, jovem, vestia roupas de bardo, com um chapéu com pena e tocando uma bela canção em sua lira. – Laryssa tinha ar de desprezo. – Eu não iria falar com ele, mas ele insistiu em falar...
            –O que ele lhe disse?
            –Ele disse o seguinte: “Boa noite, bela donzela”, eu achei estranho, mas já que estava escuro mesmo, não falei nada. E continuou: “Meu nome é Singo, o bardo do luar, um encantador de feras. Gostaria de ouvir uma de minhas músicas? Acabei de compor esta quando vi sua grande beleza atravessar aquela porta”. Eu pensei: “O que esse homem quer comigo? Tentando uma cantada?”, não falei nada, não queria ser indelicada. E ele começou a tocar. A melodia era linda, parecia me fazer ver os melhores sonhos da minha vida, me fazendo suspirar...
            –Era um encantamento?
            –Possivelmente. Havia alguns animais logo abaixo de onde estávamos e eles, antes ouriçados com o estresse da viagem, pararam do nada. Até o brilho das estrelas havia diminuído com aquelas notas, como se adormecessem na mais bela das canções. Aquilo era mágico...
            –E como saiu do transe hipnótico?
            –Que transe?
            –A Senhora de Castelo não caiu no transe do encantamento?
            –Hun... Não. – Laryssa estava pensativa. – A música era bonita e tal... No entanto, creio que não caí no feitiço.
            –Você sabe como?
            –Não sei ao certo, acho que sou imune a ele. Minha aura natural que me possibilita falar com os animais tem atrativos poderosos que herdei de minha mãe...
            –... – Fentáziz fez um momento de silêncio, pensando na próxima pergunta. – E o que aconteceu com o bardo?
            –Eu fiquei parada, ouvindo. Do nada ele se virou para mim, segurou levemente o meu queixo e tentou me beijar...
            –Ele conseguiu beijá-la?
            –Ah! Nem me fale nisso! Dei lhe um chute bem dado e voltei aos meus aposentos.
            –E o que aconteceu a ele?
            –Lembro-me de deixá-lo gemendo. Quando perguntei ao Capitão do navio se o bardo que estava abordo estava bem, ele disse-me que não havia bardo algum como passageiro ou tripulante.
            –Foi daí que lhe veio a suspeita?
            –Não... Foi quando fui ao encontro de Azio para lhe contar sobre o ocorrido. – Os olhos de Azio piscaram. – Quando entrei no corredor, as máquinas que haviam no lugar ficaram loucas. Procurei por Azio e o vi abraçado à...
            –O quê? – Fentáziz aproximou o corpo, demonstrando interesse.
            –Outro autômato!
            –Sério?!
            –Sério...
            –Não acredito! Ainda existem outros autômatos além de Azio?
            –Eu não sei dizer... O multiverso é grande, ainda temos muito que explorar.
            –E como saber se o autômato não era uma simples máquina? – Indagou o repórter.
            –De acordo com o Azio... – Ela acenou para ele, que correspondeu ao sinal levantando a palma da mão, sem erguer o braço. – ...ela se apresentou formalmente a ele, como faziam os binalianos.
            –Ela? Existe autômato fêmea? – Perguntou o repórter mais surpreso ainda.
            –Como disse, eu não sei ao certo, não entendo de robótica ou automação. Ele me disse que ela o escaneou a laser transmitindo lhe todas as informações. Seu nome era Elatra. – Azio piscou novamente os olhos, abaixando levemente a cabeça para frente, em sinal de consentimento. – Suas formas eram delgadas como de uma mulher, o corpo metálico era prateado, tinha uma faixa metálica na altura dos olhos e duas antenas no lugar das orelhas. Acho que era isso...
            –E o que os dois estavam fazendo ali?
            –Pelo que percebi, ela estava emitindo um sinal supersônico que reagiu aos controles internos de Azio que estava parado, completamente estático contra a parede e seus olhos não paravam de piscar. Além disso, algumas faíscas estavam saltando de suas ligações internas, sugerindo um curto-circuito.
            –Aconteceu tudo isso?!
            –Foi o que ele me disse depois que eu gritei o nome dele... Elatra se assustou comigo e desapareceu, como um fantasma, o que sugeriu interação direta de poderes espectrais. O resto é história...
            –Muito bem... Obrigado por essa participação extraordinária Senhora de Castelo Laryssa, seus fãs do multiverso vão adorar revê-la!
            –Que é isso! – Laryssa sorriu com a lisonja. – Obrigado você por manter todas as sedes da Ordem a par de todos os acontecimentos no multiverso!
            –Estivemos aqui com esta fantástica mulher, guerreira, Senhora de Castelo e acreditem ou não, ela ainda é princesa! Esperamos que logo, logo possamos anunciar com exclusividade o seu casamento! – Laryssa voltou a ficar vermelha. – Até o próximo Informe do Multiverso!

...

Gravação continua...

...

            –Gravou tudo diretinho? – Perguntou Fentáziz ao cameraman.
            –Sim, senhor.
            –A entrevista ficou perfeita. – Voltou se para Laryssa. – Você deveria pensar em apresentar um programa para o quarto quadrante, sua simpatia ilumina o lugar!
            –Obrigada... – Laryssa foi em direção de Azio, para segurar lhe a mão.
            Nesse momento, alguém de branco chama a atenção de Laryssa, que vai alegre ao seu encontro. Aparentemente a moça foi surpreendida com uma bronca:
            –O que você está fazendo?! – Disse baixinho.
            –Mas eu só... – Tentou responder.
            –Não fique andando por aí falando com qualquer um... Temos suspeitas de que alguém pode estar traindo a Ordem!
...

Transmissão encerrada...

Elatra: Até entendo porque o Azio caiu na armadilha...

Crônicas dos Senhores de Castelo: Conhecendo a Maru


Possíveis utilizações da Maru
Informe do Multiverso



            Existem diversas utilidades para essa vasta energia do multiverso que conhecemos como maru. O principal indicativo de sua utilização é através de sua cor. Veja a tabela:

Vermelha – Maru rara, ligada ao elemento fogo, destruição e caos. Possui vibrações sombrias.
Azul – Maru ligada à energia, à espiritualidade e ao elemento água. Também pode ser considerada ligada ao eletromagnetismo dependendo da intensidade.
Amarela – Maru ligada ao elemento terra, ao poder do espaço, à distorção espacial. Comumente utilizada para comprimir coisas grandes em pequenos espaços.
Verde – Maru ligada aos vegetais e a energia de cura. Também é conhecida como maru da natureza viva.
Violeta – Maru ligada à magia e à espiritualidade de níveis altos. Possui vibrações sombrias.
Índigo ou Anil – Maru parecida com a maru violeta, ligada à magia e à espiritualidade de níveis altos, porém mais azulada. É livre de vibrações sombrias.
Laranja – Maru ligada à energia vital, ao fôlego, a energia desprendida em um exercício. Esta maru é ligada ao elemento fogo.
Branca – Maru ligada ao sopro da vida, ao movimento, à levitação e ao elemento ar. Também pode ser considerada uma energia fria, estática e persistente, depende de quem a usa.
Cinza – Maru neutralizada, quando adquire esta cor ela se torna inerte. Geralmente é possível ver esta cor nas jóias de maru que se quebraram e perderam a essência.
Preta ou Espectral – Maru extremamente sombria e poderosa, utilizada originalmente pelos espectros na tentativa de destruir o multiverso. Ela é ligada a invisibilidade, às sombras e é difícil notar sua presença. É necessário um alto nível de perícia em detectar maru para conseguir vê-la.
Marrom – Maru ligada ao elemento terra e à insurreição (a prática de evitar a morte), sendo percebida normalmente em mortos-vivos e em áreas que magias deste gênero foram utilizadas, como cemitérios. Possui vibrações sombrias.
Rosa – Maru ligada à natureza animal. Sua única função até o momento é na utilização dos poderes de controle de mente, de persuasão e na união de casais.
Cristal – Maru rara, percebida somente em seres considerados deuses ou em objetos divinos.
Dourada – Maru rara, percebida somente em seres ligados às estrelas – independente da cor da estrela.
Rubra – Maru rara, ligada a guerra e a carnificina. Somente seres caóticos que se banham no sangue de inocentes já demonstraram este tipo de maru. Possui vibrações altamente sombrias.

            A maru pode possuir outras funções dentro da mesma cor que ainda não tenha sido relatadas. Apesar de todas essas considerações, são necessárias ainda muitas pesquisas para confirmar suas utilizações. Um exemplo é o coração de Thandur que possui emanações azuis e tem tendências de controle do tempo e do aumento de percepção espacial.
            Outra coisa a considerar é sobre o aspecto das jóias feitas de maru. Seu poder e intensidade dependem exclusivamente da pureza com que foram feitas. Os índices utilizados pelos ferreiros de maru vão do 5 ao 1, quanto mais pura menor é o número, sendo que jóias de índice 6 são consideradas falsas. Este índice é baseado no brilho das estrelas, quanto menor o número mais brilhante elas são. A maior pureza encontrada até agora está contida nos cristais vermelhos da pistola de Amadanti, considerada de 0,1. As jóias de Landrakar originais possuem índice de pureza menores que 1 e suas cópias não conseguem passar disso. Outro caso peculiar é o da pureza do coração de Thandur, considerada entre 0,3 e 0,2, podendo ser chamada de: a jóia viva.
            Por fim, temos as combinações de cores, o uso conjunto e um tanto instável das funções da maru, exceto os poderes místicos das jóias de Landrakar, que possui emanações amarelas e azuis e consegue alocar muito bem uma grande gama de armas e munições. Este é um conteúdo restrito, é de total responsabilidade de um usuário de maru conhecer suas combinações naturalmente (os casos de explosões e ferimentos fazem dessa arte um verdadeiro perigo – se quiser se arriscar o problema é seu).
            Este conteúdo é incompleto, caso haja novas considerações, favor avisar ao Informe do Multiverso que teremos total prazer em atualizar a lista.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Os Caçadores Sombrios


Senhores de Castelo contra Caçadores Sombrios:
Primeiro confronto
Informe do Multiverso



Começando transmissão...

            –Rhu’ia! Senhores de Castelo! Depois de um grande esforço de nossos laboratórios em recuperar os arquivos danificados, finalmente podemos transmiti-los. A luta contra os Caçadores Sombrios fora ferrenha, tivemos perdas irreparáveis, mas cumprimos nossa missão. Aqui é Fentáziz do Informe do Multiverso.
...

Câmera 1 – Suit do Castelar Mapeador, entrada no continente tubular.

            –Como você sabia que dava para ligar a máquina de distorção nesses tubos gigantes? – Perguntou o Capitão.
            –Foi um palpite, os tubos estão plenamente fechados, provavelmente para manter os ecossistemas em equilíbrio. Não foi difícil deduzir o resto. A porta é também uma grande armadilha... Genial! – Disse o Mapeador, ainda com ar de entusiasmo.
            –... – O Capitão fez uma cara estranha, já que não entendia muito bem dessas coisas.
            Dentro do tubo continental, realmente era possível se sentir como se estivesse em um planeta, onde o ar era fresco e o vento soprava. Havia áreas de mata incríveis, muito bem cuidadas, com diversos tipos de árvores. As rochas eram ricas em limo e musgo, sugerindo temperaturas ideais para a vida. Porém, não havia tempo a perder, havia um Senhor de Castelo a ser resgatado!

...

Câmera 2 – Suit do Castelar náufrago.

            –(Puf, puf) – O Senhor de Castelo arfafa constante, os níveis de oxigênio já estavam no limite. – Onde eles estão!
            –La... La... La... La... – Fazia alguém ao fundo.
            –Droga! Já estou quase no meio desse negócio e ele ainda não desistiu! – O Senhor de Castelo virou-se e liberou uma rajada de maru elétrica para trás, explodindo em qualquer lugar e levantando grande poeira.
            –Vamos brincar? – Perguntou uma criança que sorria na sua frente, vestida com roupas de marinheiro azuis e brancas que carregava uma esfera amarela nas mãos.
            –Merda! – Gritou o castelar que saiu correndo.
            Infelizmente, era um pouco tarde demais, o alcance dos poderes do caçador pegaram o seu braço, onde ele segurava o cetro com uma jóia de maru azul. O braço e o cetro foram brutalmente destroçados, como se fossem feitos de papel sendo revirados e torcidos. O grito do castelar repercutiu por todos os lados. Ouvindo, o grupo de resgate não tardou em usar a propulsão para chegar mais rápido.
...

Câmera 1

            Finalmente, o encontro dos castelares com o caçador:
            –...? – O Capitão estranhou ver aquela criança tão gentil na sua frente que sorria docemente.
            –FUJAM!!! – Gritava o castelar ferido. – Se vocês entrarem no alcance dele vocês irão morrer!!!
            A esfera do garoto brilhou com mais intensidade:
            –Mais gente pra brincar, que bom! – O caçador sorriu e lançou um campo de distorção que visivelmente alterou a imagem que se formava ao seu redor.
            Dois dos castelares comandados pelo Capitão tentaram usar seus escudos de retenção. Fora em vão, o poder do caçador destroçou os dois com grande facilidade. O Capitão sentiu imenso desprazer e começou a usar as armas de sua supersuit que surgiam da jóia no pescoço conforme sua vontade:
            –Tome isso seu desgraçado!!! – Três mísseis foram lançados.
            –...! – O garoto sorriu de alegria, virando levemente a cabeça sobre a esfera, desviando os mísseis de direção, causando grandes explosões dos lados. Nem mesmo a poeira chegava perto dele...
            –Mas que droga?! – Berrou o Capitão perdendo a paciência e mirando novamente na criança.
            –Pare Capitão! – Intercedeu o Mapeador. – Você pode atingir justamente quem viemos buscar.
            –...!!! – A raiva do Capitão transbordava sem poder ser colocada pra fora.
            Nisso, outra dupla dos castelares subordinados fizeram um sinal entre si. Colocaram as mãos no chão e lançaram um feitiço sobre as rochas, que se levantaram para o alto, separando o caçador de sua presa. Os outros dois restantes usaram um dispositivo de suas suits e aumentaram suas velocidades. Enquanto o caçador viria para frente, eles iriam ao encalço do castelar ferido. O ataque dera certo, não fosse o caçador usar aquela grande porção de rocha para atacar o grupo de resgate. Conseguiram chegar até o castelar, agora era preciso tirar ele daquele lugar:
            –Não gostei disso! – Disse o caçador com tom mimado e rebelde.
            –Ah, não vai não! – O Capitão jogou uma granada potente na grande rocha que rachou em vários pedaços, desviando o ataque dos alvos.

...

Câmera 2

            –Vocês... Vocês... – O castelar ferido tentava falar, mas por causa da dor e do cansaço, não conseguia.
            –Não fale... Você está cansado. – Acudiu um dos Senhores de Castelo que veio ajudá-lo e tentava aplicar-lhe alguma maru curativa.
            –Tem... Tem outro!
            –O quê?! – Os outros dois olharam para trás e foram pegos pelo capacete por manoplas enormes que os ergueram no ar.
...

Câmera 3 – Supersuit do Capitão.

            Do outro lado, a poeira baixava, revelando que a criança estava com grande raiva e desgosto. Começando a quicar sua esfera no chão compassadamente, fez tremer todo o plano tubular:
            –Não quero mais brincar!
            Os dois subordinados que estavam à frente do Capitão se desequilibraram com os tremores e caíram no chão. A esfera flutuou com rapidez na direção deles, acertando em cheio o peito de cada um, um após o outro. Vieram a óbito instantaneamente:
            –Não! Seu miserável! – O Capitão sacou um arma de feixe de maru, ainda era experimental e sugaria toda a energia de sua supersuit, não teve dúvida e atirou. – Você me paga!
            O feixe amarelo acertou em cheio, levantando nuvens amarelas até o alto:
            –Mas o quê?! – O Mapeador olhou mais atentamente, o que o Capitão acertara fora outra coisa.
            –Não, não, não! Isso não pode estar acontecendo! – Gritava o Capitão, desesperado.
            Não havia dúvida, à sua frente pairavam os corpos dos dois últimos castelares subordinados, completamente obliterados, sumindo no ar. O que os estava carregando eram manoplas, as luvas de ferro de uma armadura que começava a surgir por detrás do garoto, revelando um ser gigante, metálico, escuro, com labaredas de maru sombria saindo pelas junções, como uma grande sombra:
            –Que poder! – Disse a armadura com tom medonho e lento. – Devem tomar mais cuidado quando usarem isso, quase acertaram o meu filho...
            –Quem é você?! Porque está nos caçando?! – Gritou o Mapeador, enquanto o Capitão estava atônito.
            –Eu sou o Cavaleiro Fantasma e este é meu filho Xerubim, o anjo da distorção. Somos caçadores sombrios, caçamos Senhores de Castelo para o Mestre!
            –Se é assim... – O Mapeador abriu e tirou sua suit, colocando-a de volta na jóia de seu bracelete.
            –Mapeador, o que está fazendo?! – Perguntou o Capitão, que recebeu o bracelete do companheiro em mãos.
            –Este é o dia de bravura, meu amigo... – A energia da supersuit do Capitão foi restaurada. – Você precisa ser forte e levar o Senhor de Castelo ferido daqui.
            O Capitão estava receoso de ouvir aquelas palavras, sabia que um dia as ouviria mais cedo ou mais tarde, preferia que ele mesmo as dissesse, mas o sorriso no rosto do Mapeador era a prova final de sua decisão:
            –Meu nome é Zeni, não se esqueça, eu nasci em Oririn, me tornei um grande Mapeador do multiverso, e vivi todos os dias de minha vida para este dia... – O Mapeador queria dizer algo mais, mas aquilo bastava.
            –Meu nome é Kennibo, nasci no planeta Muan, não se esqueça de mim, amigo...
            O Capitão do atravessador Linx nunca gostou de dizer seu nome, se quisesse ser respeitado em sua nave, deveria ser chamado assim, esquecendo do próprio nome. Sempre lutou para conseguir o sucesso em suas missões, nunca se esquecendo de seus subalternos, ficando imensamente deprimido quando perdia algum. O sonho que herdara do pai o perturbava, noite após noite, para que ele fosse em frente, continuasse sendo um grande capitão dos altos-fluxos boreais e fosse escolhido para um momento como aquele em que encontrasse a estrela escura. Os dois Senhores de Castelo fizeram um sinal positivo entre si e partiram para o ataque.
            Os poderes de Zeni podiam invocar seres de qualquer lugar do multiverso, desde que ele soubessem onde eles estavam, e poderia controlá-los para o ataque. No entanto, esse poder era maldito, era necessário sacrifícios para que a invocação tivesse sucesso. Poucas foram as vezes em que ele usou o poder, não passando do nível um ou dois, trazendo ao seu controle grandes feras, com garras, asas ou carapaças que lhe fossem úteis. Teria que passar uma semana ou um mês sem viajar pelo multiverso por causa do alto consumo de energia. Ficar acordado sem viajar já lhe era bastante tedioso. Foi então que conheceu o Capitão do atravessador Linx, que prometida revolucionar as viagens pelo multiverso, indo além dos limites conhecidos. Esse era seu maior sonho...
            –É agora! – Disse o Mapeador.
            –Sim! – O Capitão se ergueu, jogou algumas granadas paralisantes e atravessou para o outro lado com velocidade superior a dos subordinados.
            –INVOCAÇÃO!!! – O Mapeador ativou seu poder com um círculo de maru amarela, trazendo a tona o construidor das passagens entre mundos, o verme boreal!
            Este ser estranho não possui forma definida, apesar de alongado como um serpente. Suas cores variam, sendo possível ver através dele. Seu maior poder é rasgar o espaço e suas habilidades constam de absorver maru e ser imunes a diversos ataques, inclusive os poderes de distorção espacial. Para invocá-lo, é necessário o sacrifico da própria vida. Zeni tinha plena consciência disso...
Com o castelar ferido nas costas, o Capitão foi em direção a saída. Olhando para trás, viu as costas do amigo, que utilizava o verme boreal sem hesitar. Para os grandes heróis não era preciso mais palavras...

...

Câmera 3 – Supersuit do Capitão, dentro da nave boreal Linx.

            –Capitão?! – Disse um dos imediatos surpreso.
            –Toda potência a frente! – Bradou.
            –Sim!
O imediato tinha certeza, por tantas vezes viu o Capitão permanecer crente da melhor possibilidade quando ninguém mais tinha esperança. Se o Capitão não falou para esperar, era porque mais ninguém viria abordo.
...

Câmera 4 – Visor do Linx.

            Após atravessar o contrafluxo da arrebentação, aquela região dos mares boreais que era tão turbulenta e perigosa, não estava mais acessível, era como se houvesse um buraco naquele lugar onde havia o primeiro oceano boreal conhecido...
...

Transmissão interina encerrada...