terça-feira, 26 de junho de 2012

Gatos, gatos e mais gatos! II

Continuando com a série de gatos (e eventualmente um cachorro), temos mais gatinhos maravilindos pra você que é fã desses animais adoráveis! Quem quiser ver a origem das fotos, é só clicar no link do facebook! \o/


015 – Akai, não faça propaganda desse jeito, tem que ter jabá! -_-'


016 – Akai, eu falei pra você dormir cedo ontem! Olha no que deu! -_-'


017 – Não tem como ser mais perfeito! *-*


018 – Meldéus! O.O É isso o que eu quero fazer na toca dos gatos! =3


019 – Amazing! *-*



020 – Oh meu Deus! =3



021 – Sasha e seus irmãozinhos... =3



022 – Que preguiça...





023 – Oh my god! So cute! =3




024 – Oh god! *-*

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


Epílogo



Alguns anos após a batalha contra os Caçadores Sombrios, esta transmissão pirata foi detectada pelos sensores do Informe do Multiverso...

...

            Em algum lugar do multiverso, num planeta do quarto quadrante, rico em magia e tecnologia bélicas, e que não pode ser pisado pelos Senhores de Castelo; uma menininha em um balanço canta alegremente em meio a diversos destroços de uma antiga usina de energia:

            –Um, dois, três... Vou matar todos vocês... Quatro, cinco, seis... Vão ser todos de uma vez... Sete, oito, nove... Até que tudo se renove...

            –Mestra Nina... – Um homem alto, forte e vestido de preto interrompe a pequena criança de vestido vermelho e fita no cabelo.

            –Meu querido Kullat negro, novidades? – A mocinha sorria para ele sem se importar com a interrupção.

            –O filho do fim já está em nosso planeta...

            –E onde ele está? Quero brincar com ele! – Seu sorriso era meigo e terno.

            –... – O serviçal ficou preocupado com sua reação.

            –Houve algum problema, meu docinho? – Os suplicantes lindos olhos azuis grandes e delicados expressavam alguma piedade incomum.

            –A nave que o estava trazendo foi abatida pelos rebeldes do povo e foi consumida numa grande explosão. Não houve sobreviventes...

            –Seu bobo... – A menina sorria ao levantar os ombros próximo ao pescoço. – Ele é imortal! Provavelmente foi ele mesmo que explodiu a nave... Algum sinal do intrometido?

            –Não, minha mestra, nenhum...

            –Pode ir. Não lhe farei nenhum mal dessa vez... – E ela voltou a se balançar alegremente. – Um, dois, três... Vou matar todos vocês... Quatro, cinco, seis... Vão ser todos de uma vez... Sete, oito, nove... Até que tudo se renove...

            O chamado Kullat negro saiu do lugar, meio apreensivo e foi falar com seu amigo, o Thagir vermelho:

            –Cara, essa foi por pouco... – Ele ofegava e seu coração batia forte.

            –A menina monstro te poupou legal dessa vez... Um passo em falso e ela te destroçava!

            –Não me fale nisso... Já basta termos escapado daquele seu bichinho maldito graças a ela, essa... Essa mutante!

            –Hahaha... – O Thagir vermelho tinha um sorriso de malicia estalando no canto da boca. – Temos outros negócios para tratar... Esse filho do fim é o mesmo das grandes profecias, quem o controlar pode ter galáxias inteiras ou universos inteiros ao seu comando! O poder dessa garotinha não é nada comparado ao dele.

            –Você, seu idiota, sempre com grandes pretensões e quem acaba se ferrando é a gente! Quer saber, é cada um por si!

            –Como queira... Eu consigo o que eu quero de qualquer jeito! – Sua voz não demonstrava nenhum sentimento com a partida do companheiro.

            O Kullat negro começou a andar e saiu da velha construção, o outro se sentou na frente de um computador que estava ligado ali e começou a digitar diversos conteúdos na tela. Seus olhos estavam vidrados na tela e, de repente, sorriu:

            –Achei!

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Mudança de imagem, aqui começa outra transmissão...

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            Eram duas crianças que vestiam suits de sobrevivência, aparentavam ter uns dez e cinco anos respectivamente, elas estavam caminhando por uma zona de reciclagem que se estendia até o horizonte. Em alguns lugares, grandes máquinas derretiam pedaços de metal junto com o que tivessem coletado, deixando cair o amontoado de ferro-velho em grandes caldeiras, liberando muita fumaça que poluía o céu. O mais velho dos meninos tinha cabelos vermelhos, olhos azuis e pele clara, demonstrava estar determinado a encontrar um abrigo. O menor tinha cabelos negros e mais curtos com alguns manchas alaranjadas, tinha pele pálida e seus olhos eram meio acinzentados e languidos, demonstrando estar seriamente doente. Ele estava cansado e com fome, já tinham andado muito:

            –Maninho, vamos parar, eu tô cansado...

            –Mas já?! Ainda falta muito. – A barriga do irmão menor roncou por causa da fome. – Nossa! Tem um tigre por aqui? Toma, é a minha última barra de comida... Vem, sobe nas minhas costas, eu te carrego.

            O garotinho sorria para o irmão tentando animá-lo para continuar, o menor coçou os olhos com o verso de uma das mãos e com a outra pegou a comida que havia pedido, depois subiu nas costas do irmão e os dois continuaram a andar no meio do lixo. Mais a frente, eles viram algumas crianças brincando no meio de um monte de entulho. O mais velho bateu a perna em um engradado e reparou no símbolo que ele apresentava:

            –Lixo... Hospitalar... Cuidado... – Ele voltou-se novamente paras as crianças e percebeu que elas haviam encontrado um cilindro com a qual brincavam.

            Uma das crianças, a que segurava o tubo, não queria dividir ele com as outras. Vasculhando-o, encontrou uma maneira de abri-lo e correu para um lugar para ficar com tudo que tinha dentro. O que saiu do cilindro era um pó verde e brilhante, o que deixava a criança extremamente alegre por brincar com algo tão diferente. As outras crianças correram para junto da outra fazendo o garoto mais velho ficar preocupado:

            –Corram!!! Corram por suas vidas!!! Isso é lixo radioativo!!!

            –Aaaaaaaaaah! – Era tarde demais, não havia como salvá-las, aquilo estava impregnado em suas peles e queimava muito, derretendo seus corpos.

            –Maninho?

            –Droga! – Ele saiu correndo na direção oposta. – Coloque seu capacete irmãozinho, este lugar é muito perigoso.

            Duas jóias, uma em cada roupa, brilharam num tom amarelo e dois capacetes surgiram em suas cabeças.

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Mudança de imagem...

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            A cena que aparecia era de um lugar grande e escurecido, haviam diversas pessoas carregando incensórios dourados, trajando armaduras prateadas cobertas por túnicas violetas e púrpuras. Alguém, numa parte mais alta, estava sentado num trono, carregava uma coroa de neon verde-azulado e tinha uma espada desembainhada longa e serrilhada na frente do corpo com as duas mãos sobre elas. Sua pele tinha um tom dourado e sua armadura e túnica acompanhavam a tez cintilante. Os olhos lembravam os humanos, sendo que estes eram invertidos, o fundo dos olhos eram negros e a íris era branca. Logo ele fez seu pronunciamento:

            –Irmãos da Luz Cósmica, é chegado o dia da grande profecia! O filho do fim deve ser exterminado e somente assim teremos paz no multiverso! Não podemos deixar os Senhores de Castelo sobrepujarem a nossa luz, ela brilhará milhares de vezes mais que aquela organizaçãozinha barata! A Irmandade Cósmica iluminará todo o multiverso!

            –A grande verdade pertence ao Grande Irmão Estelar! – Disseram todos, desembainhando cada um suas espadas e erguendo-as para o alto.

...

            A sorte estava lançada, o que poderia ser feito ou que aconteceria, somente o futuro poderia mostrar...

...

Fim de transmissão...

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


Dia de Glória
Informe do Multiverso



Começando transmissão...

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            “Rhu’ia! Saudações, Senhores de Castelo! Eu sou o novo apresentador e repórter do Informe do Multiverso. Meu nome é Vid, como todos que vem acompanhando as transmissões desta emissora castelar, vocês já devem conhecer o meu nome. No momento, como estou em reabilitação e o trabalho estava disponível, me colocaram para apresentar o programa até que aparecesse alguém mais habilitado. Como Fentáziz avisou no último programa, ele foi chamado para uma reunião direta com os anciões e não mais faria o Informe do Multiverso. Ele não falou sobre o que era, mas nos mandou uma última transmissão que poderia esclarecer o assunto. Espero que gostem!”
...

            O lugar onde haviam marcado o encontro era na torre do farol de Nopporn, cerca de meio dia no horário da ilha de Ev’ve. Thagir, que observava o horizonte, já estava esperando há alguns minutos e logo alguém começou a subir as escadas:
            –Oh, não pode ser! É o Mestre Caçador! – Thagir olhava para o homem que estava diante dele que usava uma roupa igual a do arauto do Comedor de Sonhos.
            –Você também não, Mestre Thagir! – Fentáziz tirou o capuz que lhe cobria a cabeça.
            –Desculpe... Você realmente se parece com ele vestido assim. – Thagir estava sorrindo. – Então, é verdade o que estão contando por aí, que você foi convidado a finalmente ser um Senhor de Castelo e recusou?
            –Foi... – Fentáziz olhava para o horizonte. – Você sabe por que eu nunca passei pelos treze dias?
            –Sei... Você nunca foi bom em obedecer a ordens e sempre arriscava todo mundo que também estava participando das provações. Mas, depois de tanto tempo, porque recusar? Não era por isso que você estava aqui, ou não? – Thagir tinha um olhar de quem sabia de algo.
            –Eu nunca seria um bom Senhor de Castelo... – Fentáziz também olhava para Thagir e sorria. – Senhores de Castelo estão presos a um regime rigoroso de conduta e nunca podem interferir diretamente nas sociedades que visitam no multiverso. Definitivamente, isso me enlouquece!
            –Heh, a vida de Senhor de Castelo nunca foi fácil... Sempre vai existir um planeta por aí que vai se recusar a sediar a Ordem dos Senhores de Castelo.
            –É por isso que recebi a outra proposta...
            –Então os Caçadores Sombrios realmente serão admitidos na Ordem dos Senhores de Castelo como um grupo secreto?
            –Sim. Pelo que os anciões disseram, as habilidades de cada um dos Caçadores Sombrios precisa ser manejada da maneira adequada, com treinamentos mais duros que os normais, uma vez que ser um Caçador Sombrio vai além das habilidades comuns. Só serão recrutados para o grupo aqueles que não tem controle pleno de suas habilidades naturais e poderiam causar estragos indesejáveis por aí. Aliás, a Senhora de Castelo, Laryssa de Agabier, tem uma aura natural muito forte, acredito que se ela fosse treinada adequadamente poderia chegar a um nível superior de poder...
            –Não... Acredito que não. Laryssa já tem muitas preocupações daqui para frente, com o Kullat e o casamento. Quem sabe na próxima geração. – Thagir olhava agora para uma Estrela Escura que aparecia no seu campo de visão. – Esses colossos espaciais, pelo que soube, eles vão ser usados para ampliar as instalações da ilha de Ev’ve, é verdade?
            –Vão sim... As Estrelas Escuras possuem geradores de energia suficiente para suportar os sistemas ecológicos fechados. Vai demorar um pouco para adaptar o antigo sistema de controle central. Nada que os grandes engenheiros castelares não consigam resolver em alguns meses. Vai haver uma para os centros de tratamento intensivo de saúde, outra será usada como arena de batalha, a terceira para suportar laboratórios mais complexos e a última vai ser...
            –Para os maquinários mais robustos, a Estrela Oficina, entre outros aparatos que ainda serão desenvolvidos pela ilha.
            –Você está muito bem informado, não é mesmo? Você seguiu a risca a lição do velho professor de Estratégias e Estratagemas: Garanta sempre um bom informante.
            –E nunca acredite nele! – Os dois riram ao perceber que tinham mais coisas em comum. – Me diga uma coisa, seu nome não é Fentáziz de verdade, é?
            –Hahah... – Fentáziz gargalhou. – Não. Por falar nisso, Fentáziz significa ‘fantasia’, é ótimo para um nome falso. Você já sabia que eu não uso meu verdadeiro nome, não é?
            –Sim... E você também sabia que eu não estava passando verdadeiramente por dificuldade alguma contra os Caçadores Sombrios... – Os dois se entreolharam.
            –A gente anda sabendo demais um do outro! – Fentáziz voltou a sorrir.
            –Achei uma coisa estranha quando te conheci... Por que você ficou olhando para a própria mão?
            –Bem... Eu precisava confirmar se você continha ou não a essência dos deuses gêmeos. Não era preciso fazer o mesmo com Kullat, é fácil captar sua aura no ar...
            –Falando nisso, quando você me disse que tinha passado tempo demais na Academia e nunca tinha se formado, me veio um ideia na cabeça. E ela foi muito acertada! Todos os Caçadores Sombrios também foram pessoas que tentaram passar pelos treze dias e não foram aceitos pelos Anciões. Mostrei a Kullat, Laryssa e Azio os arquivos dos últimos cem anos daqueles que não se formaram. A aparência deles estava muito alterada pela influência do Comedor de Sonhos e nenhum foi identificado. Mas Laryssa confirmou as minhas suspeitas ao ver o homem-sombra mais de perto.
            –Verdade, meu cameraman era fácil de identificar. Apesar de ter segurado a irritação natural dele ao entrar em contato com a maru da Senhora de Castelo. A intuição feminina dela sempre desconfiou disso.
            –Então me diga, afinal, qual é a sua ligação com os Caçadores Sombrios? – Thagir encarava Fentáziz com seriedade, sendo retribuído com um sorriso.
            –Spoilers, meu amigo, spoilers. Não posso dizer... Mas agradeço imensamente pela ajuda. Nunca poderíamos nos livrar do Comedor de Sonhos sozinhos. Nunca houve uma intenção séria de machucar ninguém. Por falar nisso, devo dizer que se as verdadeiras habilidades deles fossem usadas contra toda a Ordem dos Senhores de Castelo, a ilha de Ev’ve teria caído há muito tempo. Existem muitos pontos fracos por toda lugar e um verdadeiro caçador sempre sabe caçar a sua presa...
            –Você sabia que eu sabia que você sabia... Nossa! Isso já está ficando confuso... – Thagir voltou a sorrir e a olhar o horizonte.
            –Hahah... Os Caçadores Sombrios sempre serão os eternos rivais dos Senhores de Castelo, lutando do mesmo lado, ou não... Tocando no assunto, tem mais uma coisa que os Caçadores Sombrios vão fazer...
            –E o que seria?
            –Caçar Senhores de Castelo...
            –...?! – Thagir estranhou o comentário inesperado.
            –Quando um Senhor de Castelo sair da linha, os Caçadores Sombrios serão imediatamente convocados para dar conta do recado, evitando assim que os castelares sejam desviados de suas missões principais.
            –Entendo... Bem, finalmente chegou o nosso Dia de Glória... – Thagir suspirou.
            –O décimo terceiro dia... “Quando tudo acabar, o que faremos?” – Relembrou Fentáziz da citação no Livro dos Dias. – Daqui pra frente, tudo vai mudar pra mim e pra você...
            –Por quê? Essa eu não entendi...
            –Só me prometa uma coisa, se seu filho não quiser ser um pistoleiro, continue apoiando ele. Está bem?
            –Desculpe. Você quer dizer filhas, certo? Até entendo que elas puxaram a mãe e serão ótimas arqueiras e tudo...
            –Não estou falando delas...
            –Do que então?
            –Pergunte para Dânima, ela vai te explicar melhor...
            –...! – Thagir finalmente havia percebido o que acontecera e saiu correndo. – Dânima, querida! São quantos meses, meu amorzinho?!
            –Hahaha... Hahaha... – Fentáziz não parava de rir. – Esse velho... Sempre fazendo isso! Tio Kullat também vai encarar uma boa com o casal que está por vir... Já chegou minha hora. Adeus, aqui foi Fentáziz para o Informe do Multiverso! Iqueróm wa puma!
            Fentáziz começou a esmaecer e desapareceu na frente da câmera.

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            –... – Por causa de problemas técnicos, o apresentador Vid não conseguiu dar um último depoimento para esta transmissão.
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Transmissão encerrada...

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


Sonho e Realidade
Informe do Multiverso



Começando transmissão...

            “Rhu’ia! Saudações, Senhores de Castelo! Agora que tudo está nos conformes, podemos voltar a transmitir a nossa programação do Informe do Multiverso normalmente! Hoje venho lhes contar sobre o estado da nossa querida Senhora de Castelo, Laryssa de Agabier, que permaneceu desacordada por mais de uma semana! Ela já acordou e passa bem, está extremamente feliz e nos contou com exclusividade o sonho que teve durante o seu período de coma. Confira! Aqui é Fentáziz, do seu Informe do Multiverso.”

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            “No sonho tudo era bom, eu estava em Agabier, andando a cavalo por uma manhã meio nublada com meu pai, Larys, rei Agas’B. Os animais estavam recolhidos por ainda ser meio cedo e a natureza estava contente por reunir os elementais do ar, da água e da terra na dança da chuva do dia anterior. O cheiro da umidade estava melhor do que nunca, a vida estava transbordando naquele momento. Eu olhava para o meu pai e ele olhava para mim, sorriamos um para o outro. Eu nem me lembrava do que estava acontecendo, simplesmente eu o seguia lado a lado, sentindo a leve brisa de Agas’B no meu rosto, não haveria momento melhor que aquele.”
            “Ao chegarmos próximo ao castelo, avistei alguém que acenava para mim, eu não conseguia ver seu rosto, então perguntei para meu pai quem era aquele. Ele virou se para mim e disse: ‘Ainda está com sono minha filha? Não consegue ver direito? Aquele é o seu noivo!’ Eu me assustei muito, eu nunca fui prometida em casamento a ninguém. Meus pensamentos me diziam que meu pai havia aprontado alguma e que eu acabaria me casando com alguém que nunca amei. Olhando de perto, percebi que era um homem alto, forte... que realmente não tinha rosto! Percebi que deveria estar num pesadelo, desci do cavalo e sai correndo para dentro do castelo, estava apavorada, pensando: ‘Por que meu pai não afasta aquela assombração para longe de mim? Por que os soldados e guardas do castelo não fazem nada?’ Eu tremia atrás da porta do meu quarto, pensando no pior.”
            “Foi então que alguém bateu suavemente na porta: ‘Mestra Laryssa? Por favor, abra a porta, sou eu, seu amigo Azio.’ Me alegrei em ouvir aquela voz que mais ninguém apresentava, tinha certeza que era meu amigo autômato que sempre me acompanhou desde que eu era pequena. Decidi abrir a porta o suficiente para checar se o monstro estava lá e não deixá-lo entrar. Vi Azio e me acalmei um pouco, deixando o entrar:
            –Mestra Laryssa está bem? Meus sensores indicam que seu coração está batendo muito forte... É por causa do casamento?
            –Azio... – Eu queria chorar. – Quem era aquele?! Eu nunca fui prometida em casamento!
            “O meu amigo de lata virou-se e tentou abrir a porta. Quando vi novamente aquele rosto sem feições que me assustava tanto ‘olhar’ pela fresta, subitamente fechei a porta em sua cara. Ouvi algum gemido de dor, me preocupei um pouco com o sujeito, mas meu coração disparado me impedia de abrir aquela porta e olhar.”
            “Azio olhava para mim, piscando os olhos eletrônicos de preocupação. Ele pôs a mão metálica no meu ombro, me fazendo sentir a temperatura natural de seu corpo, e tentou me dizer algumas palavras: ‘Mestra Laryssa, estou muito preocupado, desde que voltamos da grande batalha contra os Caçadores Sombrios, você tem agido muito estranhamente. Você ama o seu noivo, não ama?’ Aquilo me caiu como uma pedra. Como eu poderia ter concordado com aquilo?! Eu só me lembrava de Kullat, meu amado Kullat... Comecei a chorar, molhando meu rosto por inteiro, no meu coração eu sabia, Kullat estava morto e não voltaria mais!”
            –Eu... Só amei o Kullat... Agora vejo meu amigo, não conseguiria me casar com mais ninguém. – Eu tentava fazer Azio entender o que se passava comigo.
            –Laryssa, meu amor, abra a porta! – O sujeito que me prometeram em casamento tinha perdido a paciência.
            –Eu não sei quem é você! Vá embora! Eu não quero me casar!
            –Laryssa! Não faça isso comigo, abra a porta, vamos conversar direito! – Ele insistia em mexer na maçaneta e eu a fechá-la com a minha força.
            –Por favor, não insista... Procure outra pessoa, meu coração é de apenas um e ele não é você... – Os movimentos da maçaneta pararam.
            “Desconsolada, comecei a escorregar pela porta, me sentando no chão, aos prantos e soluços. Acho que acabei adormecendo e Azio me pôs na cama.”
            “No dia seguinte – eu deveria ter dormido uma noite inteira – acordei melhor comigo mesma. O dia estava melhor, o céu era límpido, não havia ninguém no meu quarto, me recostei na cama e contemplei aquele dia maravilhoso através da janela por algum tempo. Alguém bateu na porta e eu disse que podia entrar.”
            –Mamãe, mamãe! Bom dia! – Eu ouvia a voz de uma menininha. Quando olhei para o seu rosto senti meu corpo inteiro ficar gelado.
            –Quem é você?! Eu não sou sua mãe!!! Você não tem rosto!
            “A menina começou a chorar e saiu do quarto. Eu me apertei com as cobertas, sentindo cala-frios terríveis. Como alguém pode me deixar sozinha com aquela assombração por perto? Então aquele sujeito sem rosto entrou pela porta segurando a menina no colo e se aproximou de mim. Eu só conseguia pensar ‘O que está acontecendo aqui? Eu o mandei embora ontem!” Ele se aproximou, sentou-se na cama e tentou por a mão nos meus pés, que lhe estavam mais próximos. Eu recuei, olhando para o outro lado. A menina estava mais calma e começou a falar com ele:
            –Papai... – A menina ainda choramingava. – Por que a mamãe disse que não me conhece?
            –Não sei filha... – Ao ouvir isso, acabei gritando e me escondendo debaixo das cobertas. O sujeito se assustou, e abaixou a cabeça, aparentemente triste comigo.
            –Laryssa... Você não se lembra do dia em que te dei o anel que está no seu dedo? – Somente depois que ele me disse percebi, realmente havia um anel no meu dedo, um lindo anel por sinal. Era cravejado com uma pequena jóia cor-de-rosa e lindas flores entalhadas. Olhei do outro lado e reconheci um símbolo que fez com que eu me acalmasse.
            “Lentamente, fui saindo debaixo das cobertas. Aquilo parecia um sonho, eu estava chorando, mas não de medo, era de imensa alegria... Em seguida, eu acordei. Estava no centro de atendimento médico da ilha de Ev’ve, os Senhores de Castelo haviam derrotado os Caçadores Sombrios e a paz havia retornado ao multiverso. O meu destino já havia sido traçado, aquilo era apenas mais um sonho. Algo impossível... Até que eu notei algo em minha mão... Era o mesmo anel do meu sonho! ‘Mas, quem poderia ter colocado ele? Droga, por que temos dificuldade em lembrarmos os nossos sonhos?!’, eu estava pensando. Uma voz conhecida me disse algo, eu não havia entendido direito, minha cabeça ainda não estava plenamente sã, então ela repetiu:
            –Desculpe ter colocado o anel enquanto você dormia... Eu não aguentava a espera, estava ansioso demais pra você... – Eu me joguei em seus braços, não deixando que terminasse a frase.
            –Sim, eu aceito!
...

            –Bem, foi isso o que aconteceu, hoje sou a mulher mais feliz do multiverso! – Laryssa apertava as mãos com alguém do lado.
–Eu já morri uma vez... Não quero mais ficar longe dessa mulher incrível! – Os dois se beijaram.

...

            “É meu povo! Todo mundo aqui da ilha está muito surpreso com este inesperado presente dos Caçadores Sombrios. E não apenas isso, todos os Senhores de Castelo que morreram durante as caçadas reapareceram vivos e saudáveis! Queria saber se isso é uma das experiências do Doutor Tóxico... Infelizmente, eu não vou poder contar isso a vocês, esta será a minha última transmissão como repórter e apresentador do Informe do Multiverso. Agora tenho que ir, estão me chamando na sala do conselho...
...

Transmissão encerrada.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


Dia de Milagre



            “Este é o dia em que um aprendiz deve testar e abrir sua mente para fazer o impossível, e acreditar que mesmo quando todas as esperanças se vão, sempre há a chance de algo realmente bom acontecer.”

...

            O multiverso se acalmou, toda aquela energia estava começando a diminuir e se dissipar. O farol de Nopporn continuava a brilhar com sua incrível chama azul-esverdeada que se intensificou ainda mais. A Espada do Infinito reagiu ao chamado da anciã e deixou o corpo de Thagir que voltou a ser como era. O artefato místico voou pelos céus da ilha de Ev’ve e parou acima da torre, brilhando como uma estrela, removendo toda a maru sombria que ainda escurecia as estruturas brancas e acolhedoras que os Senhores de Castelo conhecem tão bem. O céu azul retornou, as defesas da ilha voltaram a funcionar e lá, um pouco além do anel defensor, quatro colossos espaciais gigantescos orbitando em uníssono com a ilha e o sol artificial voltava a iluminar aquela terrível noite escura. Senhores de Castelo e aprendizes bradavam mais do que nunca pela vitória que chegava com o amanhecer.
            Dânima e suas filhas vieram ao encontro do pai e marido que tanto amavam, e se abraçaram fortemente com o calor da certeza que tudo ficaria bem dali para frente. Nos alto-falantes, alguns novos sons surgiam e o pronunciamento de Vidara começou:
            –Filhos de Nopporn! O dia amanheceu e as trevas se foram! Mais uma batalha chegou ao fim e temos muito que concertar e reparar, o trabalho e esforço de vocês serão árduos para trazer de volta o que tínhamos antes, mas tenho certeza que a força de trabalho unida de vocês logo terminará com esta simples tarefa! Descanse um pouco e ajudem a quem puderem, teremos um longo dia pela frente! – Os anciões já deveriam ter suas forças renovadas e o estado de petrificação desfeito quando a Espada do Infinito voltou para o seu lugar de descanso.
            Com a ajuda de todos, as populações que estavam aprisionadas nas Estrelas Escuras desceram para a ilha e eram prontamente atendidas por aprendizes e castelares, era um número incontável de pessoas e animais, de Curanaã, Oririn e alguns outros planetas. Alguns Capitães que estavam nas redondezas do centro do multiverso aportaram no porto da ilha e disponibilizaram seus navios para ajudar com a população, trazendo mantimentos e outras provisões.
Estava tudo correndo muito bem, até que se houve um tumulto causado pelos Caçadores Sombrios. Os anciões, como sempre, preferem ponderar no salão de reuniões sobre o próximo passo a ser tomado, enquanto aqueles que estão sendo julgados permaneceriam na prisão provisória da parte baixa da ilha, não fosse um pequeno problema com Histério, o cavaleiro fantasma, e seu filho Xerubim. Thagir, após ouvir o que estava acontecendo, foi em seguida para a Estrela Escura onde os caçadores se escondiam e viu que a coisa não andava muito bem:
            –Eu não vou deixar o meu filho!!! – Depois de se livrar do controle do Comedor de Sonhos, os caçadores perderam a aparência sombria e pareciam mais com humanos agora.
            –Senhor, você será encaminhado para as celas e permanecerá por lá até os anciões chegarem a um veredicto. – Ponderava um dos guardas.
            –Vocês não vão fazer nada com o meu filho!!! – A criança chorava atrás das pernas do pai.
            A armadura que Histério usava não tinha mais o poder fantasmagórico de antes, mas continha muito poder e ele insistia em afastar os guardas castelares. Thagir chegou o mais depressa que pode e tentou ajudar como podia:
            –O que está acontecendo aqui? Por que todo esse alvoroço?
            –Mestre Thagir! – O guarda ficou espantado com a presença do grande Senhor de Castelo. – São esses dois, eles devem ser levados para as celas e insistem em evitar o nosso auxílio.
            –Deixe me ver... – O rei de Newho se aproximou. – Seu nome é Histério, não é?
            –Sim... – O homem ainda estava inquieto. – Eu não quero que levem o meu filho!
            –Se acalme, não vamos fazer nada ao seu filho. Venha conosco, tudo ficará bem.
            –Não, eu não vou voltar para o meu planeta natal, jamais eu farei isso de novo!
            –E qual seria o seu planeta natal? – Thagir se mantinha calmo para ouvir o antigo inimigo.
            –Eu não vou dizer! Eu não vou voltar pra lá! Se afastem do meu filho! – Uma onde de força derrubou Thagir e os guardas.
            Nesse momento, o grande ancião N’quamor adentrou o lugar com mais guardas castelares:
            –Já chega! Os Caçadores Sombrios já trouxeram problemas demais por um único dia, levem-nos imediatamente.
            –Não, me larguem! Deixem meu filho em paz! – Vários castelares mais bem equipados os estavam rodeando com o que pareciam ser inibidores de força.
            –Grande Ancião? Por que estas medidas tão drásticas, eles só estão com medo...
            –Thagir... – Seu tom era austero. – Estamos tomando apenas medidas provisórias, nada definitivo. Temos urgência em cuidar das milhões de pessoas que abarrotam nossas ruas. Isso se faz necessário...
            –Eu não teria tanta certeza... – Fentáziz acabara de chegar ao salão da Estrela Escura.
            –Você?! O que faz aqui? – Thagir e o ancião acharam estranho a intervenção do repórter.
            –Vim fazer o que preciso fazer... – Fentáziz parou os guardas e chamou a atenção do garotinho, se abaixando e abrindo os braços. – Venha, pode vir Xerubim.
            O garotinho hesitou um pouco, com o rosto molhado e o nariz escorrendo de tanto chorar e se dirigiu para perto de Fentáziz:
            –Isso, bom garoto. – O repórter levantou-se junto com Xerubim num abraço, enquanto esfregava as mãos nas costas do menino que começava a se acalmar.
            –...! – Histério estava surpreso. – Xerubim nunca ficou assim com ninguém!
            Fentáziz olhava para os seus dois superiores com olhar de desaprovação e levantou um pouco a camisa do garoto, mostrando diversas cicatrizes que deveriam ser muito profundas:
            –Seu planeta natal... – Fentáziz virou-se para Histério. – É Adrilin, não é?
            –... – O cavaleiro de armadura apenas mexeu levemente a cabeça dizendo que sim.
            –Como eu suspeitava... Xerubim não era um caçador que obteve seus poderes do comedor de sonhos, ele é mais uma das crianças que acabaram nas mãos dos cientistas loucos daquele planeta...
            –Espere! O governo de Adrilin nunca permitiria isso, os poderes que ele tem são poderosos demais. – Interveio Thagir.
            –Receio que não são esses cientistas. Estive com Alvo e Blanco agora a pouco para confirmar a possibilidade e eles me disseram que alguns dos cientistas gêmeos de Adrilin sequestravam crianças univitelinas para experiências desumanas. Há alguns anos anunciei uma pequena reportagem sobre Adrilin que falava sobre crianças desaparecidas. Reconheci o brasão da armadura de Histério, é uma ordem fundamentalista que prega coisas desse tipo como coisas normais e que aparentemente tem alguma ou pouca ligação com o governo... Estou certo, cavaleiro?
            –... – Histério baixou o olhar, tentando fugir de seu passado. – Eu nasci com um irmão gêmeo, mas por complicações médicas ele veio a falecer e tive uma infância solitária naquele planeta... Quando já tinha idade para sair da casa dos meus pais, pedi a eles que me dessem uma viagem interplanetária. Nesse novo planeta, conheci a mãe de Xerubim. Levei-a para Adrilin e nos casamos. O povo sempre ficava comentando sobre a nossa relação, que a minha esposa lembrava alguns adrilinianos, eu não liguei. Ela estava grávida e foi então que a desgraça começou. Vândalos pintavam a fachada da nossa casa com palavras como: “Solitários”, “Sem irmãos”, “Uni”... Sempre duas vezes. Por causa disso e de outras situações mais constrangedoras, a gravidez dela passou para uma gravidez de risco, e veio a falecer, dando a luz a um filho único. Eu estava feliz, pude ter perdido quem amava, mas ganhei o melhor filho do mundo. Até ele ser sequestrado...
            Histério estava chorando. Os guardas o soltaram e Fentáziz levou o filho de volta ao pai. O repórter perguntou algo no ouvido da criança e ela apontou para o corpo do arauto que estava mais adentro do salão. Thagir e N’quamor olhavam curiosos para saber o que o simples repórter estava fazendo, trocando alguns olhares de vez em quando. Os outros caçadores que se escondiam pelas instalações do centro da estrela, também demonstraram interesse, aparecendo de seus esconderijos. Fentáziz procurou por algo e encontrou, era a esfera amarela que Xerubim usava como arma. Ele sentiu algo diferente ao tocar naquele objeto que começou a brilhar intensamente, sumindo no ar:
            –Ué?! Que esfera louca! Disse-me que tudo iria melhorar... – Fentáziz estava admirado e retornou para junto do caçador e seu filho. – Desculpe, a bola se foi... Tome. – Ele tirou um pequeno docinho caramelado do bolso. – É tudo que eu tenho.
            A criança ficou feliz com o agrado, sorrindo abertamente. De repente, um guarda castelar entrou correndo no recinto:
            –Grande ancião, grande ancião, temos grandes notícias! – O jovem estava esbaforido.
            –O que foi meu filho, o que aconteceu?
            –É o seu planeta natal... Ele reapareceu em sua orbita original!
            –...! – Todos estavam surpresos.

...

Transmissão encerrada.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


Comedor de Sonhos



            Kullat estava morto, não havia como voltar atrás... Thagir nunca sentiu tamanha angustia e tamanho desespero, coisas ruins e terríveis lhe passavam pela cabeça. A Espada do Infinito reagiu ao desejo de seu mestre e uniu-se a ele, penetrando em sua carne, corroendo o seu ser e sua alma. O Senhor de Castelo se contorcia em dor, lamuriando palavras inaudíveis. O artefato místico não deveria ser usado por seres simples como os humanos, seu poder é incalculável e qualquer um seria corrompido pelas próprias emoções. Laryssa via incrédula a transformação do amigo que perdia as feições humanas que borbulhavam e se desfaziam no chão. Era luminoso, quente e se podia ver através dele, um ser de energia pura estava nascendo. Definitivamente, aquilo não era mais Thagir... Aquilo passara para um novo nível de consciência... Thagir era agora um deus!
            Laryssa parou de chorar pela perda que teve, seus sentimentos pareciam estar sendo controlados, pois, aquilo que era dor e lamento, foi transformado em medo e pavor. Sentia algo aterrador tomando sua alma, esmagando-a feito uma diminuta formiga que é subitamente destroçada por algo imenso. A consciência dela havia se apagado, desmaiando sobre o corpo de Kullat. O embate começaria: um deus contra um comedor de sonhos!
            A coisa que se debatia para fora da fenda espacial começava a tomar forma e caiu próxima ao novo deus. A sua frente ele surgia com feições diabólicas e humanas, tomado por chamas escuras, três olhos vermelhos, chifres e garras afiadas:
            –Finalmente! Depois de milhões de bilhões de anos, assumi uma forma!!! – A criatura gritava, a luz parecia se distorcer ao seu redor. – O Mestre Caçador nasce!!!
            –Não esteja certo disso! – O novo deus apontava a espada do infinito na direção do comedor de sonhos. Ela simplesmente surgiu em seu braço, entrelaçando-se até mostrar o duplo fio agudo.
            –Hihihi... – O riso dele dava alguns estalos. – Estou com fome! Muita fome!!!
            –Volte para o lugar de onde veio, criatura das trevas! – A voz divina era muito forte.
            Os dois começaram a se movimentar com grande velocidade, golpeando freneticamente onde podiam. Os poderes eram opostos e se anulavam, onde o novo deus golpeava surgiam fendas que lembravam a criação de um novo universo e o comedor de sonhos, que devora o que existe, fazia sumir a matéria que tocava. O embate poderia durar para sempre...
            Micah, que viu tudo de perto, correu com sua moto elétrica e chamou alguns Senhores de Castelo para tirar os corpos de Laryssa e Kullat do local da batalha. “Eles não devem ficar ali”, pensou ele. A Senhora de Castelo continuava desacordada.
            Os Senhores de Castelo, que sempre se preocuparam com a paz, assistiam de perto a batalha titânica. Eles olhavam aquilo muito tristes, sentindo um grande pesar em seus corações, chegando a derramar algumas lágrimas, pois era possível ouvir os seus corações lhes dizendo que universos inteiros estavam sumindo no vazio e que, a cada segundo que passava, um número incontável de mortes acontecia. Um criador só pode criar e um destruído só pode destruir.
            –Porque não desiste?! Minha força é muito maior que a sua! – Disse a criatura.
            –Desista você de me fazer desistir! Nunca vou deixar de lutar! – Respondeu o ser divino.
            –Tem certeza? Tem certeza de que quer abrir mão daquilo que ama?! Você pode ressuscitar o seu amigo Kullat!!! – O comedor de sonhos jogava sujo.
            –...! – Quando aquilo lhe passou pela mente, o novo deus hesitou por um simples segundo, sendo o suficiente para ser golpeado pelas garras da inexistência no peito, que o ferira profundamente.
            –Agora você é meu! Passei todo esse tempo com aquela minúscula brecha para o seu mundo sorvendo conhecimento, aprendendo como vocês são, o que fazem e o que deixam de fazer... Patéticos! Essa palavra que vocês criaram é perfeita para vocês. Patéticos! Hahahahahahahahahaha.... – A entidade cósmica gargalhava sem tirar os olhos famintos de sua presa.
            –Pode ir parando por aí mesmo!!! – Uma voz transmitida pelos alto-falantes da ilha de Ev’ve, começava a se pronunciar.
            –Quem ousa me interromper! – A entidade cósmica se irritou. – Eu sou Ébano! Ser mais antigo que o multiverso! Vi tudo o que foi criado, ninguém pode evitar a minha vontade! Mostre se para que eu possa consumi-lo e fazê-lo deixar de existir!
            –Olha, que medo! – Seu ar era de zombaria. – Ele vai consumir a existência! Estou pouco me lixando pro que você quer! Você nunca derrotará os Senhores de Castelo!
            –É você arauto?! Não aprendeste a lição?! Somente eu devo existir!
            –Não, desculpe, se esperava pelo arauto, esta foi a ligação errada. Aqui quem fala é Fentáziz e estou prestes a conseguir a sua derrota!
            –O que no multiverso inteiro poderia me derrotar?! Mostre-me e eu a farei sumir definitivamente junto com você!
            –Lembra-se da Sinfonia do Caos? Aquele cântico que Alvora e Lux usaram para desmanchar Oririn?
            – Hahahaha! – Ele ria histericamente. – Aquilo é poderoso, mas não funciona comigo!
            –Eu não estava me referindo àquilo, seu idiota!
            –E o que seria então?
            –A Canção Celestial!
            –Você sozinho nunca teria poder para invocar este poder ancestral que criou o multiverso!
            –E quem disse que eu estou sozinho?!
            –Como?!
            –Não sou apenas eu que invocará a Canção Celestial... Eu tenho o coro de anjos perfeito ao meu alcance!
            –Qual, seu verme patético?! Mostre-me logo para que eu o devore! – Sua inquietação era visível.
            –Eu tenho o multiverso! Todos vocês que estão nos escutando pelo Informe do Multiverso que alcança as mais longínquas distancias que nenhum feixe de luz seria rápido o bastante para chegar, ouçam meu pedido! Concentrem-se no Mestre Thagir, ele precisa de vocês! Invoquem das profundezas do multiverso o seu mais sincero e grandioso apelo em nome do ser que está se sacrificando para salvar nossa existência! Façam o multiverso vibrar com o coro dos anjos! Invoquem a Canção Celestial!!! – Fentáziz ligou o som no máximo. – Bota pra quebrar Azio!!!
            E assim se fez, todos os transmissores estavam vibrando e replicando a grande quantidade de maru que era mandada por todas as sedes da Ordem dos Senhores de Castelo do multiverso que chegavam à torre do farol e recebiam carga máxima extraída da última fonte de energia da ilha, a chama de Nopporn. E não eram apenas Senhores de Castelo ou aprendizes que se juntaram a grande força, populações inteiras que também estavam ouvindo mandavam suas preces para o novo deus que recobrava suas forças. E haviam mais, criaturas, monstros, plantas... Seres de todos os tipos, cores, formas e tamanhos; elementais, naturais, espirituais ou espaciais, todos suplicavam em nome de Thagir. Os reféns que estavam dentro das Estrelas Escuras e os castelares que se libertaram junto com Fentáziz, também escutavam e imploravam por sua volta. Dânima, que sentia como ninguém aquela força ao lado de suas filhas, viu os Caçadores Sombrios derramando lágrimas e se esforçando para romper com o controle do Mestre Caçador, juntando-se àquela imensa oração.
            –Vamos lá minha gente! Derrotem todos juntos o comedor de sonhos! – O novo deus estava repleto de poder e luz, muito mais do que antes.
            –Não... Não... Não!!! Vocês são insignificantes! Vocês não podem ir contra a minha fome!
            –Então fique saciado de uma vez por todas! – O deus Thagir penetrou o fio duplo da espada do infinito no peito da entidade que se torcera, abrindo um buraco maior. – Agora compreendo o que eu preciso fazer!
            Com a outra mão, Thagir tirou do ferimento prestes a se fechar no peito o coração de Thandur que carregava dentro de si e o pôs na abertura que fez com a espada do infinito. O comedor de sonhos tentou devorar aquilo como tudo que fazia, buscando dissolver aquela grande quantidade de maru, mas havia algo errado, quanto mais ele tentava destruir aquela jóia, mais a energia dela se ampliava:
            –O que é isso?!!! O que você fez comigo?!!! – O comedor de sonhos estava contendo os seus movimentos, ficando paralisado.
            –Isso é algo que você nunca conheceu... ISSO É AMOR!!!
            Quase estática, a criatura parecia ter uma indigestão com a jóia que pulsava como um coração após ter absorvido tanta maru vital, se contorcendo vagarosamente. A criatura começou a chorar, sentindo dentro de si sentimentos ternos e emoções do qual não entedia, não era possível dissolver algo que é verdadeiro e sincero. Suas chamas diminuíram, sua fome estava sendo saciada e seus olhos começaram a se fechar. Por fim, não havia mais nada...
            O deus Thagir olhou para cima e viu o buraco espacial que continuava aberto, podendo se ouvir lamentos lá dentro, apontou a espada do infinito para lá e voou na direção da fenda. Juntou energia entre as mãos formando uma esfera que brilhava mais que uma estrela, que reconstruiu o tecido espacial corrompido. Provavelmente aquele não era o único comedor de sonhos...
            Fentáziz olhou pelos telões e não teve dúvida do que fazer:
            –NÓS VENCEMOS!!! NÓS VENCEMOS!!! – O sentimento era incontrolável.
            O multiverso era grande, mas naquele momento, ele era um só e estremeceu ao som do grito dos que assistiam a épica batalha dos Senhores de Castelo.
...

Transmissão continua...

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


Dia de Bravura



            “De todos os treze dias de desafios que um aprendiz deve enfrentar para se tornar um Senhor de Castelo, nenhum é mais simbólico do que o Dia de Bravura. Este dia foi feito para separar pessoas comuns dos verdadeiros heróis, pois é neste dia que você tem que escolher entre uma vida livre ou a responsabilidade de arcar com todas as suas promessas, levando-as até o fim. Nem que você tenha que morrer para isso...”

...

            Dentro dos tubos continentais das estrelas escuras, as pessoas que haviam sido sequestradas acordavam do seu estado hipnótico. Laryssa, Azio e todos os outros Senhores de Castelo e aprendizes estavam lá, sem saber exatamente o que estava acontecendo. De repente, um burburinho que já estava se tornando uma algazarra lhes chamou a atenção. Laryssa e Azio correram para ver o que estava acontecendo e viram Fentáziz tentando abrir a porta do cilindro à força. A Senhora de Castelo perguntou:
            –O que você está fazendo Fentáziz?
            –Temos que sair daqui! Thagir e Kullat estão lá sozinhos! – Juntando a sua maru mágica, o repórter continuava atacando insistentemente a porta que não se abria.
            –Como você sabe que eles não estão aqui, este lugar é grande, eles devem...
            –Não! O sistema de transmissão específica ainda está funcionando, eu os vi lá fora... O comedor de sonhos está livre!
            Percebendo a gravidade do caso, Laryssa e Azio se puseram a ajudar, assim como outros Senhores de Castelo. A porta era hermeticamente fechada, mas não era duas e logo veio abaixo. O grito de guerra pode ser ouvido mesmo do lado de fora do colosso espacial.
            O simples repórter tinha certeza do que deveria fazer e começou a gritar do lugar mais alto que havia encontrado:
            –Escutem todos, precisamos dos castelares engenheiros aqui! – Laryssa apoiava o repórter, gritando o mesmo.
            –Do que precisamos Fentáziz? – Perguntou Azio.
            –Precisamos ligar os corredores infinitos diretamente na ilha de Ev’ve... Só assim conseguiremos chegar até lá...
            Então, os maiores gênios dentro da Ordem dos Senhores de Castelo se apresentaram e começaram a fazer o seu trabalho. Discutindo aqui e ali, fazendo soldas e mais soldas, ligando fios, usando seus teclados aéreos para fazer cálculos e mais cálculos. Dentro de alguns minutos o sistema estava ligado e funcionando perfeitamente, levando a multidão para as docas boreais. Laryssa olhava para os lados, procurava por Fentáziz:
            –Onde eles estão? Diga-me! – A Senhora de Castelo sentia algo ruim em seu coração.
            –Segundo os receptores... – Fentáziz sentia os sinais emitidos dentro de sua cabeça. – Kullat está no pátio secundário, atrás do conselho, e Thagir está indo atrás dele. Kullat está segurando algo em suas mãos... Desculpe, a recepção está ficando difícil, o comedor de sonhos deve estar devorando o sinal.
–Certo... Obrigada! – Laryssa começou a correr a pé, o mais rápido que podia.
–A Senhora de Castelo gostaria de uma carona? – Um motoqueiro de preto parou ao lado de Laryssa.
–Você de novo!
–Surpresa em me ver?! Que amor... – Laryssa não quis saber e subiu na moto elétrica.
–Vamos para o pátio secundário Micah! Pode exagerar o quanto quiser na velocidade!
–Deixe comigo! – E Micah acelerou com tudo, saindo em disparada.
–Mestra Laryssa! – Azio havia ficado para trás.
–Você vem comigo latinha... – Azio olhou para os lados e viu o repórter. – Preciso de você para concluir o meu plano.
–E do se trata?
–Preciso ampliar as ondas do transmissor específico que estão no farol de Nopporn...
–E o que você pretende com isso?
–Fazer um verdadeiro milagre!
–...?! – Azio não computava tal informação, o que fazia seus olhos piscarem.
Mesmo assim, o autômato acompanhou o repórter do informe do multiverso aonde ele queria.
...

            Enquanto isso, Thagir tinha certeza de onde estava o amigo e simplesmente se dirigiu para lá, ativando a supervelocidade adquirida do verdadeiro coração de Thandur. Este artefato místico, além de aumentar os sentidos ao máximo, desacelerando consideravelmente a percepção do tempo, tem outra habilidade especial: ver o futuro. Como qualquer outra teoria do tempo, o futuro é algo incerto, capaz de ser mudado. No entanto, o que Kullat estava para fazer era algo que não poderia ser mudado...
            O Senhor de Castelo, perdido nas imagens que lhe vinham a mente incessantemente, torcia para que o tempo ainda não tivesse passado:
            –Kullat!!! – O oririano estava de costas para Thagir, segurando a espada do infinito que estava completamente inerte.
            –A energia dela se foi, não tem como combatermos o comedor de sonhos sem ela... – Seu tom era triste, parecia estar se aguentando para não chorar.
            –Kullat, não faça isso!!! – Thagir se detinha para evitar o pior.
            –Amigo, todas as vezes que estivemos juntos, todas as vezes que lutamos contra o mal, eu ainda não pude lhe dizer o quanto sou grato por tudo isso, por ter podido viver ao lado de um grande Senhor de Castelo. Confesso que sempre me senti inferior a você, por não ter tido uma família, mulher e filhos. Eu sei de minha condição como Senhor de Castelo, eu amo o que faço. Mas chegou a hora de retribuir tudo o que você fez por mim, este é o meu dia de bravura...
            –Não!!! Kullat!!!
            O manto branco do Senhor de Castelo, que tantas vezes iluminava no escuro e era um alento para os desesperados, perdera o brilho e começou a ser corrompido pelo vermelho de seu próprio sangue. Thagir correu para perto dele, sentindo a pior das agonias, tomado pelo desespero:
            –Kullat!!! Você não precisava fazer isso... – O sangue do companheiro estava em suas mãos, escorrendo pela espada do infinito.
            Laryssa havia acabado de chegar ao pátio secundário com a carona de Micah e correu para junto dos amigos:
            –Kullat... – A Senhora de Castelo estava sem palavras. – O que você fez seu idiota!
            Num último suspiro, Kullat tentou dizer algumas palavras, a castelar de Agabier se aproximou para ouvir:
            –Laryssa, eu... te...
            –Kullat? Kullat!!! Kullat... – Ela gritava o máximo que conseguia, chorando copiosamente. – Eu também te amo...
            Thagir e Laryssa choravam amargamente, mesmo depois de ter enfrentado Volgo e seus asseclas sanguinários tantas vezes, nada poderia ser mais triste do que aquela angustia. Um amigo é e sempre será mais precioso que qualquer multiverso...
Num último lampejo de esperança, a maru vital fora aceita e a espada do infinito estava novamente viva e brilhando, esperando ser empunhada por seu legítimo senhor...
...

Transmissão continua...