quarta-feira, 6 de junho de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


Confronto com o Mestre Caçador – 3ª parte



            “Tudun... Tudun... Tudun...”, o barulho de batimentos cardíacos havia voltado, mais alto do que antes e a caixa de música tinha parado completamente. Os tubos de alimentação do Ilusionista estavam sugando algo para dentro e o mesmo acontecia com os tubos ligados ao mago. Ele estava no chão, fraco, sangue escorria pela boca, pelos ouvidos, pelo nariz e pelos olhos, arfando de exaustão. Thagir e Kullat permaneciam em seus lugares para não serem alvos das flechas torcidas das arqueiras e muito menos causar qualquer dano aos milhares de reféns:
            –Thagir, o que há com ele? – Kullat tentou saber algo pelo estado de transe do amigo.
            –Eu não preciso usar o coração de Thandur para saber o que há com ele... – Thagir reparou no que Kullat queria. – Ele simplesmente está morrendo...
            –...! – Isso deixou Kullat ainda mais intrigado.
            –Só há uma pergunta que eu ainda preciso fazer arauto do Mestre Caçador. Por que você, com tanto poder, ainda nos mantém vivos? – Ao ouvir aquilo, Kullat esqueceu-se um pouco de sua raiva e reparou naquela questão.
            –Eu... – O mago se recompôs no meio do ar, ainda sujo com o sangue. – Preciso dos descendentes de Curanaã e Oririn para reaver a última chave da dimensão do meio.
            –Ela seria a espada do infinito, estou certo? – Perguntou Thagir.
            –Sim... Depois de algum tempo, suas energias ancestrais foram drenadas de Curanaã e Oririn pelos filhos da Grande Mãe e guardados num lugar inalcançável para que seres que não fossem de nenhum dos dois planetas... – Sua fala tinha um pouco de dificuldade por causa da dor. – Pudessem por as mãos nelas...
            –E onde é isso? – Continuou Thagir.
            –No Labirinto Virtual... Este aparato foi criado pela inteligência de uma nova deusa, filha da Grande Mãe... Para entrar no Labirinto virtual, toda a maru seria convertida numa maru neutra... Capaz de juntar maru positiva e maru negativa num único lugar... A espada do infinito só irá reagir a vocês dois, filhos de Curanaã e Oririn... Tragam na antes que vocês morram lá dentro...
            –E qual o desafio deste Labirinto? – Kullat se lembrava de ter sonhado ou possivelmente estado num lugar parecido com aquele.
            –Enfrentar os inversos...
            –O que é isso? – Thagir não tinha ideia de como seriam os seres do outro lado.
            –Eles são seus alteregos... No lado inacessível do multiverso é comum haverem seres muito parecidos com os deste lado... Normalmente aqueles que são bons aqui, são maus do outro lado... A regra não é sempre válida, mas há uma repetição que sempre ocorre...
            –E qual é?
            –Eles vão ser tão poderosos quanto vocês... De acordo com a profecia do meu mestre, o destino do multiverso estará nas mãos de vocês ou na deles... Aquele que perder não poderá voltar para o seu lado do multiverso...
            –... – Kullat e Thagir fizeram silêncio esperando saber como chegariam a esse lugar desconhecido.
            –Saiam e falem com Nopporn, ela abrirá o caminho para vocês...
            Os dois foram impelidos por uma grande força que os levou até a porta, de volta a ilha de Ev’ve. Kullat tinha quase certeza do que deveria ser feito:
            –Vamos até o farol, certo?
            –Sim, mas vamos precisar do Livro dos Dias...
            –Aquele que está na Academia, certo?
            –Não, precisamos do livro secreto que é mantido com os anciões. – Thagir mostrou uma runa verde que estava escondida em sua jóia de Landrakar.
            –As runas! – Kullat reparou que aquela relíquia pertencia ao ancião sequestrado. – Dá última vez que ouvi sobre os anciões eles estavam no farol de Nopporn!
            –Então é para lá que vamos... Ahn, Kullat?
            –Sim? Pode falar.
            –Poderia me dar uma carona até lá?
            –...! – Kullat sorriu. – Claro! Juntos até o final!
            Os Senhores de Castelo saíram voando entre os diversos prédios com a ajuda dos poderes de levitação de Kullat, atravessando as trevas que haviam dominado a ilha de Ev’ve.

...

            Chegando a grande torre do farol de Nopporn, a única torre ainda branca em toda a ilha, os Senhores de Castelo encontraram no salão da chama sagrada algo que não poderiam crer:
            –O que aconteceu com eles? – Kullat encarava os anciões que estavam completamente petrificados.
            –Presumo que devam estar em estado de animação suspensa. – Comentou Thagir. – Amplificar todo o poder do farol de Nopporn para manter a ilha iluminada debaixo de tanta treva deve ter exaurido sua maru...
            As runas especiais que cada ancião carregava, brilhavam intensamente. Suas estátuas formavam um círculo ao redor da grande chama, porém, havia um lugar vazio, faltava o décimo ancião. Thagir pensou um pouco, invocou um bastão comprido de sua jóia, fincou-o no chão e colocou a runa mística de N’quamor na outra ponta:
            –Acha que isso vai funcionar? – Perguntou Kullat, curioso.
            –Talvez sim... Veja, estão entrando em ressonância!
            Os objetos místicos cintilaram ainda mais. No centro do círculo, a grande chama se intensificou e formando uma forma humana, ou parecida com uma, dentro dela. Foi então que eles ouviram a voz magnânima da fundadora da Ordem dos Senhores de Castelo:
            –Aqui é Nopporn... O grande dia em que os escolhidos do multiverso atravessarão o Labirinto da Grande Mãe chegou! Meus filhos... – Ela parecia estar ajoelhada com as mãos postas para uma prece. – Esta batalha ainda não acabou. Mesmo que derrotem seus adversários mais imponentes vocês devem saber que, para derrotar o Mestre Caçador, um de vocês deverá sacrificar a própria vida e derramar o próprio sangue no fio do artefato místico. Só assim a espada do infinito voltará à vida e será capaz de invocar o poder ancestral que possui. Estão de acordo? O poder de decisão é de vocês...
            Os Senhores de Castelo se entreolharam. Eles não precisavam pensar muito, sabiam das consequências que implicavam em ser um Senhor de Castelo, suas vidas sempre seguiriam na direção da mesma escolha. Kullat, porém, estava mais pensativo, um dos dois deveria tomar a decisão do dia de bravura, uma decisão que não voltaria atrás. Thagir respirou fundo, já estava ali, no meio do turbilhão daquela desgraça, sua decisão fora sincera, iria em frente sem olhar para trás:
            –Estou... – Thagir olhou para Kullat esperando sua resposta que demorou alguns instantes para chegar.
            –Estou... – O pistoleiro sentiu algo estranho naquela resposta, sentia que seu amigo estava diferente.
            –A escolha foi feita, prossigam para dentro da chama...
            Os dois subiram no parapeito que circundava o fogo e, juntos, entraram nela. No começo não havia nada de diferente, a labareda não queimava, até começarem a sentir que seus corpos estavam sendo desmanchados e distorcidos para entrar no vórtice que estava entre as palmas da mão de Nopporn:
            –Meus filhos... Encontrem a árvore de aço... No topo estará a espada do infinito...

...

Transmissão continua...

terça-feira, 5 de junho de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


Confronto com o Mestre Caçador – 2ª parte
Informe do Multiverso


            Uma caixinha de música tocando, quando sua corda vem ao fim ela é novamente torcida para que tudo recomece. Kullat estava sem saber o que acontecia e esperava que Thagir lhe dissesse ou fizesse algo. Nunca dois companheiros de tantas batalhas estavam tão distantes. Thagir foi até próximo ao ser que se apresentava diante deles e começou:
            –Você é o Mestre Caçador?
            –Ora! Que grosseiro, não queres ouvir a história primeiro?
            –... – Thagir permaneceu calado.
            –Pois bem... Sabe quem eu sou?
            –Sim...
            –Minha história não é essa...
            –...? –Thagir olhava e duvidava do que ouvia.
            –Eu não existo, sou apenas uma mera cópia de um original. Há muito tempo, certo cientista resolveu brincar de genética e manipulação de mais de um tipo de maru para criar a cobaia perfeita, um clone dele mesmo. Ele me usou para todos os tipos de experimentos, chegando a abrir minha cabeça e inserindo eletrodos lá dentro. Na época, eu ainda não tinha aprendido a falar, minha coordenação motora era lenta. Eu estava vivo, ali, sentindo minhas vísceras serem expostas ao bel prazer de um louco que mesmo vendo minhas lágrimas constantes não parava um momento si quer, passando horas a fio, sem dormir, tudo para ter seus malditos resultados. Até que um dia a coisa mudou de rumo...
            –O que aconteceu? – Perguntou Kullat, também interessado.
            –Ele tentou me matar... – Sua cabeça estava baixa e algo parecido com lágrimas ou sangue escorreu pela sua face pingando no chão, sem lhe alterar o sorriso. – No meio de todas as experiências, o que mais constrange um cientista é a falta de resultados. Sem conseguir o que queria, ele resolveu desligar o meu suporte de vida e ficou fora durante um dia inteiro. Foi então que eu ouvi a voz...
            –Que voz? – Perguntou Thagir.
            –A voz do meu senhor a quem dedico todos os meus atos. Ele me ofereceu um contrato e, por mais que eu já me conformasse com a minha desgraça, não quis morrer e, desesperado, aceitei. Quando o cientista retornou no dia seguinte, ficou maravilhado ao me ver em pé fora do suporte. – O mago riu discretamente. – Ele achou que tinha obtido resultados! Bem, não preciso dizer o quanto eu me deliciei quando fiz com ele o que ele fizera comigo. Eu não tinha gritado uma única vez, mas aquele miserável berrava absurdamente. Aquilo só me dava vergonha!
            –Tudo isso... Não passa de vingança? – Inquiriu Thagir.
            –Longe disso! Os planos de meu senhor são maiores que isso...
            –Então, porque estão atacando os Senhores de Castelo? O que eles têm haver com isso? – Quis saber Kullat.
            –Boa pergunta... Realmente, os Senhores de Castelo são uma raça a parte, feitos para superar exércitos estelares inteiros se preciso. O fato é que eles dão ótimas baterias! – O sorriso dele mudara para algo mais sarcástico.
            –Você está usando os Senhores de Castelo como baterias das Estrelas Escuras, não está? – Disse Thagir, friamente.
            –...?! – Kullat se surpreendeu com a pergunta do amigo.
            –E não apenas isso, o controle central utiliza seus corpos e suas mentes como processador. – Nesse momento, o aparato atrás dele, no centro daquele lugar, se iluminou mostrando diversos tubos de sustentação de vida com pessoas dentro, ligadas a vários fios que saiam por todos os lados.
            –Eles estão vivos?! – Thagir demonstrava alguma impaciência.
            –É claro que sim! Como poderia usar as quatro Estrelas Escuras usando cadáveres?! Isso é maru sombria, as estrelas só usam maru natural! – O mago também demonstrava certa impaciência com o Senhor de Castelo.
            –E o que seu mestre quer com essa guerra? – Thagir se acalmou um pouco, se concentrando mais na conversa.
            –Acho que isso é um pouco óbvio...
            –E o que é afinal? – Kullat ainda não sabia do que eles estavam falando.
            –O que meu mestre quer é o centro exato do multiverso. Vocês é que tiveram o azar de estar aqui...
            –...! – Kullat deu um passo para trás.
            –Ora seu... – Thagir não aguentava mais de raiva, já havia aturado tudo aquilo por muito tempo e apontou uma de suas pistolas.
            –Thagir, Thagir... Você me decepciona! – Ele estalou os dedos. – Al, El... Apareçam!
            Duas mulheres, jovens, vestidas com roupas de couro preto que cobriam praticamente todo o corpo, exceto os olhos e os longos cabelos, apareceram ao lado do mago, uma de cada lado. Elas estavam apontando flechas com pontas de cristais de maru vermelha para os Senhores de Castelo:
            –Huhun... Estas são minhas guarda-costas, são arqueiras como Ann, sua mira é extremamente precisa. Conseguem acertar uma pulga a três quilômetros de distância! – Thagir guardou a pistola de volta na jóia, cerrando os punhos, tentando conter-se. – Além disso, meu caro, você vai gostar de saber disso...
            O mago fez alguns movimentos e dois círculos luminosos de maru violeta apareceram entre ele e os castelares. Nos círculos era possível ver multidões de pessoas e até alguns animais vagando perdidos em algum lugar desconhecido. Thagir e Kullat ficaram surpresos ao constatar que algumas daquelas pessoas que estavam ali eram conhecidas:
            –Dânima, Alana, Lara... – Thagir estava atônito com o que via em um dos círculos.
            –Não... É Kylliat e meu mestre Dominus! – Kullat olhava para o outro círculo, tão nervoso quanto seu companheiro. – Aquele outro é...
            –Hahaha... – O mago ria às gargalhadas com a cena que presenciava e de repente ficou sério. – É N’quamor... Praticamente todos os habitantes de Curanaã e Oririn são meus reféns!
            –Quando foi que você sequestrou N’quamor? – Perguntou Kullat apertando os punhos tentando conter a raiva.
            –Não fui eu que o sequestrei... Não foi, Thagir?
            –Mas, como? Ele não poderia?! – Kullat olhava para Thagir que estava um pouco à frente dele.
            –Hahaha... – A gargalhada estava ainda mais alta, tomando os mesmos ares de loucura quando havia pronunciado o ataque aos castelares, sendo finalmente possível ver seus olhos prateados por trás da sombra espectral. – O que você acha que aconteceu com o segundo caçador?
            –Thagir... – Kullat tentava obter alguma resposta. – Por Khrommer! O que você fez?!
            –... – Thagir continuava sem dizer o que acontecera.
            –Huhun... Não pergunte, se ele responder, o feitiço lançado sobre ele o matará...
            –Como isso é possível?!
            –Magia do tempo! – O mago mostrava a palma das mãos. – Inok é um caçador muito hábil, seu relógio é capaz de dilatar o tempo e espaço, fazendo viagens no tempo. O dia de hoje não foi simplesmente preparado em alguns anos. Levamos séculos corrigindo o curso que estava errado.
            –Isso é impossível, vocês é que estão errados em fazer isso!!! – Kullat acabou por gritar.
            –Olha, um discurso sobre certo e errado! Pois fique você sabendo que se nós não estivéssemos fazendo o que era preciso para alinhar o tempo para este dia, nenhum de vocês teria nascido, aliás, todos os Senhores de Castelo também não estariam aqui!
            –Porque tudo isso?!
            –Você verá... – O mago começou a emanar maru violeta de maneira exagerada, preenchendo todo o chão como se fosse névoa, deixando o ambiente frio e gélido.
            Detrás do mago, uma esfera gigante começou a levitar também, erguendo consigo os tubos de alimentação. A coisa abriu seus olhos, diversos olhos, centenas de olhos:
            –Conheça meu bichinho de estimação, o Ilusionista! Um raro tipo de observador encontrado somente em Geonova, um dos planetas secretos do quarto quadrante!
            O ser que pairava no ar ligado aos tubos era poderoso, sua influência era irrestringível e, olhando com mais cuidado, podia se perceber que haviam tubos ligados às costas do mago que estava pronunciando algumas palavras mágicas:
            –Libertação Efêmera! – O mago levantou as mãos para o alto.
            –Pare Mestre Caçador! Não faça isso! – Thagir tentou dissuadir seu inimigo.
            –Cale-se! Eu não sou o Mestre Caçador, sou apenas seu arauto!
            –... – Thagir não queria acreditar, seus poderes paranormais lhe faziam ver a ilha de Ev’ve sendo varrida por uma enchente escura que levou consigo todos que entraram nela...
...

Transmissão continua...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


Confronto direto com o Mestre Caçador – 1ª parte
Informe do Multiverso



            “Thagir, Kullat, Azio e Laryssa se dirigem diretamente para a torre do conhecimento montados em Mandíbula e no gavião gigante que foram resgatados das docas no meio das batalhas. A coisa não está fácil, eles enfrentarão o ainda desconhecido Mestre Caçador. Que os deuses os ajudem, eles vão precisar. Aqui foi Fentáziz, do Informe do Multiverso.”

...

            Em meio à queda das torres da ilha de Ev’ve, Mandíbula, o canino gigante treinado na academia, atravessa os escombros com Thagir e Kullat. No alto, Laryssa e Azio tentam se desvencilhar das esferas de energia sombria que caem do céu. No centro da escuridão que toma toda a ilha, as duas feras são iluminadas pelas auras de maru de seus condutores, lembrando estrelas de esperança, que afastam o medo dos castelares e de seus aprendizes que permanecem lutando bravamente para manter a sua morada.
            Thagir e Kullat chegam primeiro à entrada da torre:
            –Thagir, eu entendo que este lugar está longe das batalhas, mas, o que supõe que o Mestre Caçador esteja aqui? – Kullat ainda não tinha entendido o que estava acontecendo.
            –... – Thagir estava parado, no seu estado de transe perceptivo, vasculhando o interior da torre. – Você verá...
            Os dois entraram, sem esperar por Azio e Laryssa, que, aparentemente, arranjaram algum problema no meio do caminho e estavam demorando:
            –Por que não vamos direto para a torre? – Perguntou o autômato.
            –Tem alguém nos perseguindo...
            Um dos caçadores vigiava o gavião e saltou para atacá-lo:
            –Corrente verde! – De seu cilindro no braço, Set desenrolou um chicote de maru que se esticou até o gavião, atingindo uma de suas asas.
            –Laryssa?! – Azio não conseguiu computar perfeitamente a velocidade do ataque.
            –Se segure Azio, este pouso não vai ser como os outros!
            Caindo em queda livre, o Gavião só conseguiu desviar o suficiente do chão para pousar na grande fonte de água da praça dedicada a Monjor V, próximo a região da torre, antes da república dos aprendizes:
            –Você está bem Azio? Seus circuitos estão intactos? – Laryssa se levantava, balançando um pouco os cabelos molhados para tentar secá-los.
            –Alguns dispositivos estão inoperantes, princesa. Força bruta a 75%, eficiência em combate de 55%.
            –E aí gracinha? Pronta para levar um tiro? – Do lado de fora da fonte, Set apontava o outro cilindro para Laryssa, com o cristal vermelho de seu interior despontando para fora, na direção da Senhora de Castelo.
            –Um caçador! – Azio se posicionou na frente de Laryssa sem que ela pudesse evitar.
            –Que ótimo! Vão os dois juntos pro Naveeh!
            –...
            –Ahn? Azio, porque ele não atira? – Laryssa não conseguia ver.
            Quando finalmente pode ver, viu que uma dupla de Senhores de Castelo atacava o caçador, afastando-o da fonte. Os dois castelares eram pistoleiros hábeis, um estava montado numa moto elétrica preta e outro era veloz, usava um capuz branco e uma ave o acompanhava. O da moto acelerou para acertar o caçador e acabou entrando na água da grande fonte, parando perto de Azio e Laryssa:
            –A Senhora de Castelo me permite? – Disse o motoqueiro, estendendo a mão para que ela subisse na moto.
            –Ah... Sim, por favor. – Laryssa não conseguia ver perfeitamente, mas achava que conhecia o castelar de capacete.
            –Depois que tudo isso acabar, que tal um jantarzinho princesa?
            –Micah?! É você seu sem vergonha! Então aquele outro deve ser o cego Dubren.
            –Ah! A princesa se lembra de mim. Sou realmente inesquecível, não sou? – Laryssa tinha certeza que podia vê-lo sorrir dentro do capacete.
            –Cala a boca e dirige isso direito! Precisamos derrotar o caçador enquanto ainda é tempo!
            A moto saiu em disparada. Micah e Dubren, cada um de lados opostos, com o caçador do centro, seguiram rumo ao alvo sempre atirando. O caçador só tinha um disparo com a maru de cristal vermelha e, para poupar seu carregamento lento, decidiu usar a corrente de maru novamente, desta vez, com outra cor:
            –Corrente branca! – Com um salto causado pela força de sua arma, Set voou alto e balançou fortemente o corpo para continuar atacando e causar grande estrago na área abaixo.
            Laryssa, que havia entendido o plano dos Senhores de Castelo, lançou sua espada para o alto depois de saltar da moto em movimento. Como o caçador estava concentrado nos dois castelares se movimentando freneticamente, teve dificuldade em perceber o que vinha em sua direção. Set acabou perdendo o equilíbrio e veio ao chão, encontrando-se acuado, ele apontava o cilindro disparador em quem se aproximasse:
            –Não cheguem perto! Não cheguem perto!
            Dubren fez alguns movimentos rápidos e sacou duas pistolas. Usando-as, deu apenas dois tiros certeiros nos cilindros de Set, danificando-os profundamente:
            –Ah!!! Meus braços! – O caçador urrou com a dor, pois sentia que os ossos haviam sido quebrados.
            O caçador estava acuado, gravemente ferido e sangrando. Ele mostrava os dentes feito um cachorro selvagem querendo proteger seu território, para que ninguém se aproximasse.
            O ataque conjunto dos castelares fora um sucesso e juntos se aproximaram do caçador para observá-lo melhor:
            –Saiam daqui! Miseráveis!
            –Ih! O bichinho está com raiva, deve estar precisando de injeção... – Micah tirou sarro do caçador para tentar impressionar a Senhora de Castelo que nem reparou nele.
            –Atchim! Tirem ela de perto de mim! – O caçador parecia estar doente. – Essa aura maldita!
            –Nossa. Não é que ele precisa de injeção mesmo! – Micah continuava importunando.
            Laryssa olhava para o caçador, ele lhe lembrava alguém, só não sabia quem:
            –Atchim! Atchim! – Set continuava a espirrar muito irritado com a situação. – Essa maldita aura... Será que dava para diminuir esse poder de sedução?! Atchim! Sou alérgico a ele!
            –Esse carinha é estranho, não é Laryssa? – Micah tentava puxar papo com a moça castelar.
            –Ei! Eu sei quem você é! – Laryssa finalmente havia se lembrado de onde conhecia o caçador sombrio.
            –O quê?! – Micah ficou pasmo.
            –...?! – Dubren também estava surpreso, ao seu modo.
            –Vocês não sabem? – A moça ficou curiosa com a reação dos Senhores de Castelo.
            –Não sabemos. –Respondeu Micah por ser mais falante. – De onde ele é?
            O que a moça dissera, deixara os dois boquiabertos com a resposta.

...

            Kullat e Thagir andavam dentro da torre do conhecimento e se depararam com uma porta que parecia dar para fora da torre, no meio do nada, talvez um pequeno quartinho. Acima dela havia uma inscrição, a qual Kullat reparou:
            –Não vai me dizer que... – Thagir não percebeu o estranhamento do amigo, entrando sem fazer cerimônia.
Ao contrário do que se poderia pensar a sala não seria uma porta para o vazio ou um cubículo qualquer, ela dava em um lugar diferente, fora da ilha de Ev’ve. O lugar era amplo, talvez maior que o pátio principal que liga o porto à Academia de castelares. Num primeiro momento, ouvia-se um som forte de respiração e um coração batendo bem alto, em seguida, pode-se ouvir uma caixinha de música tocando e abafando o sons corporais tão estranhos. À frente, no centro do lugar, estava o Mestre Caçador meditando no meio do ar com o grande grimório espectral aberto e sendo folheado. Ele vestia uma túnica preta com desenhos em vermelho e um capuz que cobria seu rosto completamente, lembrando o efeito espectral do capuz de Kullat. Atrás dele havia algo grande que fazia sombra, impossibilitando ver o que estava ao redor do Mestre. No entanto, era possível ver longos tubos que estavam ligados a coisa, fluindo algo para ela. O rosto que se podia ver do Mestre, apontava uma possível origem humana:
            –Finalmente! – Disse, rindo da situação como se estivesse se divertindo. – Até que enfim vocês chegaram!
...

Transmissão continua...

sábado, 2 de junho de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


Guerra declarada!!!
Informe do Multiverso



            “É guerra! Não é necessário dizer muito, apenas: Que vença o melhor... Aqui é Fentáziz, do Informe do Multiverso.”

...

            Os vultos dos Caçadores Sombrios continuavam intocados no alto das torres, quem estava atacando os Senhores de Castelo no solo eram sombras, espécies de clones, formando um exército que se mesclava na escuridão. A ofensiva era alta, mas os bravos castelares não recuavam. Luta após luta, mais luzes se apagavam e mais o exército sombrio avançava. A guerra não seria fácil. No entanto, havia somente uma batalha que precisava ser vencida:
            –Laryssa, Azio... – Disse Kullat amarrando um alforje nas costas.
            –Vamos.  – Falou a moça, decidida.
            –... – Azio ainda não falou, estava mudando para modo de combate. – Pronto!
            –Nós estamos na superfície da ilha, precisamos descer alguns níveis. – Kullat mostrava um mapa numa tela móvel. – Nós vamos nos separar e penetrar as celas juntos.
            –Entendido. – Disse a princesa guerreira.
            –Vamos resgatar Thagir!

...

            Do nível médio até o nível baixo havia uma infestação de sombras disformes. Alguns locais estavam completamente destruídos por causa das primeiras explosões. Os três amigos se separaram e pegaram três vias. Kullat foi pelas tubulações, Azio iria até o centro de máquinas e desativaria as celas, Laryssa seria a distração dos guardas e dos guardiões eletrônicos. Havia apenas um problema no caminho, uma cópia de um caçador espreitava e os perseguia...
            Laryssa conseguia lidar com as sombras insurgentes com sua espada. Azio passava por cima das sombras como se não fosse nada. Rapidamente chegaram à sala de máquinas, que estava vazia:
            –O que aconteceu aqui? – Perguntou a Senhora de Castelo ao amigo.
            –Não consigo detectar nada... – Respondeu o autômato que usava scanners para verificar o local.
            De repente, as luzes do lugar começaram a piscar. Havia algo de errado com os eletrônicos, o que sugeria algo para Laryssa:
            –Elatra! Ela deve estar por aqui! – Percebeu Laryssa seguindo em frente.
            –Não detecto nada...
            –Tem certeza? Meus instintos têm certeza, ela deve estar por aqui... – Insistiu.
            –Não detecto nada...
            –Azio... – Laryssa se virou e viu seu amigo entrando novamente em curto, tento uma tremedeira convulsiva que provavelmente visava seu desmonte. – Azio!!! O que está acontecendo?!!!
            Laryssa não tinha ideia do que fazer, o sistema do autômato era complicado para ela. Ela correu para o painel central, deveria haver algo que indicasse a localização de Elatra. Olhando para o chão ela encontrou um chaveiro. A guerreira o pegou, nele estava escrito restrito:
            –Isso deve ser... Já sei!
            No painel central havia um botão vermelho que só poderia ser acessado se a fechadura de sua tampa fosse aberta. Laryssa colocou a chave e girou:
            –Tomara que tenha dado certo! – A Senhora de Castelo voltou para perto do amigo que estava no chão, esfumaçando.
            –1010% %% 0101... – Isso queria dizer: ‘O que você fez’?
            –Protocolo de segurança... Liberei um vírus que tem como alvo quem estiver invadindo o sistema. – A moça chorou um pouco e a lágrima foi contida pela mão mecânica do autômato que a olhava de baixo para cima.
            Se reerguendo com a ajuda de Laryssa, Azio foi até o painel e usou um disco de informações que reverteu às travas das celas da parte baixa. O caminho estava liberado e Kullat poderia seguir até Thagir.
...

            Kullat seguia pelos tubos que alimentavam os suprimentos de ar das áreas baixas, usando seus poderes de maru para desativar os sensores. Ele parou perto de uma grade laser, bem próximo da entrada das celas e esperou um pouco. Quando o caminho foi liberado, ele continuou:
            –Obrigado latinha! – Disse sorrindo.
            Mais a frente, Kullat provocou uma explosão nos túneis. Os dois guardas que estavam próximos foram verificar. Por detrás deles, Kullat desceu dos tubos e deu um golpe certeiro em suas nucas fazendo-os desmaiar. Ele se dirigiu para as celas e os guardiões eletrônicos foram ativados, repetindo o aviso: “invasor, invasor, invasor”. O Senhor de Castelo puxou sua espada de sua capa e, com aquele ar espectral que o envolvia, andou pelas paredes, cortando os guardiões. Porém, mais deles estavam vindo, então ele continuou e foi para a cela de Thagir. No momento, só havia ele ali, Thagir estava de costas para Kullat e não percebeu a chegada do amigo:
            –Ei, Thagir, vamos!
            –Kullat! Que bom vê-lo! – Thagir se virou e ficou surpreso. – Onde estão os outros?
            –Para trás... – Kullat gerou uma esfera de maru e explodiu a última tranca, liberando as barras de aço. – Eles estão nos esperando na sala de controle dos níveis inferiores.
            –Certo... O que você tem nas costas? – Thagir se referia ao alforje.
            –Ah! Já ia me esquecendo, suas coisas. – Kullat tirou os braceletes com as jóias mágicas que haviam sido confiscadas pelo conselho e o casaco verde de Thagir.
            –Meu casaquinho! Eu estava com saudade você! – O Senhor de Castelo roçou o rosto nele e percebeu algo diferente. – Este não é o meu!
            –Seu pai mandou. Este tem três vezes mais resistência que o antigo, além de endurecer, com um poder de defesa dez vezes maior, praticamente como uma armadura.
            –Esse é meu pai! – Thagir sorriu.
            –Thagir? – Perguntou Kullat enquanto corriam pelo caminho, destruindo um guardião.
            –Sim... – Thagir vestia o casaco, empunhava uma nova pistola da jóia de Landrakar e também atacava.
            –Onde está a outra metade do coração de Thandur? A jóia do seu bracelete permanece a mesma...
            Mais guardiões apareciam e eram rapidamente eliminados por tiros, cortes e ataques de maru sucessivos e perfeitamente sincronizados:
            –O fluxo de maru da outra metade só funciona em contato direto com maru vital... – Respondeu Thagir quando finalmente pode respirar.
            –Thagir! – Kullat se preocupou.
            –Vamos, eles estão nos esperando! – Thagir sorria, sem olhar pra trás.
...

            Chegando a sala de controle:
            –Laryssa, Azio... – Thagir passou direto e foi para os controles do painel.
            –Kullat?! – A cara de Laryssa denunciava o constrangimento.
            –Thagir está sob o efeito do verdadeiro coração de Thandur... – Kullat demonstrava muita preocupação. – Espero que ele aguente...
            –Aha! Achei! – Todos se aproximaram do telão que mostrava avarias por toda a ilha. – Exceto por este lugar!
            O telão se aproximou da região posterior ao porto, do outro lado da ilha. Naquele lugar haviam as repúblicas dos aprendizes e uma pequena torre de conhecimento – espécie de biblioteca. Thagir apontava para ela, isso deixou Kullat curioso:
            –O que tem lá?
            –É lá que o Mestre Caçador está!
            –...?! – Se perguntaram Azio, Kullat e Laryssa se entreolhando.
...

Transmissão continua...

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Devil's Drink 18# - Liori, o leão


            Ninguém no bar sabia, mas Lady Neko tinha um segredo. Não era um grande segredo, era apenas que a nossa linda e poderosa gata era casada! O anel que ela carrega no pescoço é o sinal de matrimônio dela com o neko mais importante da vila, Liori, prefeito eleito da vila. A história caiu como uma pedra para os empregados da Toca dos Gatos. Literalmente...

...

            – Caralho! Como assim você é casada?! – Gurei parecia o mais impressionado.

            – Nossa! Você realmente já se casou? – En’hain ficou menos perplexo como bom amigo.

            – A matriusca já estar casada? – Disse o jovem russo, que naqueles dias estava com cara de cachorro e apelidara Lady Neko daquele jeito desde o dia em que beberam juntos por parecer com a sua mãe.

            Akai, nas costas de En’hain, não ligou muito para o que estava acontecendo e ficou dormindo ali – provavelmente por já saber o que Lady Neko escondia. Ela tentou se explicar mais calmamente e, vendo que seria muito importunada, procurou ser delicada:

            – Saco! Já casei sim! O que é que vocês têm haver com isso?! – A moça bateu na mesa, fazendo-a.

            Os três ficaram quietos até En'hain tentar conversar:

            – Ahn... Com quem você se casou, creio que não seja com o vovô neko, não é?

            – Claro que não! Aquele velho tarado! Imagina se eu ia casar com ele!!! – Lady Neko continuava exaltada.

            – Então quem é o cara, dona peitud... – antes mesmo de terminar a pergunta, Gurei levou uma mesada na cabeça de Lady Neko que estava soltando fogo pelas ventas.

            – Aff... Gato infeliz... – a gata se sentou na cadeira tentando se acalmar.

            – Gurei, você está bem? – Perguntou En’hain, preocupado.

            – Au?! – Fez Sasha, sentindo um calafrio lhe percorrer a espinha.

            O espírito de Gurei estava quase escapando pela boca:

            – Eu... tô... legal!

            – Ele está certo... – En’hain sabia que Gurei ficaria bem e o deixou de lado. – Com que você se casou, afinal?

            – Com Liori... – Lady Neko desviou o olhar, não conseguia encará-lo de frente.

            – Aquele famoso herói da vila? – En’hain pensou mais um pouco. – Aliás, eu ainda não o conheço, onde ele está?

            Mais compassiva, a gata confidenciou:

            – É justamente por isso que não quero falar sobre ele, amore. Ele viaja pelo mundo procurando por nekos perdidos. Ele deveria estar cuidando da prefeitura no lugar daquele ratinho que ele elegeu como secretário. Mas está por aí, sem nem mandar notícia pra mim que sou sua esposa! Aquele gato miserável!!! – A raiva de Lady Neko era de dar medo.

            En’hain sorria, contudo, por trás da expressão calma, havia alguém que estava morrendo de medo. O draconiano ainda era muito novo na Vila dos Gatos e não conhecia todos da vila. Conhecia somente os nekos que conhecia do mercado, da quitanda, da loja de doces, que trabalhavam na praça e os que durante a noite apareciam no bar. Enfim, ele não tinha ideia de que ratinho sua amiga estava falando.

            Lady Neko fez menção de dizer algo, mas preferiu ficar calada. En’hain observou o gesto, notando o mal estar da moça:

            – Ele está voltando? – Sugeriu En’hain.

            – Sim... Ele deve chegar hoje... – Lady Neko demonstrava preocupação.

            – Entendo... Ele é muito ciumento... – En’hain olhou ao redor e percebeu o verdadeiro problema de Lady Neko. – Ele não vai gostar de te ver aqui...

            Algumas lágrimas rolaram pelo seu belo rosto.

...

            Pouco depois, do lado de fora, alguém que não estava na vila há um bom tempo acabava de chegar:

            – Gunshin!!! – Gritou ele. – Eu tô chegando! E vou entrar no bar!!! – Liori estava na entrada do bar, sujo de uma longa viagem, gargalhando com um grupo de cinco nekos. – Pra quem que eu tô avisando? Aquele sumido nunca está lá! Hahaha!

            Os outros cinco também riram muito. Eles estavam mal arrumados, sujos, eram mal educados e indiscretos, aparentando serem arruaceiros.

            En’hain pensou com firmeza, precisava tomar uma atitude frente aquela algazarra, deixou Akai dormindo numa cadeira e foi para a frente do bar:

            – Sinto muito, só abrimos a noite. – falou En'hain passivamente diante do grande leão duas vezes mais alto e truculento a sua frente.

            – Mas o que é isso?! – olhou desconfiado, medindo En'hain de cima a baixo. – Quem é você?!

            – Sou En’hain, barman da Toca dos Gatos e o mais novo draconiano da Terra – "Talvez o título resolva", pensou ele.

            – Hahaha... – Liori riu dele, apontando o dedo enquanto olhava para os novos nekos. – Eu sou o dono desta vila e queremos beber até cair! Se você não sair da minha frente vai sentir o peso da minha patada!

            Liori rugiu com tanto impeto na cara de En’hain que ele ficou todo melecado e meio entorpecido pelo bafo fétido. Mantendo-se firme, ele insistiu para que o leão voltasse mais tarde, porém, o felino gigante ignorou seu pedido e tentou passar pelo draconiano que reagiu instintivamente atiçando os espinhos pontudos de sua longa cauda metálica:

            – Hoh! Está com raiva baixinho?! – Liori encarava En’hain com um olhar fulminante, até sentir um cheiro doce que conhecia muito bem. – Este cheiro... Lady Neko, você está aí?!

            A gatinha se arrepiou toda, como se já não bastasse toda a sua apreensão por ser o motivo da discussão. Vendo a amiga acuada, Sasha percebeu que era o único que podia fazer alguma coisa além de En’hain e decidiu enfrentar o Leão também:

            – Que cheiro de cachorro molhado! – antes mesmo de se revelar, Liori sentiu o cheiro do lobisomem. – Não vai me dizer que você ousou trazer um maldito cachorro para a Vila dos Gatos!

            Liori estava mais exaltado ainda e Lady Neko tremia dentro do bar. En’hain permanecia no mesmo lugar e Sasha rosnou mostrando os caninos para o bando do lado de fora.

            – Devo insistir para que volte no nosso horário de serviço. – En’hain continuava impassível em sua decisão.

            –Como ousa!!! – rugindo forte, Liori deu um golpe certeiro na boca do estômago de En’hain com seu grande punho fazendo-o com voar para dentro do bar.

            Sasha não se conteve e tentou morder o grande leão, que reagiu mais rápido que ele, agarrando-o pelo pescoço. Liori apertou bem forte, quase quebrando os ossos:

            – Cão maldito, se eu estivesse aqui você nunca teria entrado!

            Sasha buscou alguma palavra, mas não conseguia falar direito.

            Lady Neko sentiu que a luta apertara e tomou a frente para falar gentilmente com Liori para que soltasse seu querido amigo:

            – SOLTA ELE GATO MIRRADO!!! – Lady Neko meteu a cabeça de Liori bem fundo no chão.

            – Oi amorzinho... – Mesmo com a cabeça enterrada, Liori sabia que encontrara Lady Neko.

            O lobisomem ficou assustado:

            – Matriusca... Ele já me soltar... – Sasha passava a mão no pescoço para aliviar a dor.

            – Ah... Sim, é mesmo. – Lady Neko tirou a mão do buraco.

            En’hain, no fundo do bar, se levantava lentamente. Estava meio tonto por causa do golpe, mas sua resistência de draconiano era forte e estava bem:

            – Lady Neko?! – En’hain estava surpreso com o que a gata havia feito quando saiu. – Ahn... Acho melhor você levar o seu marido para casa. Eu cuido dos novos nekos da vila por enquanto. Venham, podem entrar.

            – Eba! Urru!!! – Fizeram os novos gatinhos que estavam animados por finalmente entrarem no bar.

            – SILÊNCIO!!! – En’hain parecia Liori rugindo. – Akai está dormindo...
            O bando de gatos percebeu o pequenino após terem entrado.

            – Este neko está ligado a você? – Perguntou um deles.

            Akai acordou, saiu da cadeira e subiu nas costas de En’hain, voltando a dormir calmamente.

            – Ai! – O barman sentiu um puxão na cauda, despontando uma pequena lágrima no canto dos olhos. – Infelizmente, sim...

            Foi isso...