A Árvore de Aço
Um prédio,
um edifício, uma mega morada... A Árvore de Aço é um complexo que se
autoconstrói, andar após andar, infinitamente. É algo inorgânico, inanimado e
gigantesco em pleno movimento de criação, se expandindo para cima, buscando uma
saída de sobrevivência, sugando nutrientes do solo... Como uma verdadeira
árvore.
...
Kullat e
Thagir entraram pela base e foram subindo por onde podiam. Às vezes era uma escada,
outras um elevador e ainda era possível utilizar plataformas voadoras. Nem
sempre os andares poderiam ser considerados andares, uma vez que poderiam ter
centenas de metros de altura. Na verdade, todo o interior parecia com veias,
sulcos e nós de um grande tronco, usar uma seção ou outra sempre levaria para o
mesmo lugar, para cima ou para baixo.
Então, de
repente, esferas negras voaram na direção dos castelares, que explodiram,
denunciando o novo encontro com os inversos. Os outros seres que também estavam
no labirinto começaram a discutir:
–Atoidi
ues! Uorre êcov! – O que reclamava parecia com Thagir, alto, magro, vestia
roupas pesadas e uma longa casaca vermelha com algumas placas de proteção
localizadas estrategicamente; tinha os cabelos esbranquiçados com uma barba
cerrada de tons levemente verdes e olhos diferentes um do outro – um era azul
claro e o outro, que tinha uma cicatriz vertical ao redor de cima a baixo, era
completamente laranja.
–Ocitétap é
euq êcov! Rednefed es arp éta amra amu rahnupme ed odem snet! – O outro
lembrava Kullat, alto, forte, de olhos verdes e cabelos brancos levemente
escurecidos nas têmporas; usava um manto negro e manoplas grandes e pesadas em
ambas as mãos, além de possuir apetrechos eletrônicos pelo resto do corpo.
Os Senhores
de Castelo aproveitaram para contra atacar, Kullat lançou esferas de maru
concentradas e Thagir usou duas pistolas de tiro rápido, esvaziando o tambor
que logo fora recarregado pela jóia de Landrakar:
–Sodaçargsed!
Rudnaht ed ohlo od redop o matnis! – O que parecia com Thagir estava controlando
o espaço ao seu redor, bloqueando os tiros e as explosões com eficiência e
lançou alguns pedaços do andar da árvore de aço contra os Senhores de Castelo.
Kullat
bloqueou o ataque com um escudo de maru azulada e Thagir sacou da jóia de
Landrakar um rifle mais potente que explodiu os destroços pelos ares:
–Sotidlam
seraletsac!
–Rigaht! Onalp
um ed somasicerp, es-emlaca... – O outro, parecido com Kullat, levantou as duas
mãos e atirou fortes raios-lasers na direção dos oponentes, sem atingi-los,
apenas levantando poeira.
Vendo que
os inversos não estavam mais no local, Thagir e Kullat conversaram um pouco:
–O Thagir
inverso me parece mais radical... – Disse Kullat.
–Também
achei o Kullat inverso um pouco ruim de mira... – Thagir estava pesando em
algo.
–Me parece
que eles não têm noção do que estão fazendo... – Continuou Kullat.
–Sim, eles
parecem jovens adolescentes... Talvez eles não tenham a mesma idade que nós...
– Prosseguiu Thagir, usando a dedução. – Ou a mesma experiência. Precisamos de
mais informações...
–Certo... E
como está o coração de Thandur? – Kullat se lembrara de como o artefato deixava
o amigo exausto.
–Está
melhor do que antes. Aparentemente não há diferença entre as marus e ele
consegue funcionar sem problemas. No entanto, creio que seu poder esteja
funcionando pela metade, o alcance da minha percepção está muito limitado, só
consigo enxergar uns poucos metros a frente com perfeição. Além disso, fica
tudo borrado...
–Também sinto
que a minha maru está estável e enfraquecida. – Kullat invocou uma espada de
seu manto branco. – Devemos prosseguir no combate direto, teremos mais chances
de passar na frente deles.
–Concordo...
– Thagir guardou as armas na jóia e tirou os bastões de combate de Newho. –
Vamos em frente, não temos tempo pra ficar aqui esperando que a espada do
infinito venha até nós.
...
Os dois
inversos discutiam de novo:
–Sodal so
sodot rop sabmob oreuq ue! – Disse Rigaht, o inverso de Thagir.
–Raregaxe
somedop oãn! Oirássecen o etnemos rasu euq somet. – Ponderou seriamente Talluk,
o inverso de Kullat.
–Ossi êd
em! – Rigaht tomou a cartucheira cheia de mini bombas das mãos do outro e jogou
todas pelo chão.
–Iuqad rias
somav. Ramra es oãv áj sabmob sa.
–Ogimoc exied.
Otser o oçaf ue.
...
Os Senhores
de Castelo estavam atentos as armadilhas dos inimigos e evitaram as bombas,
passando longe delas. Kullat estava pensativo e queria saber o que Thagir tinha
em mente:
–Vamos
apenas passar. – Respondeu simplesmente.
–Sinto algo
estranho no ar, eles não estão para brincadeiras.
Rigaht
apareceu e lançou mais pedaços da árvore de aço contra os castelares, no que
eles reagiram se desviando com habilidade:
–Soirbmos
Serodaçac sod Medro alep! Maçerapased! – Rigaht levantou vários destroços de
uma vez e os comprimiu numa grande esfera, lançando-a contra os Senhores de
Castelo. – Ossi memot!
Kullat teve
de se desviar com mais cautela, lançando um golpe de espada que faiscou contra
a esfera. Thagir estava desconfiado do outro oponente que não aparecia com
frequência e prosseguiu para perto de Rigaht. O castelar sentiu o tempo
desacelerar como costuma sentir, sem, no entanto, usar o poder do coração de
Thandur. Talluk apareceu e jogou um explosivo luminoso que deixaria seu inimigo
parcialmente cego, ele estava dentro da parede, mesclado a ela através de algum
aparelho desconhecido que emitia uma grande quantidade de energia. O cavaleiro
branco foi para a linha de frente para ajudar o amigo, mas o inverso de poderes
psíquicos esperava por isso e lançou seu campo de pesadelos que afetou Kullat,
deixando-o semi paralisado no chão, largando a espada:
–O que
vejo! – Rigaht, falava normalmente para que seu poder tivesse mais influência
sobre o alvo. – Um garotinho, um pobre garotinho andando por ruas cheias de
gente, sem ninguém para ajudá-lo. Sem os
pais por perto, ele estava com fome, pedia a quem passasse que lhe desse um
pouco de comida e era amargamente ignorado. Olha só, um ladrão sai correndo da
loja que acabara de roubar e tromba com a criança deixando-a com o furto em
suas pequenas mãos. Hun... ela foi presa!
–Kullat! O
que está acontecendo?! Do que ele está falando? – Gritou Thagir não sabendo
exatamente o que acontecia por eles estarem fora do seu alcance paranormal.
–Alguém
está entrando na cela... Não é um guarda... Alguém alto, muito magro, careca,
de roupas vermelhas... Ele está oferecendo algo para a criança... Ela aceitou e
os dois saíram da cadeia juntos!
–Kullat!!!
...
Transmissão continua...
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