sexta-feira, 8 de junho de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


A Árvore de Aço



            Um prédio, um edifício, uma mega morada... A Árvore de Aço é um complexo que se autoconstrói, andar após andar, infinitamente. É algo inorgânico, inanimado e gigantesco em pleno movimento de criação, se expandindo para cima, buscando uma saída de sobrevivência, sugando nutrientes do solo... Como uma verdadeira árvore.

...

            Kullat e Thagir entraram pela base e foram subindo por onde podiam. Às vezes era uma escada, outras um elevador e ainda era possível utilizar plataformas voadoras. Nem sempre os andares poderiam ser considerados andares, uma vez que poderiam ter centenas de metros de altura. Na verdade, todo o interior parecia com veias, sulcos e nós de um grande tronco, usar uma seção ou outra sempre levaria para o mesmo lugar, para cima ou para baixo.
            Então, de repente, esferas negras voaram na direção dos castelares, que explodiram, denunciando o novo encontro com os inversos. Os outros seres que também estavam no labirinto começaram a discutir:
            –Atoidi ues! Uorre êcov! – O que reclamava parecia com Thagir, alto, magro, vestia roupas pesadas e uma longa casaca vermelha com algumas placas de proteção localizadas estrategicamente; tinha os cabelos esbranquiçados com uma barba cerrada de tons levemente verdes e olhos diferentes um do outro – um era azul claro e o outro, que tinha uma cicatriz vertical ao redor de cima a baixo, era completamente laranja.
            –Ocitétap é euq êcov! Rednefed es arp éta amra amu rahnupme ed odem snet! – O outro lembrava Kullat, alto, forte, de olhos verdes e cabelos brancos levemente escurecidos nas têmporas; usava um manto negro e manoplas grandes e pesadas em ambas as mãos, além de possuir apetrechos eletrônicos pelo resto do corpo.
            Os Senhores de Castelo aproveitaram para contra atacar, Kullat lançou esferas de maru concentradas e Thagir usou duas pistolas de tiro rápido, esvaziando o tambor que logo fora recarregado pela jóia de Landrakar:
            –Sodaçargsed! Rudnaht ed ohlo od redop o matnis! – O que parecia com Thagir estava controlando o espaço ao seu redor, bloqueando os tiros e as explosões com eficiência e lançou alguns pedaços do andar da árvore de aço contra os Senhores de Castelo.
            Kullat bloqueou o ataque com um escudo de maru azulada e Thagir sacou da jóia de Landrakar um rifle mais potente que explodiu os destroços pelos ares:
            –Sotidlam seraletsac!
            –Rigaht! Onalp um ed somasicerp, es-emlaca... – O outro, parecido com Kullat, levantou as duas mãos e atirou fortes raios-lasers na direção dos oponentes, sem atingi-los, apenas levantando poeira.
            Vendo que os inversos não estavam mais no local, Thagir e Kullat conversaram um pouco:
            –O Thagir inverso me parece mais radical... – Disse Kullat.
            –Também achei o Kullat inverso um pouco ruim de mira... – Thagir estava pesando em algo.
            –Me parece que eles não têm noção do que estão fazendo... – Continuou Kullat.
            –Sim, eles parecem jovens adolescentes... Talvez eles não tenham a mesma idade que nós... – Prosseguiu Thagir, usando a dedução. – Ou a mesma experiência. Precisamos de mais informações...
            –Certo... E como está o coração de Thandur? – Kullat se lembrara de como o artefato deixava o amigo exausto.
            –Está melhor do que antes. Aparentemente não há diferença entre as marus e ele consegue funcionar sem problemas. No entanto, creio que seu poder esteja funcionando pela metade, o alcance da minha percepção está muito limitado, só consigo enxergar uns poucos metros a frente com perfeição. Além disso, fica tudo borrado...
            –Também sinto que a minha maru está estável e enfraquecida. – Kullat invocou uma espada de seu manto branco. – Devemos prosseguir no combate direto, teremos mais chances de passar na frente deles.
            –Concordo... – Thagir guardou as armas na jóia e tirou os bastões de combate de Newho. – Vamos em frente, não temos tempo pra ficar aqui esperando que a espada do infinito venha até nós.

...

            Os dois inversos discutiam de novo:
            –Sodal so sodot rop sabmob oreuq ue! – Disse Rigaht, o inverso de Thagir.
            –Raregaxe somedop oãn! Oirássecen o etnemos rasu euq somet. – Ponderou seriamente Talluk, o inverso de Kullat.
            –Ossi êd em! – Rigaht tomou a cartucheira cheia de mini bombas das mãos do outro e jogou todas pelo chão.
            –Iuqad rias somav. Ramra es oãv áj sabmob sa.
            –Ogimoc exied. Otser o oçaf ue.

            –Ies...
...

            Os Senhores de Castelo estavam atentos as armadilhas dos inimigos e evitaram as bombas, passando longe delas. Kullat estava pensativo e queria saber o que Thagir tinha em mente:

            –Vamos apenas passar. – Respondeu simplesmente.

            –Sinto algo estranho no ar, eles não estão para brincadeiras.

            Rigaht apareceu e lançou mais pedaços da árvore de aço contra os castelares, no que eles reagiram se desviando com habilidade:

            –Soirbmos Serodaçac sod Medro alep! Maçerapased! – Rigaht levantou vários destroços de uma vez e os comprimiu numa grande esfera, lançando-a contra os Senhores de Castelo. – Ossi memot!

            Kullat teve de se desviar com mais cautela, lançando um golpe de espada que faiscou contra a esfera. Thagir estava desconfiado do outro oponente que não aparecia com frequência e prosseguiu para perto de Rigaht. O castelar sentiu o tempo desacelerar como costuma sentir, sem, no entanto, usar o poder do coração de Thandur. Talluk apareceu e jogou um explosivo luminoso que deixaria seu inimigo parcialmente cego, ele estava dentro da parede, mesclado a ela através de algum aparelho desconhecido que emitia uma grande quantidade de energia. O cavaleiro branco foi para a linha de frente para ajudar o amigo, mas o inverso de poderes psíquicos esperava por isso e lançou seu campo de pesadelos que afetou Kullat, deixando-o semi paralisado no chão, largando a espada:

            –O que vejo! – Rigaht, falava normalmente para que seu poder tivesse mais influência sobre o alvo. – Um garotinho, um pobre garotinho andando por ruas cheias de gente, sem ninguém para ajudá-lo.  Sem os pais por perto, ele estava com fome, pedia a quem passasse que lhe desse um pouco de comida e era amargamente ignorado. Olha só, um ladrão sai correndo da loja que acabara de roubar e tromba com a criança deixando-a com o furto em suas pequenas mãos. Hun... ela foi presa!

            –Kullat! O que está acontecendo?! Do que ele está falando? – Gritou Thagir não sabendo exatamente o que acontecia por eles estarem fora do seu alcance paranormal.

            –Alguém está entrando na cela... Não é um guarda... Alguém alto, muito magro, careca, de roupas vermelhas... Ele está oferecendo algo para a criança... Ela aceitou e os dois saíram da cadeia juntos!

            –Kullat!!!

...

Transmissão continua...

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