Thagir retorna ao
reino de Newho – 1ª parte
Informe do Multiverso
“Como era
de se esperar, Curanaã também não saiu ilesa dos ataques dos Caçadores
Sombrios. De forma engenhosa eles atacaram a sede da Ordem e o castelo de
Newho, furtando do reino algo muito precioso. Aqui foi Fentáziz, do Informe do
Multiverso.”
...
Começando transmissão...
Laryssa e
Thagir estavam se organizando dentro do navio. Ela estava emburrada com a
decisão de Thagir de separar os amigos daquele jeito, mas sabia que a resposta
que receberia era meio óbvia, por isso se mantinha calada. Thagir estava
alimentando um farejador canino gigante dos estábulos da ilha de Ev’ve que
trouxera consigo por ser um animal esperto e extremamente rápido, perfeito para
viajar por Newho. O Senhor de Castelo tirou duas latas pequenas dos bolsos e
entregou uma para Laryssa:
–O que é
isso? – Perguntou a moça.
–É um tipo
de energético, vai te ajudar a ficar atenta contra os Caçadores. Tome na hora
que precisar. Nos últimos dias tenho dormido pouco. – Thagir abriu a lata que
fez um chiado e liberou algumas bolhas; ele deu alguns goles. – Fresco como cok
e ruim como cuspe de dragão!
Laryssa
sorriu um pouco ao ver a cara feia que Thagir fizera. Ela já tinha ouvido falar
que em planetas a partir do segundo quadrante poderia haver coisas como aquela,
mas ainda não tinha visto uma. Ser princesa de um reino grande reino poderia
ser bom, mas tinha lá seus problemas. Lembrando-se que Thagir era um rei que
estava num estado parecido, Laryssa perguntou:
–Vamos ver
as princesas de Newho?
–Sim! –
Thagir tinha um sorriso alegre e suspirava de emoção. – Você vai adorar
conhecer Dânima, ela é uma mulher sensacional!
A realeza
sempre parece cheia de luxo e poder, no entanto, ainda são seres normais, com
sensações comuns, que também sentem daqueles que amam. Os dois castelares
pareciam se entender muito bem.
...
Dando
prosseguimento à viagem, tudo ocorreu calmamente. O navio aportou com sucesso
no porto mais próximo da sede de Newho. Só havia algo perturbando o Senhor de
Castelo:
–Onde está
todo mundo?
De fato,
estava tudo calmo de mais, dava até para ouvir o barulho dos ventos. Thagir
ficara preocupado e saltou do navio, ativando o coração de Thandur para
verificar as redondezas. Laryssa, com noção do procedimento, penetrou em si
para ouvir melhor as vozes da natureza que encontrasse e desceu para juntou de
Thagir, usando a ponte que se liga ao cais:
–Não
encontrei ninguém... – Disse Thagir voltando ao normal.
–Eu
consegui ouvir uma voz no meio do silêncio... – Laryssa estava meio
constrangida pelo que ia dizer.
–Vamos,
diga, o que você ouviu? – Thagir estava certo do que fazia.
–A voz
dizia: “Fujam”, e apenar isso, repetidas vezes. Senti grande pavor e angustia.
–Kabeza...
Os Caçadores Sombrios já estão aqui! – Thagir se lembrou do dia em que estava
para fazer o pronunciamento na ilha de Ev’ve; no ar pairava a mesma sensação,
um pouco mais fraca de certo, mas a mesma. – Descarreguem o Mandíbula!
Thagir fez
sinal aos tripulantes para descarregarem aquele animal que usaria como
transporte. Laryssa, por sua vez, preferiu mandar trazer um gavião gigante de
Agabier, ele era seu conhecido e não hesitaria num momento daquele, com sua
pose altiva. Os Senhores de Castelo que estavam dando apoio também trouxeram
suas montarias – as naves de transporte disponíveis estavam todas no navio de
Kullat e Azio.
Laryssa, que ainda tinha visto pouco dos segredos do
multiverso, ficara surpresa com as montarias. Havia uma Wyvern – espécie de
dragão que lembra uma galinha; um Frizio – fera albina, quadrúpede, natural de
um planeta congelado e que usa a luz como fonte de energia; um Rijadi – mais
conhecido como anjo estelar, sua forma lembra uma arraia gigante que flutua no
ar, vive em bando no espaço, sendo sua migração muito apreciada pelos
astrônomos; e um Golait – considerado um tipo de quimera, por reunir
características de plantas, rochas e animais num único ser, além disso, possui
quatro patas, cauda longa e rombuda, pescoço comprido, cabeça pequena, garras
afiadas, placas extremamente expansíveis e duras por todo o corpo e produz o
próprio alimento como uma planta ao colocar a cauda no solo. Eram seres
magníficos e raros. Laryssa sentia a confiança deles em seus mestres, isso a
fazia se sentir segura.
Logo
partiram, atravessando as estepes que ladeavam o rio Pangodes que os levaria ao
centro de Newho e posteriormente ao castelo de Thagir. Um cavalo poderia levar
um dia daquele porto, aquelas feras velozes fizeram o trajeto em cerca de uma
hora e meia.
Já no
centro da cidade principal, novamente, o silêncio. Thagir tentava detectar
alguém com o estado aguçado que o coração de Thandur deixava, novamente nada.
Virou-se para Laryssa:
–Alguma
coisa? – A esta altura, todos já estavam com os comunicadores.
–Não sei ao
certo... Não sinto nenhum animal, por menor que seja... Espere! Ouço algo! Está
vindo dali! – Mais a frente, na direção em que o gavião voava, havia um prédio
grande, com algumas torres e o símbolo dos Senhores de Castelo entalhado numa
pedra do arco do portão.
Thagir usou
Mandíbula para saltar a muralha e quanto aos outros, os animais voadores
carregaram os que não podiam passar para dentro da sede da Ordem. Thagir
retomou a conversa com Laryssa:
–É aqui
dentro? – Perguntou Thagir.
–Sim... Sinto
seres humanos aqui dentro. Estão com medo... – Laryssa demonstrava desconforto
ao falar sobre aquilo.
O Senhor de
Castelo de Newho foi até a porta, fez alguns toques de maneira incomum, por um
momento houve silêncio até alguém bater de volta da mesma maneira. Thagir
repetiu os movimentos incomuns e a porta se abriu. Dentro da sede, havia alguém
conhecido:
–Pai?! –
Perguntou Thagir. – O que o senhor está fazendo aqui?!
Depois de
um abraço caloroso Primir, o antigo monarca de Newho, começou a falar:
–Soubemos
da existência dos Caçadores Sombrios e viemos cuidar de Dânima e as crianças. –
O velho estava triste, parecia querer esconder algo de Thagir.
–Onde estão
os outros?! Eles não estão cuidando dos códices?! – Thagir olhava para dentro
da sede, estava tão preocupado com a missão que deixou escapar a impressão que
teria do pai.
–Pelos
deuses filho! Você não soube?!
–O quê?! –
Thagir estava assustado, pois finalmente percebera a seriedade do pai.
Laryssa
tentou ouvir a conversa, mas não conseguiu. Viu Thagir cair de joelhos abraçado
ao pai. A Senhora de Castelo se aproximou e tocou em seu ombro:
–Thagir? –
Ele se virou com o rosto cheio de lágrimas.
–Eles
levaram elas... Eles levaram Dânima e minhas filhas!
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário