quinta-feira, 31 de maio de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


Discussão entre Thagir e o Conselho de Nopporn
Informe do Multiverso



            “Como foi visto no último informe, não se soube o que aconteceu com o segundo caçador e ao ser perguntado pelo ocorrido, o Senhor de Castelo Thagir se negou a dar qualquer esclarecimento. Discutindo sobre o ocorrido, o Conselho chegou à conclusão de que Thagir deveria revelar o que escondia. Mas, para a surpresa de todos, Thagir rebateu acusando seriamente N’quamor de estar ajudando os Caçadores Sombrios. A discussão levou o conselho a prender o comandante Thagir, que será julgado em grande audiência, sendo transmitido para todo o multiverso. Os amigos mais próximos relatam não ter ideia do que está acontecendo. Teria o mestre Thagir se revoltado com o conselho? O que o grande ancião teria para esconder? Confiram nesta transmissão especial. Aqui foi Fentáziz, do Informe do Multiverso.”

...

Começando transmissão...

            Kullat foi visitar Thagir na cela. Esperava entender alguma coisa:
            –Porque você não pode dizer nada, nem pra mim que sou se amigo? – Kullat tentava chamar a atenção de Thagir, sem muito sucesso.
            –... – Thagir suspirou. – Há muito mais por trás disso do que você pensa...
            –...! – Kullat olhou para o amigo, praticamente irmão, e percebia um olhar vago, sério, quase com raiva. Deveria estar perdido em algum pensamento.
            –Thagir! Sua hora chegou! Você será levado imediatamente para a presença do conselho... – Uma comitiva de guardas castelares marchou para a frente da cela, anunciando a hora do julgamento e para escoltar Thagir.
            –Me diga qualquer coisa! – Kullat tentou falar uma última vez falar com o amigo...
            –... – Thagir falou algo baixinho, aparentemente Kullat entendeu e deu passagem à escolta.

...

            No tribunal, o bate-boca rolava solto:
            –Como o Senhor se justifica? – Perguntou um dos anciões.
            –Eu? Como vocês se justificam? – Retrucou.
            –Responda as perguntas! – Exigiu outro ancião.
            –Vocês têm noção do que fizeram?! – Thagir estava exaltado.
            –Mantenha se calmo, este é um simples inquérito. – Pronunciou-se uma das anciãs.
            –Então me diga... Vocês têm noção do que fizeram?! – Thagir repetiu.
            –Mantenha a conduta, Senhor de Castelo! Nós é que estamos te interrogando.
            –Se vocês querem mesmo entender o que tenho a dizer, é melhor que digam. Vocês têm noção do que fizeram?! – A última pergunta saiu com um grito.
            –Isso não vem ao caso. – O juiz N’quamor se pronunciou. – Conte de uma vez o que aconteceu ao segundo caçador que atacou Curanaã.
            Thagir deu um pequeno riso e continuou a atacar o conselho:
            –Você, grande ancião, você é o culpado de tudo isso! Não tente esconder!
            Todos que estavam presentes olharam para o atual líder, se perguntando o que acontecia, como um grande Senhor de Castelo havia ficado com um estado tão alterado. A anciã que tinha precedido o oririano, querendo confirmar os fatos, inquiriu diretamente a N’quamor:
            –Grande irmão, ele o acusa com grande interesse. Tens algo para dizer? – A face dos outros demonstravam o mesmo interesse.
            –Para todos os fins, declaro que ele deve estar louco e me caluniando.
            –É mesmo?! – Thagir se liberta das algemas e atira uma jóia de maru na direção do grande regente que, com sua perícia em tiro, não foi difícil acertar a runa que pendia em seu pescoço.
            Um tremendo choque explosivo ocorreu, fazendo N’quamor cair no chão fumegando. Todo mundo estava assustado. Os guardas castelares seguraram Thagir, forçando-o a ficar de cara no chão. Os anciões mais experientes em poder de cura se aproximaram de N’quamor para tentar repor suas energias e verificaram que sua runa havia se desfeito em pó:
            –Grande irmão? – A aparência do ancião ficava cada vez mais verde com folhas que apareciam e começavam a cair de seu corpo e que, por fim, não era mais o mesmo.
            –Vejam!!! Este é o caçador Baran, o acônito!!! – Gritou Thagir em sua posição nada confortável.
            O caçador sombrio estava em estado de choque, tendo convulsões, derramando seiva pela cabeça em forma de flor em botão. Seus apêndices formaram raízes no chão e ele começou a se fundir ao local, desaparecendo. A cena deixou todos boquiabertos. Vidara, que estava em segunda no comando do conselho, achou melhor tomar algumas decisões de última hora:
            –Irmãos! Vamos todos nos retirar para decidirmos o que fazer.
            –E quanto ao castelar Thagir? – Perguntou outro ancião.
            –Deverá continuar em observação, por desacato a nossa autoridade. Quando terminamos de debater o acontecido e tomar novas providências, nós reavaliaremos sua condição. No momento não podemos tirar conclusões precipitadas. É tudo. – Todos se retiram do salão de julgamento e Thagir foi levado de volta à cela.

...

            Naquele dia, aquilo não fora tudo que iria acontecer. Diversas explosões começaram a ocorrer por toda a ilha de Ev’ve. Os alarmes soavam alto:
            –Emergência! Emergência! Ev’ve está sobe ataque! Todos a seus postos! Todos a seus postos!
            Na imensidão do multiverso, grandes sombras começavam a surgir e a se aproximar da ilha. O sol artificial da ilha também estava sendo sobrepujado, escurecendo sob uma grande mancha. Toda a ilha tremia como se estivesse saindo de seu eixo. Depois daquilo, somente o farol de Nopporn e as luzes artificiais iluminavam a ilha de Ev’ve que estava imersa em escuridão.
            Todos os Senhores de Castelo, guardas e aprendizes estavam nas ruas, armados e prontos para o ataque. Eles bradaram anunciando que estavam prontos para a batalha sombria. Foi então que ouve uma saraivada de flechas perfurantes vindas da escuridão matando e ferindo alguns castelares. O escudo orbital continuava girando a plena potência. De repente, os alto-falantes voltaram a anunciar:
            –Atenção, as defesas da ilha estão baixando! Repito, as defesas da ilha estão baixando!
            Os guerreiros mais jovens estavam ficando preocupados, fazendo algazarras desnecessárias. Os mais experientes tentavam conter os aprendizes:
            –Fiquem calmos! – Disse Ydra, Senhor de Castelo e multibiólogo, aos que estavam a seu alcance.
            Átimos, o ultraquímico, além de Kennibo e tantos outros fizeram o mesmo, se preparando para o pior. Até uma voz ensandecida começar a falar pelo alto falante:
            –Eis o dia de bravura, caros Senhores de Castelo! Eu vos apresento uma batalha tão grande quanto às guerras espectrais! E para não os decepcionar, trago-vos aqui Set, o homem-sombra; Baran, o acônito; Inok, o vampiro; Doutor Tóxico, o limo inteligente; Kabeza, o demônio do medo; Xerubim, o anjo da distorção; Histério, o grande Cavaleiro Fantasma; Singo, o domador de feras; Elatra, a autômata; Alvora, a musa da Guerra; Lux, o homem das estrelas; e Ann, minha arqueira, cuja a mira é a mais perfeita! – A frase acabara com uma risada diabólica.
            Lá estavam eles, o vulto dos doze Caçadores Sombrios sobre as torres da ilha de Ev’ve – com mais um para completar?! Todas as luzes das estrelas apagadas por grandes sombras que, ao se aproximarem mais da ilha, revelaram-se nada mais nada menos do que quatro Estrelas Escuras!
            Os anciões, percebendo o alvoroço, se reuniram na torre do farol de Nopporn de imediato e anunciaram em uníssono:
            –Enquanto esta luz iluminar os Senhores de Castelo, sempre haverá esperança no multiverso!

...

Transmissão continua...


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