Discussão entre
Thagir e o Conselho de Nopporn
Informe do Multiverso
“Como foi
visto no último informe, não se soube o que aconteceu com o segundo caçador e
ao ser perguntado pelo ocorrido, o Senhor de Castelo Thagir se negou a dar
qualquer esclarecimento. Discutindo sobre o ocorrido, o Conselho chegou à
conclusão de que Thagir deveria revelar o que escondia. Mas, para a surpresa de
todos, Thagir rebateu acusando seriamente N’quamor de estar ajudando os
Caçadores Sombrios. A discussão levou o conselho a prender o comandante Thagir,
que será julgado em grande audiência, sendo transmitido para todo o multiverso.
Os amigos mais próximos relatam não ter ideia do que está acontecendo. Teria o
mestre Thagir se revoltado com o conselho? O que o grande ancião teria para
esconder? Confiram nesta transmissão especial. Aqui foi Fentáziz, do Informe do
Multiverso.”
...
Começando transmissão...
Kullat foi
visitar Thagir na cela. Esperava entender alguma coisa:
–Porque
você não pode dizer nada, nem pra mim que sou se amigo? – Kullat tentava chamar
a atenção de Thagir, sem muito sucesso.
–... –
Thagir suspirou. – Há muito mais por trás disso do que você pensa...
–...! –
Kullat olhou para o amigo, praticamente irmão, e percebia um olhar vago, sério,
quase com raiva. Deveria estar perdido em algum pensamento.
–Thagir!
Sua hora chegou! Você será levado imediatamente para a presença do conselho...
– Uma comitiva de guardas castelares marchou para a frente da cela, anunciando
a hora do julgamento e para escoltar Thagir.
–Me diga
qualquer coisa! – Kullat tentou falar uma última vez falar com o amigo...
–... –
Thagir falou algo baixinho, aparentemente Kullat entendeu e deu passagem à
escolta.
...
No
tribunal, o bate-boca rolava solto:
–Como o
Senhor se justifica? – Perguntou um dos anciões.
–Eu? Como
vocês se justificam? – Retrucou.
–Responda
as perguntas! – Exigiu outro ancião.
–Vocês têm
noção do que fizeram?! – Thagir estava exaltado.
–Mantenha
se calmo, este é um simples inquérito. – Pronunciou-se uma das anciãs.
–Então me
diga... Vocês têm noção do que fizeram?! – Thagir repetiu.
–Mantenha a
conduta, Senhor de Castelo! Nós é que estamos te interrogando.
–Se vocês
querem mesmo entender o que tenho a dizer, é melhor que digam. Vocês têm noção
do que fizeram?! – A última pergunta saiu com um grito.
–Isso não
vem ao caso. – O juiz N’quamor se pronunciou. – Conte de uma vez o que
aconteceu ao segundo caçador que atacou Curanaã.
Thagir deu
um pequeno riso e continuou a atacar o conselho:
–Você,
grande ancião, você é o culpado de tudo isso! Não tente esconder!
Todos que
estavam presentes olharam para o atual líder, se perguntando o que acontecia,
como um grande Senhor de Castelo havia ficado com um estado tão alterado. A
anciã que tinha precedido o oririano, querendo confirmar os fatos, inquiriu
diretamente a N’quamor:
–Grande irmão,
ele o acusa com grande interesse. Tens algo para dizer? – A face dos outros
demonstravam o mesmo interesse.
–Para todos
os fins, declaro que ele deve estar louco e me caluniando.
–É mesmo?!
– Thagir se liberta das algemas e atira uma jóia de maru na direção do grande
regente que, com sua perícia em tiro, não foi difícil acertar a runa que pendia
em seu pescoço.
Um tremendo
choque explosivo ocorreu, fazendo N’quamor cair no chão fumegando. Todo mundo
estava assustado. Os guardas castelares seguraram Thagir, forçando-o a ficar de
cara no chão. Os anciões mais experientes em poder de cura se aproximaram de
N’quamor para tentar repor suas energias e verificaram que sua runa havia se
desfeito em pó:
–Grande
irmão? – A aparência do ancião ficava cada vez mais verde com folhas que
apareciam e começavam a cair de seu corpo e que, por fim, não era mais o mesmo.
–Vejam!!!
Este é o caçador Baran, o acônito!!! – Gritou Thagir em sua posição nada
confortável.
O caçador
sombrio estava em estado de choque, tendo convulsões, derramando seiva pela
cabeça em forma de flor em botão. Seus apêndices formaram raízes no chão e ele
começou a se fundir ao local, desaparecendo. A cena deixou todos boquiabertos.
Vidara, que estava em segunda no comando do conselho, achou melhor tomar
algumas decisões de última hora:
–Irmãos! Vamos
todos nos retirar para decidirmos o que fazer.
–E quanto
ao castelar Thagir? – Perguntou outro ancião.
–Deverá
continuar em observação, por desacato a nossa autoridade. Quando terminamos de
debater o acontecido e tomar novas providências, nós reavaliaremos sua
condição. No momento não podemos tirar conclusões precipitadas. É tudo. – Todos
se retiram do salão de julgamento e Thagir foi levado de volta à cela.
...
Naquele
dia, aquilo não fora tudo que iria acontecer. Diversas explosões começaram a
ocorrer por toda a ilha de Ev’ve. Os alarmes soavam alto:
–Emergência!
Emergência! Ev’ve está sobe ataque! Todos a seus postos! Todos a seus postos!
Na
imensidão do multiverso, grandes sombras começavam a surgir e a se aproximar da
ilha. O sol artificial da ilha também estava sendo sobrepujado, escurecendo sob
uma grande mancha. Toda a ilha tremia como se estivesse saindo de seu eixo.
Depois daquilo, somente o farol de Nopporn e as luzes artificiais iluminavam a
ilha de Ev’ve que estava imersa em escuridão.
Todos os
Senhores de Castelo, guardas e aprendizes estavam nas ruas, armados e prontos
para o ataque. Eles bradaram anunciando que estavam prontos para a batalha
sombria. Foi então que ouve uma saraivada de flechas perfurantes vindas da
escuridão matando e ferindo alguns castelares. O escudo orbital continuava
girando a plena potência. De repente, os alto-falantes voltaram a anunciar:
–Atenção,
as defesas da ilha estão baixando! Repito, as defesas da ilha estão baixando!
Os
guerreiros mais jovens estavam ficando preocupados, fazendo algazarras
desnecessárias. Os mais experientes tentavam conter os aprendizes:
–Fiquem
calmos! – Disse Ydra, Senhor de Castelo e multibiólogo, aos que estavam a seu
alcance.
Átimos, o
ultraquímico, além de Kennibo e tantos outros fizeram o mesmo, se preparando
para o pior. Até uma voz ensandecida começar a falar pelo alto falante:
–Eis o dia
de bravura, caros Senhores de Castelo! Eu vos apresento uma batalha tão grande
quanto às guerras espectrais! E para não os decepcionar, trago-vos aqui Set, o
homem-sombra; Baran, o acônito; Inok, o vampiro; Doutor Tóxico, o limo
inteligente; Kabeza, o demônio do medo; Xerubim, o anjo da distorção; Histério,
o grande Cavaleiro Fantasma; Singo, o domador de feras; Elatra, a autômata;
Alvora, a musa da Guerra; Lux, o homem das estrelas; e Ann, minha arqueira, cuja
a mira é a mais perfeita! – A frase acabara com uma risada diabólica.
Lá estavam
eles, o vulto dos doze Caçadores Sombrios sobre as torres da ilha de Ev’ve –
com mais um para completar?! Todas as luzes das estrelas apagadas por grandes
sombras que, ao se aproximarem mais da ilha, revelaram-se nada mais nada menos
do que quatro Estrelas Escuras!
Os anciões,
percebendo o alvoroço, se reuniram na torre do farol de Nopporn de imediato e anunciaram
em uníssono:
–Enquanto
esta luz iluminar os Senhores de Castelo, sempre haverá esperança no
multiverso!
...
Transmissão continua...
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