terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Lua de Sangue - Draco, 2ª parte


Lua de Sangue – Draco, 2ª parte
Escrito por: Victório Anthony

            – Tenha uma ótima noite, milady. – me despedi dela e ajeitei minha roupa, a transa dentro daquela limusine havia sido muito quente, mal tive tempo de colocar as calças.
            A noite estava ótima, com o estacionamento completamente deserto, caminhei pelos corredores. Um carro parecia estar me seguindo. Olhei atentamente para dentro do vidro escuro, não havia ninguém dentro.
            – Lady Lancaster deve ter sido seguida... – Lancaster é a família de vampiros que me acolheu nesta cidade, presto serviços valiosos a ela.
            Pulei em cima do carro, não havia ninguém perto. Fui atrás dela, procurar saber se estava tudo bem. Algum tempo depois estava na casa dela e toquei a campainha. O interfone tocou:
            – Casa dos Lancaster, em que posso ajudá-lo?
            – Sou eu, Lady Lancaster está?
            – Ela ainda não chegou, deseja deixar recado?
            – Só mais uma pergunta, aquele humano oriental, ainda está com ela?
            – O guarda-costas de Lady Lancaster nunca a deixa sozinha... – o interfone desligou.
            Aquilo era estranho, o mordomo dela não liberaria informações assim. Decidi entrar discretamente. Pulei o muro. As roseiras de Lady Lancaster são péssimas companhias, sempre famintas. Deixei-as um pouco murchas retirando-lhes a água para que não incomodassem. Atravessei o jardim e olhei pela janela. Dois sujeitos desconhecidos estavam com Lady Lancaster amarrada. Ela me viu e um deles percebeu:
            – O que foi vampira?
            – Tem alguém lá fora, deve ser o Draco...
            – Ele não pode nos incomodar! – o primeiro pegou um saco que não parava de se mexer e despejou o conteúdo no chão, um monte de cobras que se dispersaram ao redor deles, formando um círculo.
            “Tenho que fazer alguma coisa, um círculo mágico feito de cobras não deve ser boa coisa”, pensei. Fui para trás da mansão e liguei os irrigadores. Voltei à janela da sala e eles haviam sumido.
            – Droga! Onde eles estão?!
            – Essstamosss aqui! – ouvi uma voz de serpente no meu ombro.
            Pulei pela janela quebrando o vidro para fugir. Posso sobreviver a venenos, mas um preparado por magos para deter vampiros não deve ajudar em nada. Olhei novamente para o jardim que estava completamente escuro.
            – Vosssê não essscapará de nósss! – dei uma volta procurando de onde aquilo vinha. Sentia que havia mais alguém ali, mas não via ninguém!
            – Apareça!
            – Porque eu faria issso – olhei para um lado, do outro uma boca respingando veneno tentou me atacar. Com tempo, consegui segurá-la pelo pescoço.
            – Uma cobra invisível! – ela se debatia na minha mão, tentando se enrolar no meu braço e sentindo-o queimar com o toque. Apertei a cabeça da cobra até ela ficar completamente esmagada e parar de se mover. – Mas que droga é essa?!
            As luzes da casa se apagaram, eu estava no escuro. Como ainda não tinha pleno controle dos poderes de vampiro, demorei um pouco para me acostumar. Aquilo me incomodava, dava para sentir a coisa subindo do chão e ficar diante de mim. Pulei para o lado e corri para a cozinha. Subi em cima da pia, a serpente era gigante, deu uma volta inteira naquele lugar desmedido. Chutei a torneira, quebrando-a e toda cozinha ficou molhada. Direcionei o jato diretamente em sua cabeça.
            – Morra desgraçada! Oh, não! Merda! – eu havia errado, havia atingido a cauda.
            A serpente levantou a cabeça diante de mim, ficando mais alta que eu em cima da pia. Com a água ainda saindo, usei o controle sobre ela para puxar a cobra para perto do fogão. Estourei os canos de gás, corri para longe e acendi o forno.
            – Ufa, menos uma... – ela caía em chamas. – Lady Lancaster?! Onde está você?! – “Quanto será que vão me pagar por isso?”
            – Estou aqui... – ouvir ela foi inesperado.
            – Lady Lancaster?! Onde estão os seus sequestradores?
            – Não há sequestrador nenhum, dragãozinho...
            – Eu devia saber!
            – Você será meu, como eu sempre quis!
            – Esse papo de novo não Mônica! Eu já disse, eu só entreguei o meu coração para Mel, a mulher da rosa azul. Somente a ela! Eu não me importo se ela já morreu, eu amo somente a ela!
            – Diga isso para as minhas serpentes... – duas delas enormes se enrolaram nas minhas pernas simultaneamente, me fazendo cair.
            – Droga Mônica! Pare com isso!
            – Eu adoro estar com você, eu te amo tanto... Me ame também, seremos muito felizes juntos...
            Meu coração estava frio, indiferente. Uma brisa fria soprou e veio acompanhada de uma tempestade gélida.
            – Eu não te quero! – com a grande umidade do jardim, fiz ela invadir facilmente a mansão. Senti uma força que não havia sentido antes, aquela água começou a congelar, formando estacas de gelo.
            – Draco, pare!
            – Eu não tenho controle! Você que pediu por isso!
            No meio da escuridão, ouvi uma espada. As luzes se acenderam e era realmente ele, o segurança de Mônica:
            – Daroko... – olhei com raiva para aquele desgraçado que, como sempre, estava apontando a lâmina de sua katana no meu pescoço.
            – Daroko, espere... Não o mate, eu o amo... – o ninja de roupa negra obedeceu, guardou a espada e sumiu, jogando uma bomba de fumaça no chão.
            – Mônica, me largue!
            – Tudo bem... – ela fez um sinal com a mão e virou-se de costa. – Você não gosta de mim...
            – Quem disse que eu não gosto? – me aproximei dela e a abracei.
            – Você me odeia...
            – Não é que eu te odeie, eu só não te quero como esposa... Vamos, sorria pra mim. – levantei seu rosto pelo queixo.
            – Draco, pare... Você não me ama... – fiquei com rosto perto do dela e sorri.
            – Isso não é importante... – e beijei seu boca. Ela abriu os braços e me abraçou. – Vamos fazer aqui mesmo...
            Tirei lhe a roupa com força enquanto entrelaçava sua língua na minha. Apertava a sua cintura e aconchegava o seu corpo no meu.
            – Seu beijo, está diferente...
            – Pense nele como um sorvete...

...

            Depois de mais um transa sensacional, me despedi mais uma vez de Mônica:
            – Tenho que ir, o dia já vai amanhecer...
            – Fique! Passe o dia comigo...
            – Não! Tenho que ir... – meus olhos lançaram nela um olhar gélido e ela não mais insistiu.
            Quando sai pude ver claramente o ninja me encarando. Senti rancor vindo daquele humano comum. Eu deveria matá-lo, mas ele serve aos Lancaster, por isso devo poupá-lo. Cheguei em casa, mandei todas as janelas serem fechadas e fui para o meu quarto. Lá, o meu chefe me esperava:
            – Draco! – a coisa negra me encarava. Não tinha forma, parecia um véu negro flutuante.
            – Milord! – me prostrei diante dele.
            – Esperava mesmo que saísse...
            – Conforme suas ordens, devo somente satisfazer a sua filha e cuidar para que os negócios da família continuem prosperando.
            – Ótimo! – ele flutuou no ar, para cima e para baixo. – Quando eu era jovem, ansiava por poder, por dinheiro e mulheres. Tornei-me um mago muito poderoso e vi magias proibidas que você nunca imaginaria...  E veja agora o que me tornei! Os vampiros não me temem, crêem que eu não sou capaz de controlar os meus subordinados. Mas eles estão enganados, sou capaz de matar cada um deles... E se você ousar ir além disso, juro que o inferno lhe parecerá um paraíso para ti!
            A voz dele era forte, me fazia sentir medo. Eu sabia que dentro daquela aparência lívida e esmaecida pairava um poderoso feiticeiro que não tardaria em arrancar o meu coração se o desrespeitasse. Afinal, a cicatriz no meu rosto existe por causa dele...

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