Lua de Sangue – A Decisão
Escrito por: Harinara Carolina
Revisto e Editado por: Victório Anthony
– Escolha? Não
tenho tempo para crianças indecisas! – disse Luca com voz severa, sem desviar o
olhar de mim.
As imagens que
passaram na minha cabeça, contando o passado dos dois, me deixaram com mais dúvidas
ainda. Quem eu escolho? Se escolher Luca, essa tal Sofia pode aparecer e me
matar por ciúmes. Se escolher Draco, tenho medo de me apaixonar por ele, e
acabar sendo tratada como as outras. Fiquei em meus pensamentos até ser
novamente interrompida:
– Luna, já fez
sua escolha? – Draco falou com um jeito delicado e calmo
– Sim, porém, minha
escolha não será definitiva. Será apenas
por pouco tempo, quero encontrar um rumo para esta nova vida e a única pessoa
que tenho certeza que irá me deixar ir, é você Draco...
Luca saiu da
mansão bufando de raiva, nem sequer se despedira de mim. Não que devesse se
despedir, mas poderia pelo menos entender minha decisão. Draco tinha um sorriso
de vitória em seus lábios, me assustando um pouco:
– Luna... –
ele me chamou e fez uma longa pausa, tentando entender a situação. – Você irá
ficar por quanto tempo?
– Não sei ao
certo... Creio que somente até eu me estabelecer como vampira.
Ele ficou
pensativo, saiu da sala e foi para o escritório. Não o segui, subi as escadas e
me dirigi para o quarto em que estava instalada. Abri a porta e senti alguém
vendando meus olhos:
– Draco, é
você ? – estava confusa, sentia seu cheiro, porém havia algo diferente nele.
– ... – eu
conseguia escutar a respiração ofegante.
– Você está me
assustando...
– Sim, sou eu.
Vamos brincar um pouco? – disse ele finalmente, com voz calma e sedutora .
– Já te disse
que não quero gracinhas comigo! – respondi meio trêmula ao sentir sua mão
passeando pelo meu corpo. – Pare! Por favor...
– Luna, pare
de ser tão dura consigo mesma. Você pode até dizer não, mas seu corpo sempre
diz sim quando me aproximo de você... – novamente aquele tom de voz que parecia
me hipnotizar.
– Não quero te
machucar, me solte! – ele me apertou contra o corpo dele, me deixando arrepiada
e entorpecida.
– O que você vai
fazer se não te soltar? – ele parecia gostar da situação. Para ele aquilo era
um jogo em que qualquer um dos dois sairia ou satisfeito, ou a salvo. “Será que
me entrego ou uso meus poderes?”, pensei comido. – Luna fique mais calma, rela...
Não lhe dei
tempo para terminar, tirei a minha gravidade me afastando dele. Removi a venda
e entrei rapidamente no quarto, trancando a porta.
– Nunca mais
faça isso, Draco! Não quero ser um brinquedo em suas mãos!
– Luna, abra
essa porta, temos que conversar... – a voz dele mudara, ficando grave e austera.
– Não! E... –
respirei fundo, estava tão nervosa com a situação que acabei perdendo o fôlego.
– ...só irei abrir a porta quando você se controlar, em todos os sentidos!
Draco tentou forçar
a porta, contudo parou no momento em que o mordomo chamou. Joguei-me na cama e
comecei a rir da situação. Não deveria ser ele o caçador e eu a caça? Depois de
relaxar, escutei alguém batendo na porta:
– Quem está aí?
– Sou eu,
Draco...
– Está mais
calmo?
– Sim, nada
que um banho de água fria não resolva... – escutei alguns risos atrás da porta.
Destranquei-a
e ao abrir, o vi completamente ensopado. Não pensei que ele havia realmente
falado sério. Ele entrou no quarto e foi direto para o banheiro, ficando uns
cinco minutos por lá, saindo apenas de toalha – era óbvio que queria me
provocar e eu me faria de desentendida.
– Gostou? –
ele me perguntou e demorei um pouco para responder.
– Do quê?
– Do que está
vendo! – encarei-o seriamente, não estava olhando para o corpo, observava
unicamente a cicatriz dele.
– Não sei do
que você esta falando... – virei para o outro lado, indignada.
– Hunf... Quantos
anos você disse que tem?
– Vinte, por
quê?
– Você parece
uma criança, tem medo te se entregar, vergonha de ver um homem de toalha... –
como se eu fosse ser enganada.
– Você não
entende mesmo! Não sou tímida para nada. Posso lhe parecer estranha ou o que
for, eu sou assim!
Voltei a me
deitar na cama, estava cansada e irritada com que ele me dissera. Ele percebeu
e tentou remediar a situação:
– Desculpe-me,
não estou acostumado a isso... – sua voz denotava constrangimento.
– Por um acaso
vampiros são todos machistas?
– Não muito...
Talvez seja o fascínio da eternidade que nos deixa assim.
– Talvez...
– Algum
problema se eu ficar perto de você?
– Já estou
incomodada... Vista o roupão que esta atrás da porta do banheiro.
– Tudo bem. –
ele se vestiu e, voltando para o quarto, foi em minha direção. – Posso me
deitar ao seu lado?
– ... – pensei
um pouco, ainda de lado. Virei-me para responder e ele pulou em cima de mim.
– Você tem que
ser mais rápida...
– Saia de cima
de mim!
– Que linda! Envergonhada
e bravinha... – seu tom era infantil.
– Pare! Não sou
uma criança para você falar assim comigo!
– Então me
mostre que é adulta... – seu sorriso denotava malícia.
– Desse jeito
é que não vou te mostrar!
– Certo, vou
sair de cima de você...
– Ótimo!
– Então,
queria te informar que daqui a uma semana será Natal e...
– Nossa! Perdi
a noção do tempo. Parece que fui mordida ontem e já se passou um mês! – eu olhava
para o nada, me lembrando do passado.
– Tenho o
costume de celebrar a data festiva realizando um baile, convidando figuras
importantes da cidade, e adoraria que você estivesse nele... – ele me olhava,
esperando a resposta.
–
Interessante... Mas não tenho roupa para ir...
– Não se
preocupe, chamarei a costureira e encomendarei um vestido exclusivo para ti...
– ele se levantou da cama.
– Já vai?
– Quer que eu
fique? – ele me olhou por cima do ombro.
– Não, eu só...
– sem me deixar terminar, fechou a porta.
Finalmente
sozinha naquele quarto, pensei em sair para conhecer algo novo. Não aguentava
mais ficar da sala para o quarto e do quarto para a sala. Tomei coragem e abri
a janela, ainda estava de noite. Tomei um banho demorado para tirar aquela
sensação ruim das últimas horas e me preparei para conhecer a propriedade de
Draco que parecia ser muito grande. Alguém bateu na porta:
– Senhorita
Luna... – disse o mordomo ao entrar. – Com sua licença, o senhor Draco deseja
saber se você o acompanharia em um passei pelo jardim?
– Poderia
pedir para ele me esperar, tenho apenas que me arrumar...
– Sim
senhorita...
Ele saiu e
procurei por um vestido. Escolhi um florido, pode não ser muito vampiresco, no
entanto combina mais com o meu estado de espírito. Pronta, saí do quarto e desci
as escadas, encontrando Draco ao final:
– Você esta
linda! – ele se aproxima de mim e me oferece uma rosa vermelha.
– Obrigada...
– coloco-a no cabelo. – Me mostre o jardim de onde veio essa rosa...
Caminhamos por
alguns minutos e logo havia visto mais de vinte espécies diferentes de flores
no jardim. No centro, observei uma fonte em forma de dragão, onde em vez de água
eram pétalas de rosas que eram sopradas ao vento. Eu estava admirada com o que
eu via, a noite estava linda, o céu repleto de estrelas e a uma linda lua
branca bem no alto. Draco me mostrou praticamente tudo, me deixando ainda mais
fascinada com aquela esplêndida quantidade de flores que colecionava:
– Porque
tantas flores? – perguntei-lhe.
– Adoro flores...
Elas são mágicas!
– Há alguma
que goste mais?
– Sim... – seu
tom era triste. – Uma rosa que não encontro em lugar algum...
– Que rosa
seria essa?
– Uma rosa
azul! Uma rosa que misteriosamente vem da lua. Vi somente uma e nunca mais
encontrei outra igual no mundo.
– Não se
preocupe, ela vai aparecer...
Ficamos em
silêncio por um estante e senti que Draco estava meio tenso e tentei me
aproximar, senti seu corpo quente, quente de raiva:
– Porque você
faz isso comigo?! – perguntou, de sobressalto.
– Fazer o quê?
– Me seduzir...
– Estou apenas
sendo sua amiga! Fiquei preocupada com jeito que você ficou! – me levantei com
raiva e voltei para o casarão, deixando-o sozinho.
...
Na semana do
natal, eu estava muito ansiosa para saber como o vestido ficara:
– Luna, o
vestido chegou! – corri para vê-lo.
Draco o tirou da caixa, era um vestido
longo, azul escuro com alguns pontos de luz. Ele ficava marcado no corpo, sensual
sem ser vulgar. Ele deveria estar me
imaginando vestida nele, me olhava deslumbrado como se olhasse uma princesa ou
quem sabe...
O resto eu
conto depois porque, como sempre, quero matar vocês de curiosidade.
Um grande beijo de
sangue, assinado Luna.
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