Confronto direto com
o Mestre Caçador – 1ª parte
Informe do Multiverso
“Thagir,
Kullat, Azio e Laryssa se dirigem diretamente para a torre do conhecimento
montados em Mandíbula e no gavião gigante que foram resgatados das docas no
meio das batalhas. A coisa não está fácil, eles enfrentarão o ainda
desconhecido Mestre Caçador. Que os deuses os ajudem, eles vão precisar. Aqui
foi Fentáziz, do Informe do Multiverso.”
...
Em meio à
queda das torres da ilha de Ev’ve, Mandíbula, o canino gigante treinado na
academia, atravessa os escombros com Thagir e Kullat. No alto, Laryssa e Azio
tentam se desvencilhar das esferas de energia sombria que caem do céu. No
centro da escuridão que toma toda a ilha, as duas feras são iluminadas pelas auras
de maru de seus condutores, lembrando estrelas de esperança, que afastam o medo
dos castelares e de seus aprendizes que permanecem lutando bravamente para
manter a sua morada.
Thagir e
Kullat chegam primeiro à entrada da torre:
–Thagir, eu
entendo que este lugar está longe das batalhas, mas, o que supõe que o Mestre
Caçador esteja aqui? – Kullat ainda não tinha entendido o que estava
acontecendo.
–... –
Thagir estava parado, no seu estado de transe perceptivo, vasculhando o
interior da torre. – Você verá...
Os dois
entraram, sem esperar por Azio e Laryssa, que, aparentemente, arranjaram algum
problema no meio do caminho e estavam demorando:
–Por que
não vamos direto para a torre? – Perguntou o autômato.
–Tem alguém
nos perseguindo...
Um dos
caçadores vigiava o gavião e saltou para atacá-lo:
–Corrente
verde! – De seu cilindro no braço, Set desenrolou um chicote de maru que se
esticou até o gavião, atingindo uma de suas asas.
–Laryssa?!
– Azio não conseguiu computar perfeitamente a velocidade do ataque.
–Se segure
Azio, este pouso não vai ser como os outros!
Caindo em
queda livre, o Gavião só conseguiu desviar o suficiente do chão para pousar na
grande fonte de água da praça dedicada a Monjor V, próximo a região da torre,
antes da república dos aprendizes:
–Você está
bem Azio? Seus circuitos estão intactos? – Laryssa se levantava, balançando um
pouco os cabelos molhados para tentar secá-los.
–Alguns
dispositivos estão inoperantes, princesa. Força bruta a 75%, eficiência em
combate de 55%.
–E aí gracinha?
Pronta para levar um tiro? – Do lado de fora da fonte, Set apontava o outro
cilindro para Laryssa, com o cristal vermelho de seu interior despontando para
fora, na direção da Senhora de Castelo.
–Um
caçador! – Azio se posicionou na frente de Laryssa sem que ela pudesse evitar.
–Que ótimo!
Vão os dois juntos pro Naveeh!
–...
–Ahn? Azio,
porque ele não atira? – Laryssa não conseguia ver.
Quando
finalmente pode ver, viu que uma dupla de Senhores de Castelo atacava o
caçador, afastando-o da fonte. Os dois castelares eram pistoleiros hábeis, um
estava montado numa moto elétrica preta e outro era veloz, usava um capuz
branco e uma ave o acompanhava. O da moto acelerou para acertar o caçador e
acabou entrando na água da grande fonte, parando perto de Azio e Laryssa:
–A Senhora
de Castelo me permite? – Disse o motoqueiro, estendendo a mão para que ela
subisse na moto.
–Ah... Sim,
por favor. – Laryssa não conseguia ver perfeitamente, mas achava que conhecia o
castelar de capacete.
–Depois que
tudo isso acabar, que tal um jantarzinho princesa?
–Micah?! É
você seu sem vergonha! Então aquele outro deve ser o cego Dubren.
–Ah! A
princesa se lembra de mim. Sou realmente inesquecível, não sou? – Laryssa tinha
certeza que podia vê-lo sorrir dentro do capacete.
–Cala a
boca e dirige isso direito! Precisamos derrotar o caçador enquanto ainda é
tempo!
A moto saiu
em disparada. Micah e Dubren, cada um de lados opostos, com o caçador do
centro, seguiram rumo ao alvo sempre atirando. O caçador só tinha um disparo
com a maru de cristal vermelha e, para poupar seu carregamento lento, decidiu
usar a corrente de maru novamente, desta vez, com outra cor:
–Corrente
branca! – Com um salto causado pela força de sua arma, Set voou alto e balançou
fortemente o corpo para continuar atacando e causar grande estrago na área
abaixo.
Laryssa,
que havia entendido o plano dos Senhores de Castelo, lançou sua espada para o
alto depois de saltar da moto em movimento. Como o caçador estava concentrado
nos dois castelares se movimentando freneticamente, teve dificuldade em
perceber o que vinha em sua direção. Set acabou perdendo o equilíbrio e veio ao
chão, encontrando-se acuado, ele apontava o cilindro disparador em quem se
aproximasse:
–Não
cheguem perto! Não cheguem perto!
Dubren fez
alguns movimentos rápidos e sacou duas pistolas. Usando-as, deu apenas dois
tiros certeiros nos cilindros de Set, danificando-os profundamente:
–Ah!!! Meus
braços! – O caçador urrou com a dor, pois sentia que os ossos haviam sido
quebrados.
O caçador
estava acuado, gravemente ferido e sangrando. Ele mostrava os dentes feito um
cachorro selvagem querendo proteger seu território, para que ninguém se
aproximasse.
O ataque
conjunto dos castelares fora um sucesso e juntos se aproximaram do caçador para
observá-lo melhor:
–Saiam
daqui! Miseráveis!
–Ih! O
bichinho está com raiva, deve estar precisando de injeção... – Micah tirou
sarro do caçador para tentar impressionar a Senhora de Castelo que nem reparou
nele.
–Atchim!
Tirem ela de perto de mim! – O caçador parecia estar doente. – Essa aura
maldita!
–Nossa. Não
é que ele precisa de injeção mesmo! – Micah continuava importunando.
Laryssa
olhava para o caçador, ele lhe lembrava alguém, só não sabia quem:
–Atchim!
Atchim! – Set continuava a espirrar muito irritado com a situação. – Essa
maldita aura... Será que dava para diminuir esse poder de sedução?! Atchim! Sou
alérgico a ele!
–Esse
carinha é estranho, não é Laryssa? – Micah tentava puxar papo com a moça
castelar.
–Ei! Eu sei
quem você é! – Laryssa finalmente havia se lembrado de onde conhecia o caçador
sombrio.
–O quê?! –
Micah ficou pasmo.
–...?! –
Dubren também estava surpreso, ao seu modo.
–Vocês não
sabem? – A moça ficou curiosa com a reação dos Senhores de Castelo.
–Não
sabemos. –Respondeu Micah por ser mais falante. – De onde ele é?
O que a
moça dissera, deixara os dois boquiabertos com a resposta.
...
Kullat e
Thagir andavam dentro da torre do conhecimento e se depararam com uma porta que
parecia dar para fora da torre, no meio do nada, talvez um pequeno quartinho.
Acima dela havia uma inscrição, a qual Kullat reparou:
–Não vai me
dizer que... – Thagir não percebeu o estranhamento do amigo, entrando sem fazer
cerimônia.
Ao contrário do que se poderia
pensar a sala não seria uma porta para o vazio ou um cubículo qualquer, ela
dava em um lugar diferente, fora da ilha de Ev’ve. O lugar era amplo, talvez
maior que o pátio principal que liga o porto à Academia de castelares. Num
primeiro momento, ouvia-se um som forte de respiração e um coração batendo bem
alto, em seguida, pode-se ouvir uma caixinha de música tocando e abafando o
sons corporais tão estranhos. À frente, no centro do lugar, estava o Mestre
Caçador meditando no meio do ar com o grande grimório espectral aberto e sendo
folheado. Ele vestia uma túnica preta com desenhos em vermelho e um capuz que
cobria seu rosto completamente, lembrando o efeito espectral do capuz de
Kullat. Atrás dele havia algo grande que fazia sombra, impossibilitando ver o
que estava ao redor do Mestre. No entanto, era possível ver longos tubos que
estavam ligados a coisa, fluindo algo para ela. O rosto que se podia ver do
Mestre, apontava uma possível origem humana:
–Finalmente!
– Disse, rindo da situação como se estivesse se divertindo. – Até que enfim
vocês chegaram!
...