quarta-feira, 16 de maio de 2012

Fanzine Crônicas dos Senhores de Castelo: Os Caçadores Sombrios


Extra! Estrela Escura encontrada!
Informe do Multiverso



Iniciando transmissão...

            –Após o último acontecimento durante o almoço dos Senhores de Castelo, o Conselho de Nopporn e o grupo de repressão se fecharam para o resto da ilha de Ev’ve, debatendo constantemente sobre o próximo passo. Não fosse uma inesperada transmissão de um Senhor de Castelo, mestre de um navio boreal, dizendo ter encontrado uma das estrelas escuras no meio de um oceano boreal... “Não seria no mar boreal?”, perguntaram. “Não há fluxo aqui, é um mar aberto, estou encalhado...”, respondeu. Para completar, o Castelar anunciou o que todos temiam: “Estou sendo perseguido por alguém... Mandem reforços!” A seguir, a transmissão do que o grupo de resgate conseguiu nos enviar. Aqui foi Fentáziz, do Informe do Multiverso.

...

            A localização era um pouco imprecisa, comentava o castelar mapeador, natural de Tianrr, ao Capitão, também Senhor de Castelo, da nave boreal Linx – um atravessador boreal. O capitão, que já havia visto de tudo nos mares boreais, não estranhou, aquela era uma área de arrebentação, se um navio ou uma nave não forem bem manobrados, com certeza eles seriam destroçados:
–Muitos tentam atravessar essas áreas medonhas, cheias de redemoinhos, quase ninguém voltou para contar a história... – O mapeador olhou para o capitão com um ar curioso. – Somente meu pai, que também foi Senhor de Castelo, já contou uma história sobre um oceano boreal, uma área vasta de águas boreais sem um único fluxo que o levasse de volta a um portal.
–Interessante. Como seu pai conseguiu entrar numa área dessas e voltar? – Perguntou.
–Bem, não adivinha como ele chegou lá? – Perguntou o capitão pretendendo adivinhações.
–Imagino que do meio mais improvável. – Respondeu simplesmente.
–Sim... Muitos pensaram que o navio onde meu pai e meus avós estavam havia se perdido completamente naquela arrebentação. Imagine a surpresa do grupo de resgate quando uma misteriosa nave de fuga aparece com um sobrevivente? – O Capitão olhava fixamente para os fluxos de águas boreais a sua frente. – Meu pai me disse uma coisa antes de morrer...
–O quê? – Olhou o mapeador interessado, fazendo o capitão sorrir por ter conseguido atenção.
–Havia algo maior que um planeta inteiro lá...
–Como isso é possível?
–Depois que passarmos por essa arrebentação eu te conto! – O capitão pegou um interfone e gritou bem alto. – Toda potência à frente!
O mapeador acabou se desequilibrando, se segurando onde podia, estavam indo numa velocidade muito incomum para navegação:
–Cuidado! Vamos ter turbulências!
...

            Dando prosseguimento ao regate, o atravessador, nave especialmente construída para vencer os fluxos, furou a arrebentação e seguiu para a área do oceano boreal. O lugar era realmente enorme, um lugar onde barco nenhum conseguiria seguir seu curso – uma nave seria a melhor tentativa:
            –Nada a vista Capitão! – Disse uma voz pelo interfone.
            –Continuem procurando! – Gritou ele de volta.
            –Eu disse, a possibilidade de encontrarmos algo tão grande é praticamente impos... – O mapeador se calou, aquilo que via era majestoso e desconcertante ao mesmo tempo. – ...sível!
            –Hahah! Não te falei! Valeu por essa pai! Estou finalmente realizando o nosso sonho! – O capitão bradava de alegria, sendo interrompido por uma transmissão no rádio comunicador.
            –Ev’ve chamando Linx... Capitão na escuta? Câmbio! – O capitão pegou o microfone.
            –Linx na escuta, já estamos com imagens visuais disponíveis da estrela escura... Estaremos enviando, chegarão a qualquer momento. Câmbio!
            –Copiado, prossigam com a missão... Câmbio e desligo!
            –Certo... Câmbio e desligo!

...

            As imagens que chegaram surpreenderam muito. Imaginava-se que Ev’ve, por ser gigantesca demais para ser apenas uma ilha, já era colossal em suas proporções e que não houvesse algo tão próximo de ser como ela em todo multiverso conhecido. É claro que havia a possibilidade. No entanto, para que uma cultura que tivesse poder bélico tão desigual a todo o resto do multiverso era preciso que todos que o tivessem criado estivessem atualmente extintos. O que era impossível sem que houvessem registros, nem que fossem temporais, para creditar a existência de raça tão evoluída. Chegou se a comentar que havia a possibilidade da Estrela Escura ser um aparato tão diferente e avançado que seria catalogado como jurisdição do quinto quadrante. Para não dificultar as referências universais, aquele colosso espacial constaria no quarto quadrante, seção restrita.
            A Estrela Escura parecia um satélite artificial desligado, com diversas antenas em que luzes vermelhas piscavam nas pontas. Seu formato era esférico no centro, rodeado por dois anéis que formavam uma cruz orbital; os anéis também tinham diversas antenas. Entre as áreas dos anéis haviam torres que se destacavam, se sobressaindo da esfera, do centro para fora, da maior para a menor. Nas junções dos anéis, que estavam ligadas a esfera, se percebia um círculo que imitava algo parecido com um olho, brilhando fracamente em azul. Atingindo as proximidades da estrela, percebeu-se que não eram exatamente antenas, mas algo maior, como prédios, pois haviam salas e andares visivelmente distintos em cada divisão das torres. As luzes que piscavam eram na verdade imensos cristais de maru ressonando. A aproximação fez a robusta nave boreal Linx sumir no meio daquela imensidão...
...

            –Senhor de Castelo na escuta? Câmbio! – Perguntou o Capitão tentando sintonizar o rádio na frequência do pedido de socorro. – Senhor de Castelo na escuta? Câmbio!
            –... – Por alguns instantes, o chiado típico continuou; até alguém começar a falar. – Pelos deuses! Finalmente vocês chegaram! – O entusiasmo do náufrago era tanto que se esquecera de dizer câmbio.
            –Você está bem? Sabe onde está? Câmbio!
            –Estou sim... Meu cetro de maru parece funcionar bem nas portas desse lugar. O que infelizmente não é um boa notícia sobre minha localização. Câmbio!
            –E o que aconteceu com a sua tripulação? Pelos registros, vocês eram em pelo seis. Câmbio!
            –Não tenho boas notícias. Estão todos mortos... Câmbio. – O Castelar perdido cessou a animação.
            –O que aconteceu?! Câmbio!
–... – Ninguém respondeu. No fundo ouviu se o som parecido com o de uma bola quicando no chão compassadamente. – Não posso falar agora, preciso fugir...
–Espere! – Gritou o Capitão.
–... – Silêncio.
–Alguém na escuta? Câmbio!!! – Insistiu o Capitão.
De repente, o chiado havia parado e pode-se ouvir algo estranho:
–La... La... La... La... – Fez uma voz doce e infantil.
Por fim, escutou se o barulho do rádio comunicador sendo estraçalhado, deixando o aterrador barulho de chiado...
–Capitão?! – Falou o mapeador.
–Vamos encontrar aquele Senhor de Castelo... – Disse decidido. – Nem que tenhamos que por essa maldita estrela abaixo!


Continua...

Um comentário:

  1. Na noite que escrevi este post, notei que não via mais as estrelas do mesmo jeito...

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