Extra! Estrela Escura
encontrada!
Informe do Multiverso
Iniciando transmissão...
–Após o
último acontecimento durante o almoço dos Senhores de Castelo, o Conselho de
Nopporn e o grupo de repressão se fecharam para o resto da ilha de Ev’ve,
debatendo constantemente sobre o próximo passo. Não fosse uma inesperada
transmissão de um Senhor de Castelo, mestre de um navio boreal, dizendo ter
encontrado uma das estrelas escuras no meio de um oceano boreal... “Não seria
no mar boreal?”, perguntaram. “Não há fluxo aqui, é um mar aberto, estou
encalhado...”, respondeu. Para completar, o Castelar anunciou o que todos
temiam: “Estou sendo perseguido por alguém... Mandem reforços!” A seguir, a
transmissão do que o grupo de resgate conseguiu nos enviar. Aqui foi Fentáziz,
do Informe do Multiverso.
...
A
localização era um pouco imprecisa, comentava o castelar mapeador, natural de
Tianrr, ao Capitão, também Senhor de Castelo, da nave boreal Linx – um
atravessador boreal. O capitão, que já havia visto de tudo nos mares boreais,
não estranhou, aquela era uma área de arrebentação, se um navio ou uma nave não
forem bem manobrados, com certeza eles seriam destroçados:
–Muitos tentam atravessar essas
áreas medonhas, cheias de redemoinhos, quase ninguém voltou para contar a história...
– O mapeador olhou para o capitão com um ar curioso. – Somente meu pai, que
também foi Senhor de Castelo, já contou uma história sobre um oceano boreal,
uma área vasta de águas boreais sem um único fluxo que o levasse de volta a um
portal.
–Interessante. Como seu pai
conseguiu entrar numa área dessas e voltar? – Perguntou.
–Bem, não adivinha como ele
chegou lá? – Perguntou o capitão pretendendo adivinhações.
–Imagino que do meio mais
improvável. – Respondeu simplesmente.
–Sim... Muitos pensaram que o
navio onde meu pai e meus avós estavam havia se perdido completamente naquela
arrebentação. Imagine a surpresa do grupo de resgate quando uma misteriosa nave
de fuga aparece com um sobrevivente? – O Capitão olhava fixamente para os
fluxos de águas boreais a sua frente. – Meu pai me disse uma coisa antes de
morrer...
–O quê? – Olhou o mapeador
interessado, fazendo o capitão sorrir por ter conseguido atenção.
–Havia algo maior que um planeta
inteiro lá...
–Como isso é possível?
–Depois que passarmos por essa
arrebentação eu te conto! – O capitão pegou um interfone e gritou bem alto. –
Toda potência à frente!
O mapeador acabou se
desequilibrando, se segurando onde podia, estavam indo numa velocidade muito
incomum para navegação:
–Cuidado! Vamos ter turbulências!
...
Dando
prosseguimento ao regate, o atravessador, nave especialmente construída para
vencer os fluxos, furou a arrebentação e seguiu para a área do oceano boreal. O
lugar era realmente enorme, um lugar onde barco nenhum conseguiria seguir seu
curso – uma nave seria a melhor tentativa:
–Nada a
vista Capitão! – Disse uma voz pelo interfone.
–Continuem
procurando! – Gritou ele de volta.
–Eu disse,
a possibilidade de encontrarmos algo tão grande é praticamente impos... – O
mapeador se calou, aquilo que via era majestoso e desconcertante ao mesmo tempo.
– ...sível!
–Hahah! Não
te falei! Valeu por essa pai! Estou finalmente realizando o nosso sonho! – O
capitão bradava de alegria, sendo interrompido por uma transmissão no rádio
comunicador.
–Ev’ve chamando
Linx... Capitão na escuta? Câmbio! – O capitão pegou o microfone.
–Linx na
escuta, já estamos com imagens visuais disponíveis da estrela escura...
Estaremos enviando, chegarão a qualquer momento. Câmbio!
–Copiado,
prossigam com a missão... Câmbio e desligo!
–Certo...
Câmbio e desligo!
...
As imagens
que chegaram surpreenderam muito. Imaginava-se que Ev’ve, por ser gigantesca
demais para ser apenas uma ilha, já era colossal em suas proporções e que não
houvesse algo tão próximo de ser como ela em todo multiverso conhecido. É claro
que havia a possibilidade. No entanto, para que uma cultura que tivesse poder
bélico tão desigual a todo o resto do multiverso era preciso que todos que o
tivessem criado estivessem atualmente extintos. O que era impossível sem que
houvessem registros, nem que fossem temporais, para creditar a existência de
raça tão evoluída. Chegou se a comentar que havia a possibilidade da Estrela
Escura ser um aparato tão diferente e avançado que seria catalogado como
jurisdição do quinto quadrante. Para não dificultar as referências universais,
aquele colosso espacial constaria no quarto quadrante, seção restrita.
A Estrela
Escura parecia um satélite artificial desligado, com diversas antenas em que
luzes vermelhas piscavam nas pontas. Seu formato era esférico no centro,
rodeado por dois anéis que formavam uma cruz orbital; os anéis também tinham
diversas antenas. Entre as áreas dos anéis haviam torres que se destacavam, se
sobressaindo da esfera, do centro para fora, da maior para a menor. Nas junções
dos anéis, que estavam ligadas a esfera, se percebia um círculo que imitava
algo parecido com um olho, brilhando fracamente em azul. Atingindo as
proximidades da estrela, percebeu-se que não eram exatamente antenas, mas algo
maior, como prédios, pois haviam salas e andares visivelmente distintos em cada
divisão das torres. As luzes que piscavam eram na verdade imensos cristais de
maru ressonando. A aproximação fez a robusta nave boreal Linx sumir no meio
daquela imensidão...
...
–Senhor de
Castelo na escuta? Câmbio! – Perguntou o Capitão tentando sintonizar o rádio na
frequência do pedido de socorro. – Senhor de Castelo na escuta? Câmbio!
–... – Por
alguns instantes, o chiado típico continuou; até alguém começar a falar. –
Pelos deuses! Finalmente vocês chegaram! – O entusiasmo do náufrago era tanto
que se esquecera de dizer câmbio.
–Você está
bem? Sabe onde está? Câmbio!
–Estou
sim... Meu cetro de maru parece funcionar bem nas portas desse lugar. O que
infelizmente não é um boa notícia sobre minha localização. Câmbio!
–E o que
aconteceu com a sua tripulação? Pelos registros, vocês eram em pelo seis.
Câmbio!
–Não tenho
boas notícias. Estão todos mortos... Câmbio. – O Castelar perdido cessou a
animação.
–O que
aconteceu?! Câmbio!
–... – Ninguém respondeu. No
fundo ouviu se o som parecido com o de uma bola quicando no chão
compassadamente. – Não posso falar agora, preciso fugir...
–Espere! – Gritou o Capitão.
–... – Silêncio.
–Alguém na escuta? Câmbio!!! –
Insistiu o Capitão.
De repente, o chiado havia parado
e pode-se ouvir algo estranho:
–La... La... La... La... – Fez
uma voz doce e infantil.
Por fim, escutou se o barulho do
rádio comunicador sendo estraçalhado, deixando o aterrador barulho de
chiado...
–Capitão?! – Falou o mapeador.
–Vamos encontrar aquele Senhor de
Castelo... – Disse decidido. – Nem que tenhamos que por essa maldita estrela
abaixo!
Continua...
Na noite que escrevi este post, notei que não via mais as estrelas do mesmo jeito...
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