Os Inversos Rigaht e
Talluk
O guerreiro
de casaca vermelha continuava a manipular a mente de Kullat, invadindo o seu
maior desgosto, o seu maior medo. Thagir, desnorteado, tateava para se
aproximar o suficiente do inimigo para conseguir mirar com mais perfeição e não
atingir o companheiro por engano:
–Kullat!
Acorda!!! – Thagir gritou e o castelar reagiu, tomando novamente a aura
espectral que sempre o cobre nos combates.
–...! – O
cavaleiro branco puxou sua espada do chão e golpeou certeiramente o adversário
no braço, afastando-o.
–Mob...
Vocês oãs extraordinários. – Rigaht falava de maneira inversa e na língua dos
castelares ao mesmo tempo. – Isso foi apenas o começo!
Da ferida
de Rigaht larvas típicas de carne podre brotavam aos montes, enojando os
Senhores de Castelo e curando sua ferida exposta. O paranormal liberou sua
fumaça pela boca que logo o envolveu e inibiu a visão de Kullat, evitando que
ele prosseguisse com o ataque. Talluk, que havia se escondido nas paredes da
árvore de aço, ampliou o campo de alta vibração e tentou prender Thagir ao
chão. O pistoleiro sentiu que o solo se desmanchava aos seus pés e deu um salto
para evitar que fosse absorvido. Como o adversário estava perto, seu
sentido aguçado conseguiu detectá-lo, então ele enfiou um dos bastões de
combate com tudo na parede. Um gemido de dor e desprazer pode ser ouvido pelo andar. Thagir já conseguia ver melhor e foi para perto de Kullat:
–Você está
bem? – Perguntou o castelar de Newho.
–Só meu
orgulho foi ferido... E seus olhos, como estão? – Kullat retribuiu a atenção.
–Melhores,
já consigo enxergar, apesar da minha cabeça doer muito. – Thagir esfregava os
olhos tentando agilizar a recuperação.
–Pelo jeito
vai ser um pouco difícil passar por eles...
Os inversos
se colocaram lado a lado na outra extremidade do andar da árvore. Talluk pegou
duas coisinhas pequenas no bolso e deu uma para Rigaht, os Senhores de Castelo
se indignaram com a cena:
–Drogas?!
Vocês usam drogas para lutar?! Lutem por sua própria honra!– Gritou Thagir
querendo ter uma batalha mais digna.
–Calado! –
Respondeu Rigaht. – Não temos medo de lutar por nossa sobrevivência, isso ainda
vai demorar a fazer efeito... Enquanto isso, por que não discutem com o meu Cão
do Inferno!
O inverso
de Thagir finalmente havia usado a jóia de um dos seus braceletes, invocando
uma grande fera, parecida com Mandíbula, o canino gigante, porém negra, fétida,
de olhos vermelhos fumegantes com feridas por todo o corpo que rosnava
raivosamente. O pistoleiro se lembrou que não conseguia converter maru orgânica
para colocar na jóia de Landrakar e que ela era muito visada por pistoleiros
por ser muito útil na hora de carregar objetos inorgânicos, a habilidade
incomum de converter aquele tipo de maru era muito interessante:
–É assim
que você usa a jóia de Landrakar? – Perguntou Thagir.
–As jóias
de Rakardnal são muito raras... Seu poder de guardar seres vivos é muito útil
quando se quer acabar com alguém sem deixar rastros, é por isso que tenho todas
as cinco! – Seu tom era de gozação, pois sabia que o Senhor de Castelo tinha
grande estima por dividir o poder das poucas jóias com o irmão, uma vez que só
haviam mais três; pois Thagir destruíra a que era sua voluntariamente e só
restaram a que está com ele, que era de seu pai e que fora roubada e
reencontrada por ele, e outras duas de paradeiro ainda desconhecido.
–Miserável!
O que você quer dizer com isso?! – Thagir não queria acreditar na possibilidade
que lhe passava pela cabeça.
–Thagir,
acalme-se, ele está tentando te desconcentrar...
–Hahaha...
– O inverso gargalhou profundamente. – Ataque Cão do Inferno!!!
A fera foi
para cima dos castelares e Thagir, para se defender, sacou novamente seu rifle
e deu um tiro certeiro na cabeça da fera que voou para trás, caindo de costas.
Ele estava apreensivo, sabia que aquele monstro não seria fácil de derrotar. E
foi o que aconteceu: os mesmos vermes antes vistos em Rigaht brotavam do
interior do animal convulsivamente, restaurando sua forma original. Rapidamente
ele se pós de pé e foi com lentidão se aproximando novamente dos Senhores de
Castelo, se dividindo em dois!
Kullat
temia que aquilo acontecesse, a fera diante dele era muito parecida com o
guardião que encontrara na caverna dentro da montanha de Yaa, a mãe de todas as
fadas, no planeta natal de Laryssa. Suas faixas se inflamaram em chamas brancas
e pôs a suas mãos no chão que começou a se incendiar. As feras perceberam e
pulavam de um lado ao outro a caminho dos alvos evitando serem atingidas. A que
foi atacar Kullat, recebeu uma grande quantidade de maru de um golpe no dorso,
ela caiu e o cavaleiro fincou-lhe a espada nas costelas prendendo-a ao chão,
terminando de ser queimada. Thagir também deu um jeito de se livrar da fera que
estava em seu encalço, usando uma nova munição da jóia de Landrakar no rifle
que ardeu em chamas a fera com um único tiro. Apesar do impacto que as
ofensivas tiveram, elas continuaram rosnando no meio de suas fogueiras:
–Agora quem
se irritou fui eu! – Kullat estava emanando maru descontroladamente e invocou o
novo cajado de Jord, postando-se para o combate.
Thagir
confiou no amigo e tirou da jóia de Landrakar uma pistola incomum de cano largo,
que misturava a carga de uma jóia de maru no tambor com a emissão de ondas
continuas de uma arma binaliana:
–Pelo
jeito, você também se divertiu com as novas invenções do laboratório da
Academia? – Thagir apenas sorriu em resposta ao amigo, enquanto mirava com
atenção; o tiro tinha que ser preciso, pois aquela era apenas uma arma
experimental.
–Zev ahnim!
– Talluk ficou a frente e seu peito mecânico se abriu, liberando uma esfera
negra, divida pelo meio por uma faixa que brilhava em diversas cores. –
Conheçam o centro gravitacional de Droj!
–Isso está
ficando cada vez melhor! – Rigaht estava ensandecido com tanta determinação. –
Também quero que conheçam o meu melhor monstro!
O inverso
juntou as duas jóias dos braceletes nos pulsos, que deveriam ser iguais, e uma
força sombria começou a dominar o local, um campo de força de maru vermelha e
violeta se formava com grande intensidade à frente dele. Aquilo pulsava, se
debatia, esperneava... Queria sair a qualquer custo! Os Senhores de Castelo
estavam apreensivos, o que poderia ser aquilo? E então surgiu um ser enorme de
pele tão branca que as veias azuis transpareciam vivamente o sangue que era
bombeado, tinha olhos por todo o corpo, com dois pares de apêndices nas costas
que lembravam asas ao se dobrarem para trás. Toda a árvore de aço estava
tremendo ao sentir o imenso poder daquele criatura de feições infantis e
terríveis! Aquilo era definitivamente intenso e poderoso:
–Vejam o
meu Nogaiag!!! Hahaha...
...
Transmissão continua...
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