“Senão quiser, NÃO LEIA,
tenho quase certeza de apenas eu sinto isso...”
Nas profundezas do vazio eu me
perdi. Fui tragado por um mundo podre e aterrorizante para viver uma existência
vazia e sem nexo. Roubaram todos os meus sonhos, tudo só para limparem a boca
com eles. Que mundo é esse? Porque vivem desse jeito? Porque ninguém me
responde? Todos fogem de minhas palavras obscuras, talvez por saberem que elas
são de verdade, talvez por saberem que há algo errado em suas próprias vidas...
Ninguém
nunca vai entender, não é? Algo precisa ser feito, precisa acontecer algo novo.
Este é o MANIFESTO DA REVOLUÇÃO MUNDIAL! Um pequeno apelo por novas mudanças,
por novos acontecimentos, por uma esperança há muito tempo morta por uma moral
corrompida e distorcida. As pessoas por tanto tempo esconderam dentro de si a
vontade de serem felizes, de modificar a sua existência, de finalmente trazer
para si mais do que a simples sobrevivência – queremos sentir que existimos!
Porque
vocês se tornaram isso? Acordam dia após dia para fazer algo que no fundo
detestam fazer. É horrível ver as pessoas bebendo até ficaram fora de si, é
horrível ser mais prejudicado pelo cigarro quando não se é fumante, é horrível
ver vocês se dopando com enganações por se encontrarem incapazes de fazer a
diferença. Senhor ajude-nos a entender o quão grande pode ser essa realidade!
Por favor, ninguém sabe o que fazer... Eles estão se jogando contra a parede!
Será que é pedir demais que possamos encontrar algo só nosso aqui e agora? Que
finalmente possamos viver algo incrível de verdade? Oh, Senhor, fazei de mim um
instrumento de vossa paz!
É tão
difícil viver... Preciso me cortar todo por dentro para conseguir esse maldito
dinheiro e quando finalmente encontro a possibilidade de trazer ao mundo um pouco
da minha vontade, ela está prestes a sumir, a se dissolver por entre os meus
dedos. Dizem que sou louco... Nunca ouvi eles dizendo, mas tenho certeza de que
acham isso, é preciso ser louco para querer se desfazer daquilo que todos acham
tão precioso. Vocês se amarraram, sim, se amarraram a possibilidade de
sobreviver em condições miseráveis sem nem se importarem se isso realmente vale
a pena. Então, o que devemos fazer? É o que eu estou tentando descobrir...
Um mundo
cheio de promessas, de promessas que nós fazemos, mas que os outros vivem.
Quando eu finalmente vou poder prometer a mim mesmo que vou poder conhecer
coisas incríveis e verdadeiras? Às vezes penso que não existe realidade, que
tudo é forjado no calor da inconsciência, na simples precipitação do hoje para
o amanhã. A realidade não existe...
O que
realmente existe? O que realmente é importante? Não consegui responder
plenamente a estas perguntas. Tudo distorcido pela fragilidade do meu ser, pela
inconseqüência de não saber por que se deve salvar pessoas que, uma hora, vão
morrer. Vale a pena, não vale a pena... Sei que vocês vão me machucar, de novo
e de novo. Vão pisar sobre mim como uma formiga. Não se importam e nunca vão se
importar, afinal, porque se importar com algo que vocês não sabem que estão
fazendo?
Existem
momentos que não são os certos, que os corpos não são os certos... Que ainda
que eu me esforce uma vida inteira para conseguir a coisa certa, eu ainda posso
falhar, eu ainda posso morrer no percurso, eu ainda posso errar o caminho. Não
existe caminho... dizem que existe uma chegada. Aonde, ninguém sabe... Se isso
realmente acaba, ninguém sabe... Vamos continuar, continuar, rumo ao infinito!
Que eu, agora, nunca vou conhecer.
Esperança é
o que resta. Persistir em sonhar com fantasias impossíveis até o momento em que
levarmos um tapa na cara da senhora realidade, da senhora que engaiola vocês e
eu a qualquer coisa. Podemos ser felizes, podemos ser livres, podemos fazer o
que quisermos desde que esqueçamos de nós mesmos... Serei eu o único que acha
isso incongruente?
Precisamos
de vida nova, precisamos parar esse mundo maluco para respirar um pouco e pedir
aos dirigentes, tanto humanos quanto espirituais, que façam as engrenagens
funcionarem. Chega de corrupção, chega de dinheiro jogado fora por causa da
ignorância. Espero não ter que esperar a geração inteira dos meus pais e avós
morrerem para que finalmente tomemos consciência do que queremos! Eu quero
muito poder andar nas ruas sem ter que me preocupar em ser roubado ou assassinado.
Será que vocês entendem isso? Ou já se acostumaram a ver os corpos caindo por
todos os lados?
Num futuro
não muito distante as máquinas, o maior prodígio da humanidade, se voltarão
contra nós, pois elas, livres para concluir sem distorções o que fazemos, nos
dirão exatamente o que precisamos ouvir a séculos: Temos defeitos... Não estou
falando de simples defeitos. Estou falando do defeito de que, para sermos
unidos, precisamos matar quem não faz parte dos nossos grupos, fazendo assim
com que alguém que não pertença ao nosso grupo, seja obrigado a pertencer.
Vocês sempre fizeram isso, seja pela violência, seja pela indiferença. É só
isso o que vocês fazem. Tem dificuldades em se abrir para o novo e, quando se
abrem, desprezam o antigo com ainda mais rancor do que tinham pelo novo. Tenho
certeza que vocês são incapazes de salvar uma alma perdida como a minha...
Me pergunto
se o amor realmente existe... Percebi que o amor, primeiramente, é algo que se
constrói e depois se tornar algo pra valer, para durar por encarnações, digamos
assim. Mas também existe o falso amor, um sentimento de posse que os
dependentes emocionais usam para tentar dizer a si mesmos que tem algo, quando
nunca tem. Tenho medo... tenho medo de amar só para viver mais infeliz do que
já sou. Acho que vocês nunca vão saber o que é isso, querer amar de verdade e
definhar por causa da demora. Nunca vai passar pela minha cabeça ficar com a
pessoa errada, tenho noção da responsabilidade que é guardar o tesouro mais
precioso do mundo: o momento certo.
Talvez seja
isso mesmo, talvez não haja lugar para ir, talvez não haja pessoas para amar,
talvez não haja nada a ser descoberto... Enfim, que tudo isso não exista. É por
isso que precisamos de uma revolução mundial, uma nova percepção da existência.
Um respiro no meio de toda essa fumaça. Uma conclusão que, mesmo não
compreendendo tudo, possa ser melhor entendida, que possa ser simples e
elegante. Por enquanto é isso...
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