terça-feira, 5 de junho de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


Confronto com o Mestre Caçador – 2ª parte
Informe do Multiverso


            Uma caixinha de música tocando, quando sua corda vem ao fim ela é novamente torcida para que tudo recomece. Kullat estava sem saber o que acontecia e esperava que Thagir lhe dissesse ou fizesse algo. Nunca dois companheiros de tantas batalhas estavam tão distantes. Thagir foi até próximo ao ser que se apresentava diante deles e começou:
            –Você é o Mestre Caçador?
            –Ora! Que grosseiro, não queres ouvir a história primeiro?
            –... – Thagir permaneceu calado.
            –Pois bem... Sabe quem eu sou?
            –Sim...
            –Minha história não é essa...
            –...? –Thagir olhava e duvidava do que ouvia.
            –Eu não existo, sou apenas uma mera cópia de um original. Há muito tempo, certo cientista resolveu brincar de genética e manipulação de mais de um tipo de maru para criar a cobaia perfeita, um clone dele mesmo. Ele me usou para todos os tipos de experimentos, chegando a abrir minha cabeça e inserindo eletrodos lá dentro. Na época, eu ainda não tinha aprendido a falar, minha coordenação motora era lenta. Eu estava vivo, ali, sentindo minhas vísceras serem expostas ao bel prazer de um louco que mesmo vendo minhas lágrimas constantes não parava um momento si quer, passando horas a fio, sem dormir, tudo para ter seus malditos resultados. Até que um dia a coisa mudou de rumo...
            –O que aconteceu? – Perguntou Kullat, também interessado.
            –Ele tentou me matar... – Sua cabeça estava baixa e algo parecido com lágrimas ou sangue escorreu pela sua face pingando no chão, sem lhe alterar o sorriso. – No meio de todas as experiências, o que mais constrange um cientista é a falta de resultados. Sem conseguir o que queria, ele resolveu desligar o meu suporte de vida e ficou fora durante um dia inteiro. Foi então que eu ouvi a voz...
            –Que voz? – Perguntou Thagir.
            –A voz do meu senhor a quem dedico todos os meus atos. Ele me ofereceu um contrato e, por mais que eu já me conformasse com a minha desgraça, não quis morrer e, desesperado, aceitei. Quando o cientista retornou no dia seguinte, ficou maravilhado ao me ver em pé fora do suporte. – O mago riu discretamente. – Ele achou que tinha obtido resultados! Bem, não preciso dizer o quanto eu me deliciei quando fiz com ele o que ele fizera comigo. Eu não tinha gritado uma única vez, mas aquele miserável berrava absurdamente. Aquilo só me dava vergonha!
            –Tudo isso... Não passa de vingança? – Inquiriu Thagir.
            –Longe disso! Os planos de meu senhor são maiores que isso...
            –Então, porque estão atacando os Senhores de Castelo? O que eles têm haver com isso? – Quis saber Kullat.
            –Boa pergunta... Realmente, os Senhores de Castelo são uma raça a parte, feitos para superar exércitos estelares inteiros se preciso. O fato é que eles dão ótimas baterias! – O sorriso dele mudara para algo mais sarcástico.
            –Você está usando os Senhores de Castelo como baterias das Estrelas Escuras, não está? – Disse Thagir, friamente.
            –...?! – Kullat se surpreendeu com a pergunta do amigo.
            –E não apenas isso, o controle central utiliza seus corpos e suas mentes como processador. – Nesse momento, o aparato atrás dele, no centro daquele lugar, se iluminou mostrando diversos tubos de sustentação de vida com pessoas dentro, ligadas a vários fios que saiam por todos os lados.
            –Eles estão vivos?! – Thagir demonstrava alguma impaciência.
            –É claro que sim! Como poderia usar as quatro Estrelas Escuras usando cadáveres?! Isso é maru sombria, as estrelas só usam maru natural! – O mago também demonstrava certa impaciência com o Senhor de Castelo.
            –E o que seu mestre quer com essa guerra? – Thagir se acalmou um pouco, se concentrando mais na conversa.
            –Acho que isso é um pouco óbvio...
            –E o que é afinal? – Kullat ainda não sabia do que eles estavam falando.
            –O que meu mestre quer é o centro exato do multiverso. Vocês é que tiveram o azar de estar aqui...
            –...! – Kullat deu um passo para trás.
            –Ora seu... – Thagir não aguentava mais de raiva, já havia aturado tudo aquilo por muito tempo e apontou uma de suas pistolas.
            –Thagir, Thagir... Você me decepciona! – Ele estalou os dedos. – Al, El... Apareçam!
            Duas mulheres, jovens, vestidas com roupas de couro preto que cobriam praticamente todo o corpo, exceto os olhos e os longos cabelos, apareceram ao lado do mago, uma de cada lado. Elas estavam apontando flechas com pontas de cristais de maru vermelha para os Senhores de Castelo:
            –Huhun... Estas são minhas guarda-costas, são arqueiras como Ann, sua mira é extremamente precisa. Conseguem acertar uma pulga a três quilômetros de distância! – Thagir guardou a pistola de volta na jóia, cerrando os punhos, tentando conter-se. – Além disso, meu caro, você vai gostar de saber disso...
            O mago fez alguns movimentos e dois círculos luminosos de maru violeta apareceram entre ele e os castelares. Nos círculos era possível ver multidões de pessoas e até alguns animais vagando perdidos em algum lugar desconhecido. Thagir e Kullat ficaram surpresos ao constatar que algumas daquelas pessoas que estavam ali eram conhecidas:
            –Dânima, Alana, Lara... – Thagir estava atônito com o que via em um dos círculos.
            –Não... É Kylliat e meu mestre Dominus! – Kullat olhava para o outro círculo, tão nervoso quanto seu companheiro. – Aquele outro é...
            –Hahaha... – O mago ria às gargalhadas com a cena que presenciava e de repente ficou sério. – É N’quamor... Praticamente todos os habitantes de Curanaã e Oririn são meus reféns!
            –Quando foi que você sequestrou N’quamor? – Perguntou Kullat apertando os punhos tentando conter a raiva.
            –Não fui eu que o sequestrei... Não foi, Thagir?
            –Mas, como? Ele não poderia?! – Kullat olhava para Thagir que estava um pouco à frente dele.
            –Hahaha... – A gargalhada estava ainda mais alta, tomando os mesmos ares de loucura quando havia pronunciado o ataque aos castelares, sendo finalmente possível ver seus olhos prateados por trás da sombra espectral. – O que você acha que aconteceu com o segundo caçador?
            –Thagir... – Kullat tentava obter alguma resposta. – Por Khrommer! O que você fez?!
            –... – Thagir continuava sem dizer o que acontecera.
            –Huhun... Não pergunte, se ele responder, o feitiço lançado sobre ele o matará...
            –Como isso é possível?!
            –Magia do tempo! – O mago mostrava a palma das mãos. – Inok é um caçador muito hábil, seu relógio é capaz de dilatar o tempo e espaço, fazendo viagens no tempo. O dia de hoje não foi simplesmente preparado em alguns anos. Levamos séculos corrigindo o curso que estava errado.
            –Isso é impossível, vocês é que estão errados em fazer isso!!! – Kullat acabou por gritar.
            –Olha, um discurso sobre certo e errado! Pois fique você sabendo que se nós não estivéssemos fazendo o que era preciso para alinhar o tempo para este dia, nenhum de vocês teria nascido, aliás, todos os Senhores de Castelo também não estariam aqui!
            –Porque tudo isso?!
            –Você verá... – O mago começou a emanar maru violeta de maneira exagerada, preenchendo todo o chão como se fosse névoa, deixando o ambiente frio e gélido.
            Detrás do mago, uma esfera gigante começou a levitar também, erguendo consigo os tubos de alimentação. A coisa abriu seus olhos, diversos olhos, centenas de olhos:
            –Conheça meu bichinho de estimação, o Ilusionista! Um raro tipo de observador encontrado somente em Geonova, um dos planetas secretos do quarto quadrante!
            O ser que pairava no ar ligado aos tubos era poderoso, sua influência era irrestringível e, olhando com mais cuidado, podia se perceber que haviam tubos ligados às costas do mago que estava pronunciando algumas palavras mágicas:
            –Libertação Efêmera! – O mago levantou as mãos para o alto.
            –Pare Mestre Caçador! Não faça isso! – Thagir tentou dissuadir seu inimigo.
            –Cale-se! Eu não sou o Mestre Caçador, sou apenas seu arauto!
            –... – Thagir não queria acreditar, seus poderes paranormais lhe faziam ver a ilha de Ev’ve sendo varrida por uma enchente escura que levou consigo todos que entraram nela...
...

Transmissão continua...

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