quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - O Filho do Fim - Capítulo 08


Nascemos para morrer



            Nina estava apreensiva, esperando que algo acontecesse. O Thagir vermelho não entedia a animação da garota, prédios de várias toneladas estavam em cima do Senhor de Castelo, não tinha como ele sobreviver:
            – Nunca pense isso de um Senhor de Castelo, bobinho! – a menina sorria docemente para o escravo pessoal.
            – Odeio quando você faz isso... – o caçador sombrio desconversava.
            – Ele está vivo, eu sei disso. Vamos lá! Pare de se esconder, não tem como você escapar de nós! – Nina colocou as mãos ao lado da boca para que o som ficasse mais alto.
            – Vejo que vocês não desistem tão fácil... – Dimios apareceu de repente, atrás deles.
            – Miserável, como eu não percebi você aí atrás? – o Thagir vermelho estava revoltado por ter suas habilidades de percepção superadas.
            – Então você está aí! – a menina batia palmas de contentamento. – Meu querido Thagir, use-o.
            – Como quiser... mestra. – o caçador sombrio ficou de frente para Dimios e liberou os poderes do Olho de Rudnaht, forçando o castelar a ver alucinações.
            Dimios resistia como podia e liberou uma onda sônica da Garra de Sartel que derrubou os adversários no chão:
            – Não me subestime! – gritou o castelar, agarrando o Thagir vermelho pelo pescoço depois de um salto com um movimento veloz que o deixou próximo ao inimigo.
            O Thagir vermelho estava preso, sem conseguir respirar. Nina estava atordoada no chão e Dimios continuava com o adversário na mão, apertando forte:
            – Não... Subestime... Você... – o caçador liberou uma espessa fumaça escura depois de se poder ouvir um estalo de ossos se quebrando.
            A fumaça preta tomou o lugar e sujou o capacete de Dimios que já havia soltado o Thagir vermelho. Do meio do breu, duas feras mutantes surgiram em disparada para atacar o castelar. Dimios se esquivou das garras da primeira fera e arranhou a segunda na barriga que caiu em cima da outra. Elas não ficaram paradas muito tempo e partiram para o segundo ataque, desta vez cercaram o Senhor de Castelo ficando uma de cada lado para atacar as duas de uma vez. Dimios ficou parado, observando seus movimentos esperando que elas começassem e quando foram pra cima dele, o castelar se aproveitou do ataque para derrubar as duas novamente. Desta vez as feras deformadas ficaram mais algum tempo imóveis no chão, estáticas, até explodirem seus corpos liberando toxinas extremamente venenosas. Dimios estava bem por usar a suit de sobrevivência que ficara completamente melecada com as tripas dos seres grotescos que havia enfrentado. Procurou pelos inimigos, mas sentia que eles fugiram para algum lugar. Ele tentou entender o que aquela menininha queria com ele, e ainda por cima acompanhada do Thagir vermelho, o inverso do rei e castelar de Newho de Curanaã! Dimios pensou bem e concluiu:
            –Eles já sabem que ele está aqui... Eles queriam informações! – Dimios cerrou os dentes, ficando com uma expressão de extrema raiva. Ele olhou para o monte de destroços que quase lhe caíram na cabeça e mandou um raio de maru destrutiva que levantou a poeira bem alto nos céus. – Desgraçados! Me usaram!
            O Senhor de Castelo virou-se para o outro lado e seguiu sua direção, pensativo: “Se você estivesse aqui...”

...

            Poderiam ter sido alguns segundos para o tempo normal, mas as alucinações de Dimios foram piores do que aparentaram. Em sua mente, lhe vinha os momentos em que seu ex-parceiro castelar estava morrendo. No começo, quando eles eram guerrins, Dimios era diferente, seu sorriso alegrava qualquer pessoa que estivesse com ele. Ele era determinado, extrovertido, batalhador. As lembranças da morte de seus pais que deixaram-no órfão muito cedo, com apenas cinco anos, era algo que ele não aparentava. Mesmo sonhando diversas noites com as pessoas que iriam morrer em alguns dias – seu dom natural –, isso não lhe incomodava, tinha ao seu lado o melhor amigo que alguém poderia ter. Eles cuidavam um do outro, nos piores momentos, nas piores horas. Em batalhas, desvantagens não existiam, cada um sabia bem o que o outro iria fazer sem dizer uma palavra, anulando qualquer adversidade. Eles estavam seguros de suas vidas. Naquela época, Dimios não tinha a Garra de Sartel no lugar do braço esquerdo...
            Dimios continuava caminhando, e a cada passo, sentia sua mente quebrar aos poucos. Queria colocar a mão na cabeça para diminuir a dor, mas o capacete de vidro não deixava, o que o irritava mais ainda. Respirava profundamente, tentando esquecer o sangue que estava escorrendo pelo chão por causa da chuva que fazia naquele dia e toda vez que ele piscava os olhos, as imagens de suas mãos ensanguentadas eram perfeitamente visíveis:
            – Por quê?! Por que você tinha que morrer daquele jeito seu estúpido! Eu não pedi pra você me salvar, droga!!! – ele gritava desesperadamente.
            Uma voz, a mesma voz do seu parceiro, pareceu lhe falar ao ouvido, do mesmo jeito que naquele instante em que ele estava atordoado com a cena que presenciava. A voz lhe dizia:
            – Nós nascemos para morrer...
            A mente de Dimios simplesmente se apagou, com a Garra de Sartel vibrando energeticamente com alto intensidade. Ele veio ao chão, meio desacordado, numa espécie de coma, ele via as coisas se mexerem, mas não conseguia se mexer. Alguém se aproximou e começou a arrastá-lo dali...
...

            Em mais um delírio, Dimios teve um sonho, era o primeiro que tivera em muito tempo. Nele, ele via a foice da morte pender sobre as cabeças dos Senhores de Castelo. Um deles iria morrer...
...

            Desta vez, quem acordou em algum lugar foi Dimios. Estava num ambiente fechado, aparentando alguma organização. Seu coração estava disparado e a suit de sobrevivência havia sido removida. No ar, pairava o cheiro de alguma comida boa sendo preparada, num canto do recinto uma criança de cabelos negros com manchas vermelhas olhava curiosa para ele. Vendo que o homem havia acordado, chamou o irmão:
            – Vaik! Ele acordou! – o menininho saiu correndo.
            O garoto mais velho entrou algum tempo depois trazendo um prato metálico com uma sopa que cheirava muito bem, deixando Dimios constrangido por aquilo fazer a barriga dele roncar. Sem dizer nada, ele tomou o prato a sua frente, segurando-o com um pano trazido por Vaik, que ficou observando ele se satisfazer com a primeira refeição com que Dimios se alimentava em trinta e seis horas desde que caiu da nave estelar. Terminando o prato, entregou-o ao garoto, que disse:
            – Espero que tenha gostado, Dimios...
            – Como sabe quem eu sou?
            – Muitas pessoas neste planeta possuem poderes telepáticos...
            – Mesmo crianças como vocês?
            – Principalmente nós... – Vaik se levantou, e prosseguiu para fora do salão depois de sorrir para o Senhor de Castelo.
...

3 comentários:

  1. A história vai ficando melhor e mais interessante a medida em que as tramas separadas dos castelares vão se estabelecendo ^^

    A sua narrativa lembra muito a das light novels!

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    1. Realmente Joe, na hora de fazer as histórias ou os contos eu tento ser breve e contudente o bastante para que o leitor possa ler e terminar rapidamente, uma vez que a própria internet é rápida, as pessoas sempre querem mais em pouco tempo, enfim, o fortamato light novel vem bem a calhar para um blog iniciante, não acha?
      Agradeço o contentário e, por favor, volte sempre! ^^

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    2. Concordo totalmente, quando se trata de internet o pessoal quer informação rápida.

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