sexta-feira, 28 de junho de 2013

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanfiction - A Guerra Cósmica - Capítulo 03


PRIMEIRA VIAGEM


            Na nave boreal, os cinco Senhores de Castelo e o Caçador Sombrio estavam reunidos, viajando para Teslar:
— Tem certeza que eles são os melhores para nos acompanhar Dant...
            — Elians! — interrompeu Dantir, ríspido.
            — Elians... Certo, vou tentar não esquecer... Tem certeza que eles são os melhores para nos acompanhar? — perguntou Lacroh.
            — Tenho... Mundergrand tem tamanho e força excepcionais... — Dantir apontava para o primeiro na fila.
            — Não era aquele cara com sei lá quantos metros de altura que a Nina derrotou?
            — É ele sim... O tamanho dele é inadequado para o transporte em mares boreais, por isso, com a ajuda do planeta Jigus, foi desenvolvido um aparato de megafísica que encolhe ele nas proporções certas e o mantém assim.
            — Não era melhor uma poção de encolhimento? Era assim que os antigos faziam, não era?
            — Era sim, mas alguns problemas sempre ocorriam com dosagens erradas. Alguns magos experientes encontravam a medida certa para cada giganto, infelizmente, este era um trabalho custoso e a tecnologia de Jigus ajudou muito a poupar todo esse trabalho. Praticidade é tudo!
            — É o mesmo com o pequenino ali? O Sêminus? — o pequeno humanóide virou a cabeça para traz, ouvindo perfeitamente a conversa.
            — O que querem comigo?! — perguntou ele, irritado (ou seria impressão por sua voz ser tão aguda?).
            — Nada, só estamos conversando... — respondeu Lacroh. — E então? — voltando-se novamente para Elians.



            — Afirmativo... Os jigunianos são naturalmente muito inteligentes e adotam a tecnologia como meio de vida. Você viu os fones de ouvido?
            — Vi... — Lacroh se lembrou de ter visto algo parecido com antenas na cabeça do jiguniano.
            — Então, eles captam as ondas sonoras e as adéquam aos seus ouvidos sensíveis. Mesmo que estivéssemos cochichando baixinho ele continuaria ouvindo.
            — Entendi... E o terceiro?
            — Pelo mesmo motivo que chamei os outros dois...
            — Não vai me dizer que...
            — Sim, companheiro, submissão. — Elians sorriu de forma otimista. — Esta é nossa primeira missão e precisamos nos manter unidos e seguir, antes de tudo, o objetivo que nos foi dado.
            — Pobre garoto...
Nas poltronas centrais que separavam Mundergrand e Sêminus de Elians e Lacroh, estavam Nina e o assustado Corinto, metamorfo capaz de alterar a sua estrutura em forma de animal que, com muito custo, tentou superar o seu medo do escuro para se tornar um Senhor de Castelo, como seu pai um dia fora.
            Nina observava o espaço sideral passar pelas janelas da cabine e, entediada, olhou ao redor, encontrando o olhar de Corinto que rapidamente o desviou, tentando disfarçar a apreensão por estar próximo daquela que o jogou na zona das sombras. A Senhora de Castelo ignorou aquela reação e voltou a olhar pela janela.
            — Ni...
A Senhora de Castelo virou-se bruscamente, estava entediada e poderia matar alguém naquele momento.
            — O que é?!
            — ... — Corinto não conseguiu falar. — O que eu faço agora? — disse para si mesmo.
            — Fale de uma vez! Você não é homem?!
            — É que... É que...
            — Fale criatura! — gritou a moça.
            — Pense em algo, pense em algo... Pense em pássaros... O quê? Porque eu pensaria em pássaros? — Nina já estava ficando irritada. — Crack! Droga! Crack!
            Na cabeça de Corinto surgiram algumas penas brancas que enfeitaram seu cabelo loiro. Seus olhos negros ficaram amendoados, crescendo para dentro e deixando de ser visível a parte branca típica dos humanos. As unhas cresceram como garras de águia e por fim a transformação parou no meio, deixando a aparência do jovem castelar muito esquisita. Nina não tinha ouvido falar mais sobre ele desde o incidente e não havia como ela ter conhecimento sobre as habilidades especiais dele:
            — Hahahahahahahah... — gargalhou Nina bem alto.
            — O que foi? — Elians e Lacroh se levantaram de seus lugares.
            — Senhorita Nina! — reclamou Sêminus, desta vez realmente irritado.
            — Hahahah... A culpa não é minha... Hahaha... É esse palhaço que não se controla... Hahaha...
            — Crack! Crack! Socorro... — uma lágrima escorreu pelo canto dos olhos de Corinto que já começava a forma um bico no lugar dos lábios.
            Mundergrand ouviu a algazarra e, ao ver a cara de Corinto, exclamou:
            — Hun... Frango assado...
            — Quê? Crack! — os olhos do giganto estavam famintos e sua boca salivando, isso fez Corinto pular do seu assento e sair correndo para o banheiro na parte de trás da cabine.
            — Gigantos... — disse Sêminus. — Sempre com fome... Ei grandão, você não trazer pílulas pra suprir a sua fome?
            — Eu não trazer Semi... Munder ter comido tudo... Você ter mais? — respondeu ele, meio tímido e com certo sotaque natural dos habitantes de Gigantea quando usam a língua comum.
            — Vocês se conhecem? — perguntou Elians.
            — Munder conhecer bem Semi... Pequenino construir cinto de Munder! — seu rosto demonstrava grande alegria.
            — É a vida de todo jiguniano... Sempre que encontram um giganto, cuidam dele...
Sêminus saiu de seu assento e pulou em cima de uma caixa maior que ele fixara no chão a sua frente. Em cima dela, apertou alguns botões com os pés e um pacote pulou para cima e foi segurado com algum esforço extra por seu diminutos braços. Desceu da caixa, foi andando até Mundergrand e entregou o pacote que parecia mínimo nos grande dedos do giganto.
            — Obrigado pequenino...
            — Sêminus, vem cá, essas são as pílulas que satisfazem um guerreiro por dias? — perguntou Nina, curiosa.
            — São elas sim, senhorita. — a voz aguda doeu nos ouvidos da moça. — Pena elas não serem o suficiente para alimentarem a fome demasiado do nosso amigo. Entrego um... — Mundergrand pegou todas as pílulas e engoliu tudo — ...pacote inteiro por dia, o que deveria durar para um mês. Sempre trago a mais comigo, nunca sobra nada.
            — Pode me dar algumas?
            — Você tem prescrição médica?
            — Não, só quero fazer dieta...
            — Se eu te der as pílula erradas é capaz de...
            — Argh! — fez Nina impaciente. — Me dá logo, meu poderes também consomem muita energia!
            — Então são pílulas de alimentação baseadas em energia... — Sêminus escalou a caixa e no topo apertou com os pés os botões necessários para liberar um novo pacote.
            — Não dar! Nina já ser muito forte! Ela não dever ficar mais forte! — interferiu Mundergrand, temeroso com a moça que lhe tirou a honra de ser um homem de dez metros de altura.
            — Cala a boca! — Mundergrand ficou mudo. — Me dá logo isso aí!
            — Uma por dia deve bastar... — recomendou Sêminus. — Não tente tomar duas se sentir fome.
            — Eu me viro... — Nina olhou para trás. — Lacroh, onde está Elians?
            — Ele foi ver como Corinto estava. Pelo visto ele ainda não superou o medo de você...
            — Que nada... São os hormônios dele que não param. Imagina, com essa idade, passou na academia e continua com medo de mim? Vai ser bom ele aprender com isso... — e retornou a sua posição no assento, deixando-se cair e ser amparada por ele.

...


            Elians abriu a porta do banheiro devagar. Corinto estava sentado na privada:
            — Você está melhor? — perguntou, vendo que ele voltara a sua forma humana.
            — Por que isso sempre acontece comigo? — ele estava ainda meio choroso e triste. — Quando chego perto de uma mulher eu fico desse jeito...
            — Não é por causa da Nina?
            — Também. Ela é tão linda... — com as mãos, o metamorfo fez uma escultura do corpo da moça no ar. — Meu coração bate forte e mistura admiração com medo, tudo de uma vez. Eu fico tonto! — as penas brancas voltaram a aparecer em sua cabeça.
            — Acalme-se... — Elians adotou um tom de voz compreensivo, assumindo a liderança que lhe foi concedida. — É normal que isso aconteça, somos jovens e estamos crescendo. Isso vai passar logo.
            — Mas eu não quero morrer virgem! — suas mãos tremiam e sua respiração estava ofegante. — Eu vi a morte de perto, não quero morrer sem ter tido os prazeres do sexo!
            — É isso então? Tudo isso, por causa disso?
            Corinto olhou para o lado, sentia vergonha de si mesmo. Pensou em Nina, na missão, no seu dever como Senhor de Castelo e desabafou:
            — Não conheci meu pai, nem minha mãe. As únicas coisas que sei sobre meu pai é que ele foi um Senhor de Castelo cientista. Isso é tudo... Eu sei que em uma batalha é importante estar preparado para tudo, até mesmo para a morte e tem tanta coisa que eu quero fazer antes de morrer... Porque tínhamos que estar numa guerra logo agora?! Eu queria começar por missões pequenas, sabe? Ir crescendo aos poucos, ser um Senhor de Castelo regular. Não tenho pressa em ser um grande castelar, ser como meu pai. Eu já recebi a tatuagem fantasma, já posso me dizer que consegui chegar a algum lugar... — Corinto fez uma pequena pausa. — Alguns amigos mais velhos que fiz na academia foram mortos em suas primeiras missões nas linhas de frente...
            Elians pensou bem, se o que Corinto falava acontecesse e ele falhasse em ser um líder, como então ele resgataria o irmão? Ele não pode errar, ele é o único responsável pela escolha e precisava manter todos sãos e salvos até o retorno a ilha de Ev’ve. Ele precisava estar certo do que estava fazendo:
            — Não vai acontecer nada com você, eu prometo... — e pôs a mão no ombro dele.
            Corinto se alegrou, o sorriso cresceu e se levantou gritando, erguendo as mãos para cima:
            — Eu não vou morrer virgem!
            — Err... Corinto? A sua calça...
            — Ahn? — ele olhou-se e se viu com as roupas de baixo. — Aaaah!
            Corinto levantou sua calça, ficando completamente vermelho:
            — Me desculpe eu ia e eu... Pelos deuses, que vergonha!
            — Heheh... — Elians sorriu, sem saber como reagir àquela situação. — Ainda bem que você usa roupa de batalha...
            Na cabine, Nina olhava sobre o assento em direção a porta:
            — O que diabos esse idiotas estão fazendo lá dentro?
            — Nada demais, creio eu... — Lacroh também ouvira o grito de Corinto.
            — Ei, Lacroh?!
            — Sim, Nina.
            — Alguma previsão para nossa missão?
            — Não, nenhuma... — o caçador sorriu.
            “Ele está escondendo alguma coisa”, concluiu Nina, que voltou à posição normal. A porta do banheiro se abriu e Elians e Corinto voltaram aos seus lugares. O metamorfo fitou a moça novamente, sentindo seu coração sair pela boca. Parou de olhar para ela e tentou se concentrar:
            — Nina? — ela olhou para ele. Porém, o sinal do capitão interrompeu a possível conversa. — Ah! — suspirou ele, que experimentava alívio e apreensão combinados.
            O sinal tocou novamente e o pronunciamento começou:
            — Estamos chegando a Teslar. Por favor, coloquem os cintos de segurança, logo passaremos pelas turbulências de reentrada. Câmbio e desligo.
            Pela janela, era possível ver aquele planeta de tons dourados nos pólos e uma faixa oceânica na região do Equador. O ângulo incomum que o eixo desse astro pode chegar é de pouco mais de quarenta e três graus, fazendo com que os hemisférios passem meses mergulhados em noites frias e dias escaldantes continuamente. Somente na região tropical encontra-se o equilíbrio perfeito entre os desertos de areia e gelo que se formam durante os tais períodos de grande inclinação, o que gerou o grande oceano de Teslar. Neste momento, o pólo norte está passando pelo verão, época ideal para ir ao Templo da Pureza, morada do arquétipo, que se encontra no oásis máximo, na área central do continente norte.
            Era a primeira vez que Nina via um planeta surgir gradativamente pela janela e estava deslumbrada:
            — Nina, volte ao seu lugar! — gritou Elians.
            — Ah, já vai! — a moça saiu de cima do metamorfo e foi sentar-se no seu lugar, passando o cinto.
            — Você está bem Corinto? — perguntou Elians, vendo que o jovem castelar estava visivelmente sem ar.
            — Eu vi... Eu... Vi... Eu vi!
            — Idiota! — disse Nina, reparando no que havia feito. — Nunca viu peitos na vida?!
            — Pelo deuses... — sussurrou Elians, abaixando cabeça.
            — Hahaha... — riu Lacroh. — Desse jeito você mata o garoto Nina!
            — Lacroh! — gritou a moça.
            — Peitos podem ser comuns, mas os de lady Nina são perfeitos... — gracejou Corinto, ainda extasiado com o perfume da Senhora de Castelo.
            Nina ficou sem reação, gostou de ouvir o elogio.
            — Obrigada... — ela reparou nas penas que continuavam na cabeça do metamorfo e decidiu retribuir a admiração. — Gostei dessas penas... Elas te fazem parecer diferente dos outros.
            — Sério?! — milhares de pensamentos passaram pela mente de Corinto. — A partir de hoje não tiro mais elas da cabeça!
            Elians, Lacroh e Nina riram, Corinto agora fazia parte do grupo — apesar de parecer mais com um “chaveirinho”.
            E nos assentos da frente:
            — Semi entender? — perguntou Mundergrand baixinho.
            — Não me pergunte grandão... — respondeu o jiguniano.
            — Essa vai ser a melhor missão de todas! — gritou Corinto.
            — ...vai que é doença. — terminou Sêminus.


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