sábado, 8 de dezembro de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - O Filho do Fim - Capítulo 38


O Retorno de Nina

 

            O Senhor de Castelo de Zínio corria pelas ruas da cidade tentando encontrar Ferus. Nerítico, que estava tão cansado quanto os outros, segurou-o para que parasse um momento:
            – Dimios, pare! Não adiante agir assim!
            – ... – sério, ele parou, os dois foram alcançados por Westem e Iksio.
            – O que você tem na cabeça? – disse o bárbaro. – Pra correr assim, sem parar?
            – Meu caro parceiro tem razão, devemos agir com prudência e nos preparar para o pior...
            O portador da Garra de Sartel lançou um olhar de ódio sobre os três, fazendo sua arma soltar fagulhas. Virou-se de costa, contendo-se. Os Senhores de Castelo iam sugerir algo, mas foram interrompidos por uma voz infantil:
            – Senhores de Castelo são todos iguais, tão temperamentais! – a mocinha de cabelos dourados amarrados com fitas vermelhas estava rindo deles.
            – O que você quer? – perguntou Dimios, rispidamente.
            – Matá-los, é claro! – Nina apontou para o céu, lançando a zona das sombras que engoliu a todos em pleno escuro.

            Iksio, pensando rapidamente, escreveu “Iluminar” com a escrita mágica, dando alguma noção de espaço para os castelares. A criança de vestido vermelho foi tomada pela escuridão e de sua sombra ascendia uma criatura sombria com os braços cruzados. Quando ela os abriu, todos os castelares sentiram o pulsar de suas marus vitais sendo arrancadas de seus corpos.
            Nerítico, que estava mais próximo dela naquele nulo espaço, jogou uma granada incendiária, de rótulo Nº3. Aquilo iluminou a zona das sombras, aqueceu um pouco à distância e não surtiu nenhum efeito, só tornava mais claro que a menina era uma sombra e que sua sombra era um monstro real.
            A força do multibiólogo fraquejava, seu poder mágico falhava. Segurou a mão com a outra para continuar iluminando o inimigo. Westem tirou sua corda mágica da cintura e lançou-a sobre a sombra monstro de Nina. Conseguiu segurar e puxou a corda que ia se esticando a cada segundo. Quando o galiano percebeu, estava mais longe do que os outros de sua inimiga. Iksio gritou para que ele parasse ou iria ser ainda mais puxado para a escuridão que os rodeava.
            Os olhos da sombra mudaram de direção, havia algo mais delicioso vindo do ziniano que estava parado, sem fazer nada. Nina o aproximou de si para lhe drenar melhor as energias. Dimios não reagiu.
            – De todos aqui... Você é o que tem a alma mais profunda, a mais marcada... Aquele que tem mais incertezas...
            – ... – o Senhor de Castelo continuava calado. Fechou os olhos e se concentrou.
            – Dimios! – gritaram os castelares.
            – QUIETOS! – gritou o monstro escuro com sua voz retorcida. – Vocês todos não passam de lixos! Quantos vocês deixaram morrer? Quantos ainda vão sacrificar para manter a paz?
            O ziniano abriu os olhos:
            – De onde você vem Nina?
            – Porque acha que eu responderia? Eu vou matá-los e ponto final!
            – Pois eu vou dizer quem você é! Você tem relação direta com os Senhores de Castelo, você os conhece, sabe o que querem e o que farão para agir...
            – Hahahahahaha... – o monstro riu.
            – Como foi que você chegou aqui? Seus poderes foram fortes o suficiente para tirar os Caçadores Sombrios inversos do Labirinto Virtual que guarda a Espada do Infinito, um dos maiores artefatos em poder dos Senhores de Castelo... Porque não sai daqui então? Vá embora, não temos nada haver com o que você quer...
            – Estão enganados! – Dimios cerrou os olhos levemente, Nina havia reagido. – Eu quero o meu Dantir! Ele será meu! Vocês não iram matá-lo!
            – Do que ela está falando Dimios? – perguntou Nerítico.
            – Realmente... Talvez fossemos matá-lo para que seu poder imenso não caísse nas mãos da Irmandade... – os castelares estranharam, não sabiam disso.
            – Vê? Eu vou matá-los! – o monstro de sombras abriu as mãos espalmando-as, revelando duas bocas cheias de dentes.
            Dimios sorriu.
            – Você tem poderes sombrios...
            – ...? – Nina não entendeu para quê ele dissera aquilo.
            Com dois dedos na boca, o ziniano assobiou bem alto. O monstro de sombras encarou aquilo desconfiado e aproximou todos os Senhores de Castelo de suas mãos. Iksio não conseguia segurar mais as mãos próprias e deixou a escrita se desfazer no ar. O escuro tomou conta de tudo novamente. Nerítico, Westem e Iksio fraquejaram sentindo suas últimas forças sendo levadas.
            De repente, uma esfera de luz atingiu a criatura queimando-a gravemente. Ela gritou:
            – Como?! De onde veio isso?!
            – Nada mais justo do que trazer reforços!
            – Ahn? – se perguntaram os castelares.
            – Mostre a eles... – Dimios deu outro assovio, desta vez num tom mais grave.
            Uma criaturinha rubra voo para dentro da zona das sombras carregando uma esfera alaranjada e brilhante que trouxe de volta a visibilidade. Era o diabrete vermelho e ele lançou aquele poder sombrio diretamente sobre Nina em sua forma de sombra. O efeito do ataque lançou sobre Nina um selamento que a fez perder o controle sobre a zona de sombras.
            O Thagir vermelho correu em socorro da menina que não conseguia acreditar que novamente os seus poderes haviam falhado. Dimios estava em pé diante deles:
            – Ele não está conosco... – disse com certo pesar.
            – Afaste-se! – disse o caçador.
            – Não... – a criança arfava. – Repita o que disse!
            – Dantir não está mais conosco...
            – Vocês deixaram os açougueiros o levarem?! – perguntou gritando de raiva.
            – Sim...
            – Desgraçado! Vou te matar agora mesmo! – Nina apontou o pequeno dedo na direção do Senhor de Castelo.
            – Sugiro que se juntem a nós...
            – Porque eu o faria? – ela reteve o dedo.
            – Você não consegue sair daqui e nós também não... Além disso, precisamos resgatar alguns amigos além do Filho do Fim...
            Os Senhores de Castelo finalmente perceberam o que realmente estavam fazendo naquela planeta. Reza a lenda que uma criança nasceria do fim do multiverso, depois de todas as existências serem destruídas o novo ser nasceria e retornaria no tempo para evitar o próprio nascimento, encarnando em um corpo nascido de maru pura combinada com maru sombria dos tempos anteriores ao fluxo maru. O paradoxo temporal por si só já era o suficiente para gerar buracos de quebra dimensional que poderiam levar ao fim do multiverso uma vez que os fluxos de tempo e espaço se juntassem as distorções espaciais dos mares boreais.  Se os poderes despertos do Filho do Fim encontrassem os mares boreais, as consequências poderiam ser terríveis. Todo castelar conhecia essa lenda.
            – Dimios, é verdade? O que está escrito no Templo do Fim dentro do Naveeh, o plano dos mortos, é tudo verdade? – perguntou Nerítico, se aproximando junto com os outros.
            – Sim... E todos nos estamos relacionados a ele. Ou salvamos Dantir, ou o multiverso pode acabar... Estão de acordo?
            – Irei matá-los assim que estiver com meu amado... – respondeu a garota mimada.
            – Não faz mal, precisarei de toda a ajuda que puder encontrar para enfrentar os altarianos da Irmandade Cósmica que estiverem lá em cima...
            – Mas, mestra... – Rigaht tentou falar com a criança.
            – Não se meta Thagir vermelho... Está certo entre nós... Vocês me dão o meu Dantir e eu lhes ajudarei com os altarianos.
            – Ótimo... Temos de ir para aquela plataforma... – Dimios apontou para as luzes que despontavam no horizonte. – Vamos para a Cidade Alta...
            Rigaht colocou Nina nas costas e todos prosseguiram rumo à plataforma acima dos prédios.

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