Epílogo
Alguns anos após a batalha contra os Caçadores Sombrios,
esta transmissão pirata foi detectada pelos sensores do Informe do
Multiverso...
...
Em algum
lugar do multiverso, num planeta do quarto quadrante, rico em magia e
tecnologia bélicas, e que não pode ser pisado pelos Senhores de Castelo; uma
menininha em um balanço canta alegremente em meio a diversos destroços de uma
antiga usina de energia:
–Um, dois, três...
Vou matar todos vocês... Quatro, cinco, seis... Vão ser todos de uma vez... Sete,
oito, nove... Até que tudo se renove...
–Mestra
Nina... – Um homem alto, forte e vestido de preto interrompe a pequena criança
de vestido vermelho e fita no cabelo.
–Meu
querido Kullat negro, novidades? – A mocinha sorria para ele sem se importar
com a interrupção.
–O filho do
fim já está em nosso planeta...
–E onde ele
está? Quero brincar com ele! – Seu sorriso era meigo e terno.
–... – O
serviçal ficou preocupado com sua reação.
–Houve
algum problema, meu docinho? – Os suplicantes lindos olhos azuis grandes e
delicados expressavam alguma piedade incomum.
–A nave que
o estava trazendo foi abatida pelos rebeldes do povo e foi consumida numa
grande explosão. Não houve sobreviventes...
–Seu
bobo... – A menina sorria ao levantar os ombros próximo ao pescoço. – Ele é
imortal! Provavelmente foi ele mesmo que explodiu a nave... Algum sinal do
intrometido?
–Não, minha
mestra, nenhum...
–Pode ir.
Não lhe farei nenhum mal dessa vez... – E ela voltou a se balançar alegremente.
– Um, dois, três... Vou matar todos vocês... Quatro, cinco, seis... Vão ser
todos de uma vez... Sete, oito, nove... Até que tudo se renove...
O chamado
Kullat negro saiu do lugar, meio apreensivo e foi falar com seu amigo, o Thagir
vermelho:
–Cara, essa
foi por pouco... – Ele ofegava e seu coração batia forte.
–A menina
monstro te poupou legal dessa vez... Um passo em falso e ela te destroçava!
–Não me
fale nisso... Já basta termos escapado daquele seu bichinho maldito graças a
ela, essa... Essa mutante!
–Hahaha...
– O Thagir vermelho tinha um sorriso de malicia estalando no canto da boca. –
Temos outros negócios para tratar... Esse filho do fim é o mesmo das grandes
profecias, quem o controlar pode ter galáxias inteiras ou universos inteiros ao
seu comando! O poder dessa garotinha não é nada comparado ao dele.
–Você, seu
idiota, sempre com grandes pretensões e quem acaba se ferrando é a gente! Quer
saber, é cada um por si!
–Como
queira... Eu consigo o que eu quero de qualquer jeito! – Sua voz não
demonstrava nenhum sentimento com a partida do companheiro.
O Kullat
negro começou a andar e saiu da velha construção, o outro se sentou na frente
de um computador que estava ligado ali e começou a digitar diversos conteúdos
na tela. Seus olhos estavam vidrados na tela e, de repente, sorriu:
–Achei!
...
Mudança de imagem, aqui começa outra transmissão...
...
Eram duas
crianças que vestiam suits de sobrevivência, aparentavam ter uns dez e cinco
anos respectivamente, elas estavam caminhando por uma zona de reciclagem que se
estendia até o horizonte. Em alguns lugares, grandes máquinas derretiam pedaços
de metal junto com o que tivessem coletado, deixando cair o amontoado de
ferro-velho em grandes caldeiras, liberando muita fumaça que poluía o céu. O
mais velho dos meninos tinha cabelos vermelhos, olhos azuis e pele clara,
demonstrava estar determinado a encontrar um abrigo. O menor tinha cabelos
negros e mais curtos com alguns manchas alaranjadas, tinha pele pálida e seus
olhos eram meio acinzentados e languidos, demonstrando estar seriamente doente.
Ele estava cansado e com fome, já tinham andado muito:
–Maninho, vamos
parar, eu tô cansado...
–Mas já?!
Ainda falta muito. – A barriga do irmão menor roncou por causa da fome. –
Nossa! Tem um tigre por aqui? Toma, é a minha última barra de comida... Vem,
sobe nas minhas costas, eu te carrego.
O garotinho
sorria para o irmão tentando animá-lo para continuar, o menor coçou os olhos
com o verso de uma das mãos e com a outra pegou a comida que havia pedido,
depois subiu nas costas do irmão e os dois continuaram a andar no meio do lixo.
Mais a frente, eles viram algumas crianças brincando no meio de um monte de
entulho. O mais velho bateu a perna em um engradado e reparou no símbolo que
ele apresentava:
–Lixo... Hospitalar...
Cuidado... – Ele voltou-se novamente paras as crianças e percebeu que elas
haviam encontrado um cilindro com a qual brincavam.
Uma das
crianças, a que segurava o tubo, não queria dividir ele com as outras.
Vasculhando-o, encontrou uma maneira de abri-lo e correu para um lugar para
ficar com tudo que tinha dentro. O que saiu do cilindro era um pó verde e
brilhante, o que deixava a criança extremamente alegre por brincar com algo tão
diferente. As outras crianças correram para junto da outra fazendo o garoto
mais velho ficar preocupado:
–Corram!!!
Corram por suas vidas!!! Isso é lixo radioativo!!!
–Aaaaaaaaaah!
– Era tarde demais, não havia como salvá-las, aquilo estava impregnado em suas
peles e queimava muito, derretendo seus corpos.
–Maninho?
–Droga! –
Ele saiu correndo na direção oposta. – Coloque seu capacete irmãozinho, este
lugar é muito perigoso.
Duas jóias,
uma em cada roupa, brilharam num tom amarelo e dois capacetes surgiram em suas
cabeças.
...
Mudança de imagem...
...
A cena que
aparecia era de um lugar grande e escurecido, haviam diversas pessoas
carregando incensórios dourados, trajando armaduras prateadas cobertas por
túnicas violetas e púrpuras. Alguém, numa parte mais alta, estava sentado num
trono, carregava uma coroa de neon verde-azulado e tinha uma espada
desembainhada longa e serrilhada na frente do corpo com as duas mãos sobre
elas. Sua pele tinha um tom dourado e sua armadura e túnica acompanhavam a tez
cintilante. Os olhos lembravam os humanos, sendo que estes eram invertidos, o
fundo dos olhos eram negros e a íris era branca. Logo ele fez seu
pronunciamento:
–Irmãos da
Luz Cósmica, é chegado o dia da grande profecia! O filho do fim deve ser
exterminado e somente assim teremos paz no multiverso! Não podemos deixar os
Senhores de Castelo sobrepujarem a nossa luz, ela brilhará milhares de vezes
mais que aquela organizaçãozinha barata! A Irmandade Cósmica iluminará todo o
multiverso!
–A grande
verdade pertence ao Grande Irmão Estelar! – Disseram todos, desembainhando cada
um suas espadas e erguendo-as para o alto.
...
A sorte
estava lançada, o que poderia ser feito ou que aconteceria, somente o futuro
poderia mostrar...
...
Fim de transmissão...